ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 29-3-2006.
Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de dois
mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Todeschini, Claudio
Sebenelo, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen
Pinheiro, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Maria Celeste, Mario
Fraga, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Professor Garcia e Raul Carrion. Constatada
a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha,
Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Angelica Konzen, Carlos Comassetto, João
Antonio Dib, José Ismael Heinen, Margarete Moraes, Maristela Meneghetti,
Maurício Dziedricki, Mauro Pinheiro, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Sebastião
Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador
Adeli Sell, os Pedidos de Informação nos 081, 082 e 083/06
(Processos nos 1568, 1569 e 1570/06, respectivamente) e o Projeto de
Lei do Legislativo nº 043/06 (Processo nº 1031/06); pelo Vereador Aldacir
Oliboni, os Pedidos de Providência nos 338, 398, 399 e 400/06
(Processos nos 1196, 1299, 1300 e 1301/06, respectivamente) e a
Indicação nº 005/06 (Processo nº 1189/06); pelo Vereador João Carlos Nedel, os
Pedidos de Providência nos 573, 574 e 575/06 (Processos nos
1646, 1647 e 1648/06, respectivamente); pelo Vereador José Ismael Heinen, o
Pedido de Providência nº 503/06 (Processo nº 1530/06); pela Vereadora Maria Celeste,
o Pedido de Providência nº 537/06 (Processo nº 1574/06); pelo Vereador Professor
Garcia, a Indicação nº 007/06 (Processo nº 1492/06); pelo Vereador Raul Carrion,
os Pedidos de Informação nos 085 e 086/06 (Processos nos
1603 e 1605/06, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos
212, 213, 214 e 215/06, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Ainda,
nos termos do artigo 13 da Resolução nº 1.319/96, foi apregoado o Requerimento
nº 052/06 (Processo nº 1508/06), de autoria dos Vereadores Sofia Cavedon,
Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Manuela d’Ávila, Maria
Celeste, Maristela Maffei, Mauro Pinheiro e Raul Carrion, que requer
instauração de processo disciplinar contra o Vereador Luiz Braz. Na ocasião, em
face da inexistência de quórum deliberativo, deixaram de ser votadas as Atas da
Oitava e Nona Sessões Ordinárias. Em continuidade, o Senhor Presidente
registrou a presença do Vereador Dagmar Dengo, do Partido Democrático
Trabalhista, e do Senhor Enio Schinato, Diretor-Geral, da Câmara Municipal de
Vacaria – RS. Em prosseguimento, o Senhor Presidente declarou empossada na
vereança a Suplente Angelica Konzen, em substituição, hoje e amanhã, ao
Vereador Bernardino Vendruscolo, em Licença para Tratar de Interesses
Particulares, após a entrega de seu Diploma e Declaração de Bens, bem como a
prestação de compromisso legal e indicação do Nome Parlamentar, informando que
Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Na
oportunidade, foram apregoadas Declarações firmadas pelo Vereador Bernardino
Vendruscolo, Líder da Bancada do PMDB, informando o impedimento dos Suplentes
Jorge Sodré e Ana Maria Comas em assumirem a vereança nos dias de hoje e
amanhã, em substituição ao Vereador Bernardino Vendruscolo. A seguir, nos
termos do § 8º do artigo 12 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a
palavra à Vereadora Angelica Konzen, que agradeceu o apoio da Bancada do PMDB,
recebido por Sua Excelência, afirmando que pautará sua atividade neste Legislativo
pela busca de melhorias no quadro social de Porto Alegre e argumentando que o
número de crianças atendidas em órgãos assistenciais reflete parte dos
problemas da Cidade. Também, mencionou o Projeto de Lei do Legislativo nº
064/06, de sua autoria, que cria o Programa de Recolhimento e Destinação do
Lixo Reciclável no âmbito do Município de Porto Alegre. Após, foi apregoado
Requerimento de autoria do Vereador Professor Garcia, deferido pelo Senhor
Presidente, solicitando autorização para representar externamente este
Legislativo na Assembléia da Associação Brasileira de Academias – ACAD BRASIL
–, a ser realizada amanhã, no Município do Rio de Janeiro – RJ. Também, foi
apregoado Requerimento de autoria da Vereadora Maristela Maffei, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Mauro Pinheiro, informando que Sua Excelência
integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Na oportunidade, foram
apregoadas Declarações firmadas pela Vereadora Sofia Cavedon, Líder da Bancada
do PT, informando o impedimento dos Suplentes Marcelo Danéris, Guilherme
Barbosa e Gerson Almeida em assumirem a vereança no dia de hoje, em
substituição à Vereadora Maristela Maffei. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Ibsen Pinheiro criticou a quebra do sigilo bancário do Senhor Francenildo
Santos Costa, defendendo uma profunda reflexão sobre o envolvimento do Governo
Federal nesse caso. Ainda, repeliu manifestações contrárias à Deputada Federal
Angela Guadagnin por sua comemoração, em Plenário, da absolvição do Deputado Federal
João Magno, alegando que a atitude de Sua Excelência foi somente uma
demonstração de felicidade. O Vereador José Ismael Heinen protestou contra a
quebra do sigilo bancário do Senhor Francenildo Santos Costa, justificando que
essa ação foi tomada em razão de seu depoimento à Comissão Parlamentar de
Inquérito do Congresso Nacional, o qual comprometia o Senhor Antonio Palocci,
ex-Ministro da Fazenda. Nesse sentido, posicionou-se contrariamente à utilização
de recursos públicos por integrantes do Governo Federal para se atingir
objetivos pessoais. Após, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e
das Professoras Luciana Martins e Rosemar Haas, da Escola de Ensino Médio São
Luiz, que comparecem à Câmara Municipal de Porto Alegre para participar do Projeto
de Educação Política, desenvolvido pelo Memorial desta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Elói Guimarães discutiu acontecimentos recentes no cenário
político brasileiro, sustentando que tem ocorrido uma banalização da corrupção
no País e cobrando uma postura mais crítica do Presidente da República nesse
aspecto. Ainda, desaprovou a atitude da Deputada Federal Angela Guadagnin,
quando da absolvição do Deputado Federal João Magno, descartando a idéia de que
a repercussão desse assunto foi causada pela aparência física de Sua
Excelência. A Vereadora Sofia Cavedon comentou a saída do Senhor Antonio
Palocci do Ministério da Fazenda, elogiando a estabilidade e o crescimento
econômicos alcançados durante o tempo em que Sua Senhoria esteve no Governo
Federal. Também, discorreu acerca de problemas de segurança em Porto Alegre,
mencionando notícias de crimes cometidos recentemente. Finalizando, cobrou do
Governo Municipal a melhoria dos serviços de saúde e das condições de trânsito
na Cidade. Em prosseguimento, foi apregoado Requerimento de autoria da
Vereadora Clênia Maranhão, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando
autorização para representar externamente este Legislativo na “I Conferência
Anual del Observatorio de Cooperación Descentralizada Local Unión Europea –
América Latina”, de vinte e oito a trinta de março do corrente, em Montevidéu,
Uruguai. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson analisou o Projeto
de Lei do Legislativo nº 040/06, de sua autoria, que autoriza o Município a
implantar grades de proteção nas bocas-de-lobo da rede pública de esgoto. Em
relação ao assunto, pediu o apoio dos integrantes da Comissão de Constituição e
Justiça para que esse Projeto possa ser votado em Plenário, ressaltando a
importância de discussão dessa iniciativa por todos os Senhores Vereadores. O Vereador
João Antonio Dib comentou a ordem dos trabalhos das Sessões deste Legislativo,
mencionando o artigo 229 do Regimento, referente aos pronunciamentos dos
Vereadores em Comunicação de Líder, e atentando para a importância da discussão
dos Projetos no período de Pauta. Ainda, refutou gestões nas áreas de saúde e
segurança pública realizadas pelo Partido dos Trabalhadores quando à frente dos
Governos Municipal e Federal. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou informações
acerca da ordem dos trabalhos da presente Sessão, tendo se manifestado a
respeito a Vereadora Sofia Cavedon e o Vereador Mario Fraga. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion
repudiou agressões sofridas por dois jovens durante o evento “Baile da Cidade”,
no dia vinte e seis deste mês, no Parque Farroupilha. Também, comentou visita
efetuada por Vereadores deste Legislativo ao Loteamento Morada do Sol; saudou a
reinclusão do nome de Carlos Lamarca na placa de formandos do Colégio Militar
de Porto Alegre; e abordou o movimento grevista empreendido por professores da
rede estadual de ensino. O Vereador Luiz Braz solicitou providências para
esclarecimento das agressões sofridas por jovens em evento ocorrido no Parque
Farroupilha, no dia vinte e seis de março do corrente. Além disso, classificou
como antiética a atitude da Deputada Federal Angela Guadagnin, de comemorar a absolvição
do Deputado Federal João Magno, e analisou posições assumidas pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no referente à exoneração do Senhor Antonio Palocci
do cargo de Ministro da Fazenda. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de
autoria do Vereador Elias Vidal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando
autorização para representar externamente este Legislativo na Semana Nacional de Doação de Sangue, no Espaço Cultural Mário
Covas, em Brasília – DF –, do dia vinte e sete ao dia trinta de março do
corrente. Ainda, o Vereador Carlos Todeschini procedeu à leitura e entrega, ao
Senhor Presidente, de Requerimento de autoria de Sua Excelência e dos
Vereadores Carlos Comassetto, Raul Carrion e Sofia Cavedon, solicitando
informações acerca das empresas e dos agentes contratados pela administração
municipal para prestação de serviços de segurança no evento “Baile da Cidade”,
realizado no dia vinte e seis de março do corrente, no Parque Farroupilha. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Odone aludiu ao XV Congresso Nacional do
PPS, realizado do dia vinte e quatro ao dia vinte e seis deste mês, em Belo
Horizonte – MG –, tendo como tema as eleições presidenciais de outubro do
corrente ano. Nesse sentido, afirmou que o momento político vivenciado pelo
Brasil exige reflexão e busca de propostas de governo que viabilizem o
desenvolvimento do País e uma melhoria real da qualidade de vida da população.
A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em continuidade,
foram votados conjuntamente e aprovados Requerimentos de autoria dos Vereadores
Mario Fraga e João Antonio Dib, solicitando, respectivamente, que os Projetos
de Lei do Executivo nos 011 e 012/06 (Processos nos
1164 e 1165/06), sejam considerados em regime de urgência e submetidos à
reunião conjunta de Comissões Permanentes. Após, foi aprovado Requerimento
verbal de autoria do Vereador Dr. Goulart, solicitando alteração na ordem de
apreciação e votação conjunta de matérias constantes na Ordem do Dia, conforme
definido pelo Colégio de Líderes. A seguir, foram votados conjuntamente e
aprovados os Requerimentos nos 018, 021, 027, 042, 044 e
048/06. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador
Dr. Goulart, solicitando alteração na ordem de apreciação e votação conjunta de
matérias constantes na Ordem do Dia, conforme definido pelo Colégio de Líderes.
Em Discussão Geral e Votação, foram votados conjuntamente e aprovados os
Projetos de Lei do Legislativo nos 169/05, com ressalva das
Emendas a ele apostas, 293/05 e 010/06 e o Projeto de Resolução nº 040/06.
Foram aprovadas as Emendas nos 01 e 02, apostas ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 169/05. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e
oito minutos, constatada a existência de quórum. Em seguida, foi aprovado
Requerimento verbal de autoria do Vereador Dr. Goulart, solicitando alteração
na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, conforme definido
pelo Colégio de Líderes. Na ocasião, foram apregoadas as Emendas nos 01-A e 03, de autoria da Vereadora Sofia Cavedon,
Líder da Bancada do PT, subscritas pelo Vereador Carlos Comassetto, e 02, de
autoria do Vereador Ibsen Pinheiro, Líder da Bancada do PMDB, ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 014/05 (Processo nº 7230/05), e as Emendas de nos
01, de autoria do Vereador Raul Carrion, Líder da Bancada do PCdoB, 02 e 03, de
autoria da Vereadora Sofia Cavedon, Líder da Bancada do PT, subscritas pelo
Vereador Carlos Comassetto, ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
015/05 (Processo nº 7232/05). Ainda, foram apregoados Requerimentos de autoria
do Vereador Raul Carrion, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando votação
em destaque para as Emendas de nos 01, aposta ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 014/05 (Processo nº 7230/05), e 01, 02 e 03,
apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 015/05. Também, foram
aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando dispensa de envio à apreciação
de Comissões Permanentes: de autoria da Vereadora Sofia Cavedon, com referência
às Emendas nos 01-A, 02 e 03, apostas ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05; de autoria do Vereador Raul
Carrion, com referência à Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 014/05 e às Emendas nos 01, 02 e 03, apostas ao Projeto
de Lei Complementar do Executivo nº 015/05. A seguir, o Vereador Raul Carrion
formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a
distribuição, aos Senhores Vereadores, de cópias das Emendas apregoadas,
relativas aos Projetos de Lei Complementar do Executivo nos 014 e 015/05, tendo o Vereador Mario Fraga se
manifestado sobre o assunto. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05, com ressalva das Emendas a
ele apostas, por vinte e oito votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Carlos Comassetto, José Ismael Heinen, Sebastião Melo, Raul Carrion,
João Antonio Dib e Claudio Sebenelo, em votação nominal solicitada pelo
Vereador Carlos Todeschini, tendo votado os Vereadores Aldacir
Oliboni, Angelica Konzen, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio
Sebenelo, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen
Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Márcio Bins
Ely, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mario Fraga, Maristela Meneghetti,
Maurício Dziedricki, Mauro Pinheiro, Mônica Leal, Neuza Canabarro, Paulo Odone,
Professor Garcia, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano.
Na ocasião, o
Senhor Presidente prestou informações acerca da numeração das Emendas nos
01 e 01-A, apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05. Em
prosseguimento, foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 01, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05, por nove votos SIM e
dezesseis votos NÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Raul
Carrion, Sebastião Melo, Margarete Moraes e José Ismael Heinen, em votação
nominal solicitada pelo Vereador João Carlos Nedel, tendo votado Sim os Vereadores
Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, João
Antonio Dib, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Raul Carrion e
Sofia Cavedon e
Não os Vereadores Angelica Konzen, Claudio Sebenelo, Dr.
Goulart, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel,
José Ismael Heinen, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela Meneghetti,
Maurício Dziedricki, Paulo Odone, Professor Garcia, Sebastião Melo e Valdir
Caetano. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Vereadores Iraí de
Lima, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, e Osni Souza, do Partido
Democrático Trabalhista, do Município de Tramandaí – RS –, e da Senhora Adriana
Imparato, Coordenadora do Programa Cidade Amiga da Amazônia, desenvolvido pela
organização “Greenpeace”. Ainda, o Vereador Raul Carrion formulou Requerimento
verbal, solicitando a retirada de termos constantes no pronunciamento do Vereador
Sebastião Melo, durante o encaminhamento à votação da Emenda nº 01, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05, tendo o Vereador Ibsen
Pinheiro se manifestado a respeito do assunto. Após, o Vereador Paulo Odone
manifestou-se acerca da necessidade de que os oradores da tribuna atenham-se ao
assunto em debate durante os encaminhamentos à votação. Também, a Vereadora
Neuza Canabarro prestou esclarecimentos acerca de agressões sofridas pelos
jovens Carlos Eduardo Barcellos Dieguez Filho e Daniel Holmos de Mesquita,
quando participavam do evento “Baile da Cidade”, realizado no Parque Farroupilha
no dia vinte e seis de março do corrente. Em prosseguimento, foi aprovado
Requerimento verbal de autoria do Vereador Professor Garcia, solicitando a
votação conjunta das Emendas nos 01-A, 02 e 03, apostas ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05. Foram votadas conjuntamente
e aprovadas as Emendas nos 01-A, 02 e 03, apostas ao
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 014/05. Em Discussão Geral e Votação,
foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 015/05, com ressalva
das Emendas a ele apostas, após ser discutido pelos Vereadores Raul Carrion,
Sofia Cavedon, Elói Guimarães, Sebastião Melo, José Ismael Heinen, Carlos
Todeschini, Claudio Sebenelo e Carlos Comassetto e encaminhado à votação pelos
Vereadores Raul Carrion, Paulo Odone, Sofia Cavedon, Elói Guimarães e João
Antonio Dib. A seguir, a Vereadora Margarete Moraes, presidindo os trabalhos, informou
que o Vereador Dr. Goulart teve que se ausentar da presente Sessão, para
recepcionar representantes da organização
“Greenpeace”, que se encontram neste Legislativo para reunião sobre o
Programa Cidade Amiga da Amazônia. Também, a Senhora Presidenta registrou as
presenças dos Vereadores Nilvo Antonio Lago e Pio Scapin, do Partido
Progressista, e Euzébio dos Santos, do Partido Democrático Trabalhista, do
Município de Pinhal Grande – RS –; e dos Senhores João Marcelo, representando o
Departamento Municipal de Água e Esgotos, e Nelcir Tessaro, Diretor-Geral do
Departamento Municipal de Habitação. Ainda, por solicitação do Vereador Paulo
Odone, o Senhor Presidente informou que o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 015/05 foi aprovado pela unanimidade dos Vereadores presentes. Foi
votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 015/05, por seis votos SIM e vinte e um votos NÃO,
em votação nominal solicitada pelo Vereador Raul Carrion, tendo votado Sim os
Vereadores Aldacir Oliboni, Margarete Moraes, Maria
Celeste, Mauro Pinheiro, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não os Vereadores Alceu
Brasinha, Angelica Konzen, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Mario Fraga, Maristela
Meneghetti, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor
Garcia e Valdir Caetano. Após, o Vereador Professor Garcia formulou Requerimento verbal,
indeferido pelo Senhor Presidente, solicitando votação conjunta das Emendas nos 02 e 03, apostas ao Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 015/05. Em continuidade, foram votadas destacadamente e aprovadas
as Emendas nos 02 e 03, apostas ao Projeto
de Lei Complementar do Executivo nº 015/05. A seguir, o Vereador Elói Guimarães
registrou que as Emendas nos 02 e 03, apostas ao Projeto
de Lei Complementar do Executivo nº 015/05, foram aprovadas pela unanimidade
dos Vereadores presentes. Na oportunidade, os Vereadores Professor Garcia e
João Antonio Dib manifestaram-se acerca da ordem de apreciação da matéria
constante na Ordem do Dia. Às dezoito horas e vinte e um minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezoito horas e vinte e
três minutos, constatada a existência de quórum. Em prosseguimento, foi
aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador João Antonio Dib,
solicitando alteração na ordem de apreciação e votação conjunta de matérias
constantes na Ordem do Dia. Foram votados conjuntamente e aprovados
Requerimentos de autoria da Vereadora Mônica Leal, solicitando que os Projetos
de Lei do Executivo nos 009 e 010/06 (Processos nos
0962 e 0963/06, respectivamente) sejam considerados em regime de urgência e
submetidos à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Na ocasião, em face de
Questão de Ordem formulada pelo Vereador João Antonio Dib, o Senhor Presidente
prestou informações acerca da aprovação, durante a presente Sessão, dos
Requerimentos de autoria dos Vereadores Mario Fraga e João Antonio Dib, que
solicitavam regime de urgência, respectivamente, para os Projetos de Lei do
Executivo nos 011 e 012/06. Após, o
Vereador Carlos Todeschini manifestou-se, informando que funcionários da Companhia
Carris Porto-Alegrense estão, neste momento, realizando reunião para discutirem
a ocorrência de assaltos a motoristas e cobradores nas imediações desta Câmara
Municipal. Em seguida, o Senhor Presidente apregoou o Ofício nº 149/06, de autoria
do Senhor Beto Moesch, Secretário Municipal do Meio Ambiente, informando que
reassumirá como Vereador deste Legislativo no dia de amanhã. Às dezoito horas e
vinte e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização
de reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezenove horas
e quatorze minutos, constatada a existência de quórum. Após, por solicitação do
Vereador Carlos Todeschini, foi efetuada verificação de quórum, constatando-se
a existência do mesmo. Ainda, o Vereador Cláudio Sebenelo solicitou providências
para que fosse retirado cartaz apresentado por pessoas que assistem à presente
Sessão, considerado ofensivo por Sua Excelência, tendo sido esse cartaz retirado
pelos visitantes. Também, em face de Questão de Ordem formulada pela Vereadora
Sofia Cavedon, o Senhor Presidente prestou informações acerca do prazo regimental
para término da presente Sessão. Em Votação, foi rejeitado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 188/05, por onze votos SIM e dezessete votos NÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Sofia Cavedon, Elói Guimarães, Claudio
Sebenelo, João Antonio Dib, Raul Carrion, Sebastião Melo, Ibsen Pinheiro, Neuza
Canabarro e Paulo Odone, em votação nominal solicitada pelo Vereador Professor
Garcia, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho,
Angelica Konzen, Claudio Sebenelo, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen
Pinheiro, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Paulo Odone, Sebastião Melo e Valdir
Caetano e Não
os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos
Comassetto, Carlos Todeschini, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Márcio Bins
Ely, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Mauro
Pinheiro, Mônica Leal, Neuza Canabarro, Professor Garcia, Raul Carrion e Sofia
Cavedon e tendo
apresentado Declarações de Voto os Vereadores Elói Guimarães e Professor
Garcia. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 188/05, foi
aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, por vinte e três votos
SIM e dois votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Sebastião
Melo, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell,
Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Elói
Guimarães, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Margarete Moraes, Maria Celeste,
Maristela Meneghetti, Mauro Pinheiro, Mônica Leal, Neuza Canabarro, Paulo
Odone, Professor Garcia, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Valdir Caetano e Não a Vereadora Angelica
Konzen e o Vereador Sebastião Melo. Ainda, o Senhor Presidente convidou a todos para a
exposição “Nossas vilas... Nossa gente”, do fotógrafo Alexander Sapiro, no
Salão Adel de Carvalho, neste Legislativo. Também, o Vereador Mario Fraga
manifestou-se acerca da presença dos Senhores Vereadores e das matérias votadas
durante esta Sessão. Às vinte horas e vinte e um minutos, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Dr. Goulart e Haroldo de Souza e pela Vereadora Margarete
Moraes e secretariados pelo Vereador Haroldo de Souza. Do que eu, Haroldo de
Souza, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Srs. Vereadores, registramos a presença entre nós
do Ver. Dagmar Dengo, do PDT, e do Sr. Enio Schinato, Diretor-Geral, ambos da
Câmara Municipal de Vacaria.
Teremos hoje momentos importantes de votação. Não podemos nos esquecer de votar os Requerimentos que estavam sendo votados e que são de grande importância para o Município. Chamo a atenção porque se acordou em não discutir a Pauta para prosseguirmos nessas votações importantes de que a comunidade de nossa Cidade precisa.
Outrossim, vou pedir
o entendimento das Lideranças, porque a Mesa tem que estar atenta para
substituir o Presidente, uma vez que, em horário de Sessão, receberemos o
Sub-Procurador Antônio Carlos Bastos do Ministério Público no gabinete e, logo
a seguir, a Coordenadora do Programa Cidade Amiga da Amazônia, Greenpeace, Adriana Imparato. Então,
ficaremos afastados momentaneamente deste plenário e seremos substituídos
regimentalmente. Teremos, também, a solenidade de entrega da Medalha Lobo
Guará, pelo Batalhão Ambiental, que premia a Câmara através do seu Presidente.
Portanto, teremos muito trabalho no dia de hoje. Pedimos a especial atenção e
paciência dos Parlamentares para evoluirmos dentro da maior ordem possível.
Esta Mesa dará posse, pela primeira
vez, à Suplente Srª Angélica Konzen. A Verª Angélica Konzen assumirá no lugar
do Ver. Bernardino Vendruscolo, em função da impossibilidade de os Suplentes
Ver. Jorge Luiz Sodré e Verª Ana Maria Comas assumirem a Vereança. Solicito à
Verª Angélica Konzen que entregue seu Diploma e a Declaração de Bens a esta
Mesa.
(Procede-se à entrega do Diploma e da Declaração
de Bens.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Solicito que os
presentes, em pé, ouçam o compromisso que a Verª Angélica Konzen prestará a
seguir.
A SRA. ANGÉLICA KONZEN: “Prometo
cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a autonomia
municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me foi
conferido pelo povo.” (Palmas.)
A SRA. ANGÉLICA KONZEN: Saúdo o
Presidente da Mesa, Ver. Dr. Goulart; Ver. Haroldo de Souza e todos os demais
Vereadores que se encontram nesta Casa, bem como a comunidade que aqui se
encontra representada, nossos amigos que aqui estão conquistando um espaço, na
verdade um espaço pelo qual já militamos há nove anos. É feliz quem sabe
agradecer. Neste momento, nós reconhecemos que recebemos de muitas pessoas.
Agradecer este espaço no momento, como Vereadora, está sendo possível pela
iniciativa ímpar do nosso Ver. Bernardino Vendruscolo. Quero agradecer à
Bancada, que dá a esta militância a oportunidade de poder marcar o seu espaço nesta
Cidade.
Não é pela primeira vez que estamos ocupando
este espaço aqui, esta Casa nos conhece, e é nesta Casa que nós exercemos a
nossa militância. Muitos dos Vereadores que se encontram presentes também sabem
reconhecer o quanto esta militância tem a capacidade de articular correntes
ideológicas diferentes, buscamos uma Cidade melhor, uma Porto Alegre mais
digna, uma Porto Alegre mais humana. Conseguimos, no ano de 2001, articular,
entre 33 Vereadores, a assinatura de 32 Vereadores, porque esta militância
representa causas sociais que são fundamentais para a garantia de uma cidade de
Porto Alegre mais viva, mais humana, mais digna.
Faz-se justo também lembrar aqui a importância
do exercício dentro da atividade pública, reconhecendo, cada vez mais, a sensibilidade
de uma sociedade que está cansada, e o ano de 2005 demonstrou o quanto o povo
brasileiro está sendo iludido, o quanto ele está cansado e precisando de
propostas novas. Ao longo dos últimos três anos, verificamos os resultados de
uma sociedade injusta, de uma sociedade que, cada vez mais, está desigual, a
exemplo da experiência da FASE, que tem ali o resultado de uma sociedade
injusta: ali são recolhidos jovens que, na verdade, são frutos de uma sociedade
que não dá espaço, uma sociedade que exclui. Menciono os servidores da FASC que
se fazem presentes aqui, entidade que também trabalha com uma realidade
sensível, uma realidade que demonstra que a sociedade, hoje, precisa de novas
lideranças.
Nossa militância já vem marcando o seu espaço
nesta Cidade há nove anos. Esses nove anos também demarcaram a capacidade de exercer a paciência. Como educadora, reconheço que toda a novidade, que
todo elemento novo leva seu tempo para demarcar, porque a sociedade demonstra,
cada vez mais, que algo novo precisa conhecer. É dessa forma que eu quero
agradecer em nome desta liderança, e queremos colocar todo o apoio e toda a
capacidade, nesses dois dias, à disposição da Cidade.
E já vamos deixar
aqui um Projeto demarcando uma mudança na questão, hoje, dos catadores, dos
recicladores, que é outro problema social. Vamos estar debatendo esse assunto,
já o protocolei agora pela manhã, e defenderemos essa proposta ao longo da
tarde, pois esta militância, cada vez mais, com sua experiência, percebe as
necessidades de essa sociedade ter outro tipo de liderança. É esse espaço que
eu quero ocupar ao longo desses dois dias aqui nesta Casa. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Muito obrigado, Verª Angélica Konzen.
Apregoamos o
Requerimento de autoria do Ver. Professor Garcia, Vice-Líder do PPS, que
solicita autorização para representar esta Casa na Assembléia da Associação
Brasileira de Academias, dia 30 de março de 2006, no Rio de Janeiro, sem ônus
para esta Casa Legislativa.
A Verª Maristela
Maffei solicita Licença para Tratamento de Saúde nesta data, 29 de março de
2006. A Mesa declara empossado o Ver. Mauro Pinheiro, que integrará a Comissão
de Educação, Cultura e Esportes, em função da impossibilidade de os Suplentes,
Ver. Gerson Almeida, Ver. Guilherme Barbosa e Ver. Marcelo Danéris, assumirem a
Vereança.
Nós havíamos acordado
que passaríamos à Pauta e que ela não seria discutida, para que possamos
avançar em assuntos e Requerimentos importantes para a comunidade.
O Ver. Ibsen Pinheiro está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente,
acho adequado, tempestivo fazermos um registro de natureza política sobre o
momento nacional, especialmente depois do vazamento criminoso de informações
sobre a conta bancária de um correntista na Caixa Econômica Federal. Esse ato
transcende do ilícito penal que qualquer pessoa pode cometer sem contaminação
das instituições. Nesse caso não; estamos diante de uma circunstância
gravíssima que chegou ao primeiro escalão do Governo da República, e isso exige
de todos nós uma reflexão maior e mais profunda do que a simples repulsa ao
desvio individual de conduta.
Mas eu também acho justo registrar, Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, que assisti, e todos assistiram,
à manifestação de euforia da Deputada Angela Guadagnin, pelo resultado da
votação de um processo de cassação de um companheiro seu de Partido. Aquilo a
que assisti naquele momento me pareceu um gesto de euforia, uma atitude até
ingênua, sem dúvida desgraciosa, mas não mais do que isso. Aí, no dia seguinte,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, leio que estávamos diante de um escárnio, de
um deboche e até de um ato de violação da ética e do decoro parlamentar.
Ora! Vamos nos manter dentro dos limites razoáveis
na avaliação das pessoas que exercem a vida pública. Se aquele gesto
significasse violação do decoro parlamentar, o que seria a violação do segredo
da votação do Senado na Legislatura anterior? E os violadores estão no
exercício de mandato congressual: um no Senado e outro na Câmara dos Deputados.
Não vi mais do que um gesto de euforia da Deputada Guadagnin. Eu posso
discordar das motivações da Deputada, mas não acho que estávamos diante de
deboche e escárnio. Escutei ontem sua contristada defesa - pareceu-me
amargurada -, dizendo-se talvez atingida pelo fato de sua figura não estar
incluída nos padrões estéticos, e sou levado a concordar com Sua Excelência.
Talvez a falta de graça tenha pesado sobre ela, numa discriminação odiosa que
segue padrões de beleza globais que exigem silhueta adequada para fazer
definições de violação de decoro.
Quero registrar, Sr. Presidente, nos limites estritos
da repercussão nesta própria Casa, a minha solidariedade. Talvez eu seja um
cavalheiro à moda antiga, que não se sinta bem em ver uma senhora sofrer
agressões pela simples circunstância de ser uma senhora, talvez, desgraciosa -
se me permitem o adjetivo, que não tem nenhuma intenção de diminuí-la. Acho que
Sua Excelência foi sem graça, sim, mas isso não autoriza a conclusão exacerbada
de que a sua atitude viola o decoro parlamentar. E me amargura bastante
perceber uma unanimidade nesse tratamento perverso, unanimidade essa
especialmente nos veículos de comunicação.
E vi tantas vezes homens festejarem resultados,
jogando para o ar papel picado, pulando com o punho erguido, e alguns até
gritando sonoros palavrões. Será que aos homens tudo é permitido no festejo dos
seus resultados, e às mulheres se requer o recatado discurso da Mona Lisa? Acho
que esse exagero merece a nossa reflexão para que não embarquemos no
facilitário da condenação de tudo.
Não me custa nada divergir profundamente dos
votos da Deputada Angela Guadagnin e da forma como ela conduz as questões
políticas no Conselho de Ética, mas confundir o seu gesto no Plenário,
manifestando alegria, com violação do decoro parlamentar?! Ora, vamos conservar
o senso da medida das coisas. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Ver.
Ibsen.
O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Sr. Presidente da nossa Câmara, Ver. Dr. Goulart; nobres Vereadoras, nobres
Vereadores, cumprimento de uma maneira carinhosa a Verª Angélica, que hoje
assume a Vereança.
Estamos assistindo, na nossa Pátria, Sr.
Presidente, a cada dia, a cada semana, a fatos e fatos que nos estarrecem,
talvez já não tenhamos mais ânimo, não tenhamos mais entusiasmo para virmos
aqui rebater esses fatos, Sr. Presidente, mas também não podemos nos calar.
Estamos acostumados com notícias de quebra de
sigilos bancários, de dados pessoais e até fiscais usurpados do cidadão comum
para finalidades escusas, realizados pelas chamadas “gangues de pirataria
virtual”. Eles invadem as contas bancárias, clonam cartões, roubando o nosso
direito à privacidade, causando, muitas vezes, mal irreparável. Afinal, são
bandidos que sobrevivem do ilícito, que é inaceitável, mas obedece a lógica
“torta” dos contraventores. Agora, pasmem, senhoras e senhores: o ilícito
tornou-se constitucional! É o próprio Governo que invade a conta bancária do
cidadão comum, divulgando para todo o País seu extrato bancário. Quebrou-se o
sigilo de um inocente, para amedrontá-lo e impedi-lo de continuar acusando a
“viga mestra” de qualquer Governo, que são os Ministros.
Podemos juntar todos os escândalos que nós temos
vivenciado nos últimos dias - “mensalão”, dinheiro na mala, dinheiro na cueca,
caixa-dois e tantos outros -, mas nenhum deles, meus senhores, se compara, sem
dúvida nenhuma, a essa afronta à lei. O sigilo de Francenildo foi quebrado por
um braço do Estado: a Caixa Econômica Federal, que se colocou a serviço dos
interesses de um grupo político. Essa ação nos deixa perplexos e de sobreaviso
perante futuros atos autoritários que ainda podem vir por aí. É um ato sórdido
que nós presenciamos, que envolve autoridades que, no mínimo, deveriam conhecer
os seus deveres cívicos e públicos. É a lei do mau-caratismo, em que o “se dar
bem” é a única meta traçada, pois gente com esse tipo de conduta está pouco se
lixando para o bem comum, não mede os meios para chegar a seus fins. E eram
essas pessoas, essa equipe liderada por Palocci, que dirigiam os rumos da
economia do nosso País, na qual nós ainda acreditávamos.
O que podemos esperar do resto, meus senhores? O
escândalo atual é um emblema da ruína moral do Governo, da ruína moral do
sentimento do povo brasileiro. Todos nós sabemos que o sigilo bancário e fiscal
é um dos pilares das nações, um direito do cidadão. Acontece que o cidadão que
teve o seu sigilo bancário violado era Francenildo: um simples caseiro, um
trabalhador humilde, aliás, com raízes semelhantes às do nosso Presidente da
República, as quais são tão propaladas por ele mesmo. Primeiro, calaram-lhe a
boca, depois escancararam o seu extrato bancário para o Brasil inteiro,
devassando sua vida pessoal e familiar.
E o Ministro Palocci? E o Okamoto, que
se esconde atrás do Supremo Tribunal Federal para não deixar quebrar o seu
sigilo bancário? Para Palocci, tratamento VIP, nenhuma devassa em suas
contas, total credibilidade aos seus depoimentos, sigilo total à sua vida
pessoal e familiar, que, aliás, pelos indícios mostrados, não é tão familiar
assim. Felizmente, “o tiro saiu pela culatra”, e a justiça divina, já que a do
homem parece não existir mais aqui no Brasil, ficou ao lado do mais fraco,
conseguindo derrubar, pelo menos moralmente, o último baluarte dessa vergonhosa
corte. Só nos resta esperar que esse ato, de caráter absolutamente ilícito,
irregular, intolerável, não siga os passos da impunidade que temos acompanhado
em tantos outros fatos escandalosos cometidos e que acabaram em “pizza”, gerando até coreografia no
palco da Câmara.
O povo não agüenta mais tanta mentira, tanto
“lobo em pele de cordeiro”. Não pode ser bom um Governo que gasta a maior parte
de sua energia e tempo negando crimes, driblando suspeitas, utilizando manobras
autoritárias para fazer calar ou mentir o povo humilde, o pensamento humilde do
Brasil. Mas o castelo está ruindo. O império do mal está desmoronando, pois a
verdade sempre estará ao lado da ética, da moral e da justiça. As eleições
estão aí, meus senhores! E o povo, com certeza, será o grande júri deste
Governo. Nem tudo está perdido! Temos que lutar, sem omissão, de peito aberto,
e propormos projetos, propormos atitudes, como a que propôs o Deputado Onyx
Lorenzoni, propondo a criação de um sistema nacional de combate à corrupção.
Vejam os senhores que ironia: nós criarmos um sistema nacional de controle à
corrupção! Mas eu ainda acredito que Deus é brasileiro e que haveremos de
buscar a esperança e a moral do nosso povo. Muito obrigado, Sr. Presidente!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Excelência.
O Memorial desta Casa promove uma atividade
denominada Projeto de Educação Política, e, neste momento, nos visitam, na
Exposição Intendentes e Prefeitos de Porto Alegre, do nosso Memorial, trazidos
pelas Professoras Luciana Martins e Rosemar Haas, os alunos da Escola de Ensino
Médio São Luiz.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, é espantoso
ver-se a República colocada nos termos em que está colocada. O Presidente da
República, S. Exª “o não sabia”... Eu acho que é o que corresponde
cognominá-lo: o Presidente que não sabia. O Ministro, parece, segundo os
jornais, se demitiu. Não foi demitido. Por seu intermédio, por sua orientação,
por sua responsabilidade, manda quebrar o sigilo de um trabalhador - fosse de
quem fosse, não importa -, manda quebrar o sigilo de um caseiro que, em um
determinado dia, confirmando a versão de um motorista, disse que via o Ministro
numa determinada mansão onde se distribuía dinheiro. E decisões judiciais
suspenderam - vejam - o depoimento do caseiro.
Mas o Presidente da República, quando faz a
substituição do seu Ministro... Aliás, é bom que se diga: na minha ótica, o
Ministro vinha cumprindo com muita austeridade uma política que, no plano
econômico, afinal de contas, vem sendo bastante razoável. A Receita
estabelecida pelo Presidente anterior vem sendo cumprida. Isso aí segura a
inflação, coisa que não se pode negar. Mas o Presidente da República, a nosso
juízo, ao invés de, não digo fazer uma crítica ao Ministro... Mas o Ministro
sai debaixo de elogios. Olhem só a gravidade: o Ministro sai recebendo, por
parte do Presidente, todos os elogios, como se estivesse sendo injustiçado!
Então, eu já disse aqui, e vamos reiterar:
banalizou-se a corrupção. No Governo da República, o Governo de S. Exª “o não
sabia” banalizou a corrupção neste País. E, agora, entramos em outro terreno -
gravíssimo -, que é o terreno que utilizaram os regimes nazifascistas. Os
regimes nazifascistas pisoteavam os direitos e garantias individuais, e, nos
direitos e garantias individuais, está exatamente o sigilo bancário.
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quanto
ao requebro da Deputada, acho que a Nação e os meios de comunicação que o
condenam não o fazem pelo folclorismo da Deputada, não, mas pelo conteúdo. O
que levou a Deputada a sambar no plenário? Ora, foi uma grande negociata: “Tu
absolves o meu, que eu absolvo o teu”. Um negócio aos olhares da Nação. É essa
a condenação, não é o folclore da Deputada, mas o que decorre exatamente, é a satisfação
pela decisão do Congresso em não cassar alguém que havia recebido quase
quinhentos mil reais em troca de outro Partido que havia recebido “x” reais.
Então, ali, sim, exatamente ali é que se dá a festa.
Então, a Nação tem que condenar, e os meios de
comunicação têm que condenar. Agora, não venham querer dizer e querer usar que
só saiu nos jornais porque ela é gordinha. Olhem, procurem outra fundamentação.
Procurem outra razão, porque não é isso não. A reação da sociedade, a reação da
mídia se dá porque se festejava o quê? Uma negociata de corrupção, uma
corrupção em cima da corrupção. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Excelência.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, nós, nesta Câmara Municipal, temos
que nos debruçar um pouco mais sobre temas que estão deixando a Cidade em
pânico, e é da nossa alçada tentar encontrar caminhos, tentar encontrar
soluções e cobrar dos órgãos competentes atitudes que resolvam a situação dos
cidadãos de Porto Alegre.
O tema nacional é um tema que nos preocupa, é
verdade, e mesmo um dos mais importantes Ministros do Governo Lula, de uma
política que tem dado tranqüilidade ao País - certamente, da nossa parte e da
parte do Partido dos Trabalhadores, exige-se mais, exigem-se mudanças na área
de política econômica -, um Ministro que mostrou competência, capacidade,
qualidade no gerenciamento de um tema tão frágil, tão perigoso para a Nação
brasileira, mesmo ele foi retirado pelo Presidente Lula. E o foi por atos não
considerados defensáveis, suspeitas que acabam sangrando, acabam
desestabilizando e não permitindo que nós continuemos no caminho certo, qualificado,
no caminho do progresso, da criação de empregos, da proteção social, do
desenvolvimento, da soberania, caminhos em que o Governo Lula colocou o País. A
saída do Palocci significa isto: o Governo Lula seguirá fazendo um bom
trabalho, e tirar-se-á quem for necessário para que isso aconteça.
Mas eu quero, Ver. Ervino,
que vocês respondam pela Segurança na Capital e no Estado. Ontem todos nós
ficamos chocados com a imagem do Fabinho, que foi agredido por ladrões no
Centro da Cidade; o Fabinho, um menino que não faria mal a ninguém, que é
autista, que estava saindo da igreja, foi agredido covardemente, porque nós
temos uma ausência de Segurança Pública na cidade de Porto Alegre.
E nós lemos um depoimento de mães que, durante o
Baile da Cidade, tiveram os seus filhos adolescentes agredidos pela segurança
contratada pela Secretaria Municipal da Juventude. Pela primeira vez, nós
ouvimos falar que o Baile da Cidade, que sempre foi um momento de
congraçamento, de harmonia, mostrando que parques são seguros, sim, quando há política pública de lazer, de cultura, política pública
que envolva os jovens, as famílias, até os parques à noite são seguros...
Pois escutem o que
diz essa mãe que estava no Parque da Redenção, estava no baile com a família
toda e saiu para levar em casa um casal que estava com seu filho de seis anos
dormindo. Ela ligou para saber do filho adolescente, o amigo atendeu o telefone
e, desesperado, disse que o rapaz, o seu filho, tinha sido agredido
covardemente por seguranças. Ela diz (Lê.): “... pegaram um dos jovens por
trás, bateram a cabeça dele contra um poste de ferro, seguindo-se outras
agressões: socos no rosto, no corpo; por seis seguranças, tudo está no laudo,
que prova hematomas no rosto e fratura da sexta costela do lado direito. O outro
jovem, apavorado, ao ver o amigo apanhando de seis homens, tentou impedir e
também foi agredido. Nesse momento, os seguranças foram se afastando, e alguns
fugiram num veículo” - eles identificam aqui - “dirigido por um dos agressores
que atendia pelo nome de Rodrigo, dados esses fornecidos por testemunhas”. E
aí, as mães desses adolescentes, que estavam no Baile da Cidade - jovens que
foram agredidos por seguranças contratados pela Prefeitura e pela Secretaria da
Juventude -, deram parte à Polícia, pedindo socorro.
E eu poderia seguir
falando aqui dos inúmeros casos diurnos. A Verª Manuela já deve ter falado aqui
na tribuna, na segunda-feira; ela teve o seu carro roubado às 9 horas da manhã.
Inúmeras regiões têm feito reuniões de segurança, têm clamado pela presença do
Poder Público, e a gente tem vivido com a ausência de uma política séria,
articulada, de proteção ao cidadão. E nesta Cidade, Ver. Dib, onde um dos
temas, sim, da campanha eleitoral foi Segurança, um tema com o qual se
comprometeu o Governo Municipal - apesar do nosso debate no sentido de que essa
não é uma questão apenas de responsabilidade do Governo Municipal, muito pelo
contrário -, nós temos o aumento da insegurança, uma situação dramática para os
jovens, para as famílias, para todo o cidadão de Porto Alegre e do Estado do
Rio Grande do Sul.
E, se somarmos a isso
o problema sério de Saúde, que é outro tema que era centro da campanha, área em
que nós temos onze postos de Saúde, os PSFs, que estão fechados, seis deles
estão em obras, problemas com os nossos hospitais, problemas com entrega de
medicamentos... E, vejam só, o próprio Governo Municipal diz que o
Governo Estadual não repassa recursos da Saúde a Porto Alegre.
Para finalizar, não sei o que aconteceu com
Porto Alegre neste ano, mas já vinha o ano passado indicando: o trânsito na
Cidade está insuportável! Começa aqui pela frente da Câmara de Vereadores, Sr.
Presidente - encerro -, quero que V. Exª tome providências, como Presidente
desta Casa, porque não há como sair daqui às seis horas da tarde.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): É verdade,
Excelência.
A SRA. SOFIA CAVEDON: E não há uma
inteligência de trânsito que enfrente os problemas, que se tornam cada vez mais
graves. Hoje a Av. Ipiranga estava intransitável; ontem a Av. Osvaldo Aranha
estava intransitável, e nós temos pontos de estrangulamento em toda Cidade, nós
temos uma ausência da ação da EPTC tentando construir alternativas, a Cidade
está insuportável como nunca esteve! A 3ª Perimetral, uma obra fantástica que
resolverá e resolveria o problema do trânsito da Cidade, também está
congestionada.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Para terminar,
Vereadora.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Então, nós
precisamos - encerrando - de uma presença efetiva deste Governo, que está se
omitindo nos principais problemas da cidade de Porto Alegre. E a Cidade está-se
tornando insuportável para se viver, é na Segurança, na Saúde, no trânsito, e
poderia seguir dizendo.
Então, senhores, é bom fazer o debate nacional.
Há, lá, Comissões funcionando, há o Ministério Público e Polícia Federal
funcionando; vamos responder, nós, a Câmara de Vereadores, o que vamos fazer
com a nossa vida, que está, cada vez, com menos qualidade.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Clênia
Maranhão está em representação na I Conferência Anual do Observatório de
Cooperação Descentralizada entre a União Européia e América Latina, na cidade
de Montevidéu, Uruguai, entre 28 e 30 de março.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Meu caro colega
Vereador-Presidente Dr. Goulart, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da
TVCâmara, saúdo a todos. Queria saudar também o nosso estimado Secretário Kevin
Krieger, V. Exª honra muito esta Casa com sua presença, e a Verª Angélica
Konzen, que hoje assume o primeiro dia de mandato nesta Casa, parabenizo V. Exª
pelo seu extraordinário trabalho na Zona Norte, nós tivemos oportunidade de
conviver em muitas reuniões. Seja bem-vinda, Verª Angélica, parabéns por mais
essa conquista.
Eu gostaria - neste momento estou falando em
nome da Liderança do meu Partido - de agradecer ao meu Líder, ao Vice-Líder
Mario Fraga e aos demais membros da Bancada, que me concederam este tempo de
Liderança, pois não é o meu dia hoje, nós temos uma escala. Como estarei
ausente por alguns dias, agradeço à minha Bancada por ter-me dado esta
oportunidade.
Vou falar a respeito de um Projeto de minha
autoria que está em 2ª Sessão de Pauta, amanhã será a 3ª Sessão, mas não
estarei aqui. Peço a especial atenção dos meus queridos colegas Vereadores,
principalmente daqueles que compõem a Comissão de Constituição e Justiça -
extraordinário Presidente Ibsen Pinheiro, Paulo Odone, Almerindo Filho, Carlos
Comassetto, Márcio Bins Ely, Nereu D’Avila e Valdir Caetano. Que não recebam o
meu comentário como uma crítica, e sim no sentido de que V. Exas
avaliem os Projetos conforme as alterações do nosso Regimento.
É sobre um número grande de Projetos, foi o caso
de dois Projetos deste Vereador, que não passam pela Comissão de Constituição e
Justiça. Aconteceu comigo no ano passado, e este ano eu reapresentei o PLL nº
040/06, um Projeto autorizativo que autoriza o Município a colocar grades nas
bocas-de-lobo. A Comissão tem como norma não aprovar os Projetos autorizativos.
Apelo novamente, porque, no ano passado, esse Projeto não passou pela Comissão
de Justiça e neste ano, talvez, não passe também. Então, que os Vereadores
votem para que o Projeto possa ser discutido nesta Casa.
Acho que seis Vereadores não podem truncar o
direito, com todo o respeito, deste Vereador. Que possamos discutir o Projeto
com a totalidade dos Vereadores, pois estamos aqui colaborando com o Executivo,
Ver. Dib. E é um alerta. A imprensa cansa de veicular que os Vereadores estão
aqui só para dar nome a ruas. É um alerta que faço aos Srs. Vereadores. Vamos
discutir com o Plenário, vamos ouvir todos os Vereadores, vamos ouvir a
comunidade. Se não passar pela Comissão de Constituição e Justiça, não tem como
vir a Plenário. Vamos ouvir, vamos discutir. Qual é o dever do Vereador? Qual é
a nossa obrigação? Fomos eleitos para quê? Para auxiliar o Executivo. Se o
Projeto é autorizativo, quem sabe não estejamos abrindo uma porta para que o Executivo
discuta junto com os órgãos competentes, junto com os técnicos se o Projeto é
viável ou não! É isso que nós queremos.
O outro Projeto é a respeito dos nomes nas
contas de água. Eu, quando apresento um Projeto nesta Casa, normalmente ouço
uma parcela da comunidade de Porto Alegre. Trago o Projeto aqui, mas trago a
vontade de uma parcela da comunidade. O meu Projeto, no ano passado, não passou
pela Comissão de Constituição e Justiça, e neste ano o reapresentei. Por favor,
meus queridos colegas Vereadores, competentes Vereadores que compõem a CCJ,
pelo menos quero que esse Projeto venha a Plenário. Vamos ouvir os Vereadores.
Vamos ouvir todos os segmentos. É o momento de ouvirmos a comunidade e até o
órgão público que tem relação com o Projeto, que, no caso, é o DEP. Apresentei
esse Projeto no ano passado, quando o Ferronato era Diretor do DEP, e ele viu
com muito bons olhos o Projeto. Eu acho que tem de ser discutido esse Projeto.
Então, qual é o momento? É o Plenário.
E também, sobre o Projeto dos nomes dos
consumidores nas contas de água, a Corsan não funciona assim? O telefone? A
luz? Por que o DMAE não coloca o nome do consumidor? Por quê? Existem gastos?
Vamos abrir essa discussão. Vamos ouvir os técnicos do DMAE. É o momento. Se o
Projeto não vem para o Plenário, não há como discutir com o DMAE, com os órgãos
competentes e com a comunidade. É isso que eu quero, pessoal! Nós estamos numa
democracia, então vamos trazer o Projeto para Plenário.
Portanto, com todo o respeito, pela segunda vez,
meus queridos colegas, Vereadores da Comissão de Constituição e Justiça,
advogados excelentes, pessoas de grande formação, pessoas de grande
conhecimento, eu peço: por favor, vamos discutir esse Projeto em Plenário! Pois
é uma oportunidade de ouvirmos a comunidade da nossa Cidade. Muito obrigado,
Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado Ver.
Besson.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, este Vereador, às vezes, fica
decepcionado e muito decepcionado com o andamento dos trabalhos nas nossas
Sessões. Eu tenho citado, reiteradas vezes, o art. 229 do Regimento, e a Comissão de Justiça já disse isso. O art. 229 diz que o Vereador
que solicita a Comunicação de Liderança deve submeter o assunto à apreciação do
Presidente. Nunca acontece isso, e eu também não submeti à apreciação do
Presidente agora, porque eu não seria o “Joãozinho do passo certo”.
É incrível que nós
não votemos a Pauta; nós passamos a Pauta como corrida, que é matéria
importante, mas cinco Sessões desta Casa já foram perdidas em função do Projeto
das grades nos bueiros. O meu querido amigo Ervino Besson apresentou um
Projeto, e três Sessões consecutivas foram usadas para autorizar o Prefeito
para algo que ele não necessitava de autorização; os seus técnicos definem
melhor do que qualquer Projeto de Lei. Duas Sessões foram gastas na Casa no ano
de 2003 porque o Prefeito havia vetado o Projeto, e todos os Vereadores falaram
durante dois dias. Eu acho que é muito mais importante discutir a Pauta, para
que os Vereadores tomem conhecimento de alguns dos Projetos que aí estão.
Mas, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu também não posso deixar de dizer que parece que, nesses
dezesseis anos em que a Prefeitura esteve sob o comando do PT, se construiu um
castelo tão frágil, pois ele não resistiu ao primeiro vento, não resistiu a
nada, caiu sozinho... Ora, se tudo funcionava bem nos postos de saúde, não ia
de repente se deteriorar o serviço. Não agüentou um ano! Mas que organização
era essa?
Nós não podemos
esquecer que, a respeito do posto de saúde da Vila Cruzeiro do Sul, houve
muitas reclamações aqui nesta Casa, e outros postos de saúde também receberam
reclamação. Agora, parece que a Administração Fogaça é a responsável por aquilo
que eles não fizeram! Se há postos de saúde sem médico ainda, e deveria haver,
eles devem estar lembrados de que, na hora de sair, tiraram os médicos dos
postos e trouxeram para Pronto Socorro, pela gratificação que receberiam. Então,
é bom ter cuidado com o que falam.
E outra coisa: para falar em Segurança, não pode
começar no Município; a Segurança de um povo não começa no Município, mas na
Polícia Federal, e o Presidente da República tirou recursos da Polícia Federal,
como tirou da Saúde também. E não é este Vereador que está afirmando isso, é o
Senador Paim, é a Senadora Heloísa Helena - eu gosto de ouvir o Senado. Se não
combatermos o crime organizado e o narcotráfico, não podemos pensar na
Segurança do Município, e quem tem que fazer isso é a Polícia Federal. A
Polícia Federal, eu volto a dizer, tem sete mil homens para cuidar de 8,5
milhões de quilômetros quadrados, mais de 1.200 quilômetros quadrados para cada
um, isso se nenhum deles estivesse na área administrativa, no funcionamento da
Polícia Federal. E lá em Brasília há sete mil marinheiros cuidando do quê? Do
mar de lama que está lá no Governo.
Então, quando forem falar em Segurança,
lembrem-se de que o Presidente da República retirou dinheiro da Segurança, não
equipou melhor a Polícia Federal, não aumentou o número de servidores da
Polícia Federal, e combater o crime organizado - e o crime organizado funciona
lá de Brasília aqui para Porto Alegre, para Recife, para qualquer outro lugar,
de São Paulo para o Rio, do Rio para Porto Alegre - só a Polícia Federal pode
fazer. E o narcotráfico nós todos sabemos como é que funciona, não é aquela
pequena criatura que lá na rua vende uma droga, é muito mais longe do que isso.
É necessário, então, que a Polícia Federal seja mobilizada e que a ela seja
disponibilizado material suficiente para combater o crime organizado e o
narcotráfico. Por isso, quando forem fazer críticas ao Município, não se
esqueçam da responsabilidade maior do Presidente da República. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Temos que
entrar em Pauta, e os inscritos - Vereadores João Carlos Nedel, João Antonio
Dib, Professor Garcia, Sofia Cavedon, Elói Guimarães -, pelo acordo que fizeram,
desistem para que entremos na Ordem do Dia.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, nós temos acordo para passar a Pauta, para fazermos as Comissões
Conjuntas, que tratarão do tema nepotismo. Temos acordo para entrarmos na Ordem
do Dia, votarmos os dois Requerimentos de Urgência e, em bloco, aqueles
Requerimentos que estão atrasados e, aí, gostaríamos de entrar nas Comissões
Conjuntas. Ainda estamos negociando dois Projetos da Caixa Federal em relação à
questão da habitação. Estamos tratando de algumas Emendas, talvez venhamos a
modificar esta combinação.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Exatamente como
está nesta Mesa, Excelência.
O SR. MARIO FRAGA: Para deixar bem
claro: então, não ficou acertada, ainda, definitivamente a segunda parte das
votações na Ordem do Dia. Primeiro, nós votaremos dois Requerimentos e duas
homenagens em bloco, depois pediremos ao Presidente mais um tempo.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exmo
Ver. Dr.
Goulart, Presidente da nossa Câmara; demais Vereadores e Vereadoras, em
primeiro lugar, eu queria rapidamente - e a Verª Sofia já fez referência -
reforçar a denúncia, Verª Neuza Canabarro, em relação à questão dos dois jovens
de 16 anos que foram brutalmente agredidos pela segurança contratada pela
Secretaria Municipal da Juventude na madrugada do dia 26, o Carlos Eduardo
Barcellos Dieguez Filho, 16 anos, e o Daniel Holmos de Mesquita, 16 anos. Há o
Boletim de Ocorrência nº 750214 e o Boletim de Atendimento no Hospital Mãe de
Deus. Seis seguranças, Verª Celeste, pegaram esses jovens, bateram a cabeça de
um deles contra um poste de ferro, e até hoje o pedido da família para
identificação da empresa contratada pela Secretaria da Juventude não foi
respondido. Fala-se de uma Empresa T. Santana. Não existe essa empresa, não
informam a Razão Social, nome, endereço, telefone e quem eram os seguranças
naquela noite.
Portanto, nós queremos, aqui desta tribuna, Ver.
Mario Fraga, que, evidentemente, tem uma relação com a Secretaria da Juventude,
que, com a máxima celeridade, seja informado que empresa é essa, quem são os
seguranças que espancaram essas duas crianças na noite do dia 26, no Baile da
Juventude. Estamos encaminhando oficialmente a V. Exª, que é Presidente da
Comissão, Ver. Todeschini, a ocorrência desses fatos, para que sejam chamados
aqui o Governo Municipal, a Secretaria da Juventude, a fim de esclarecerem
esses fatos.
Em segundo lugar, nós queríamos trazer, Ver.
Ervino, Ver. Todeschini, a satisfação de que a nossa ida à Morada do Sol
resultou, lá no Porto Seco, onde aquelas mais de cem famílias foram jogadas,
Verª Neuza, sem água, sem luz, sem esgoto, sem absolutamente nada, em uma ação.
A Comissão esteve lá, oficialmente, no dia do despejo que o DEMHAB fez; nós
protestamos, trouxemos as fotos, e o nosso trabalho foi recompensado. O Governo
Municipal levou um projeto lá, Ver. Nedel, propondo ligação de água e o início
da urbanização. É isso que nós queremos. Assim como nós viemos aqui para
protestar, nós queremos agora registrar que começa a haver um mínimo de atenção
para com essas famílias. Não são bichos, não são animais, não ocuparam uma área
porque desejavam ocupar; é porque não tinham onde morar, Vereadora. É essa a
verdade!
Então, registramos aqui que, pelo menos, há um
anúncio para resolver a questão, Ver. Oliboni, de parte do Governo Municipal,
depois da ida da Comissão lá. Ver. Elói, pedimos que a CUTHAB também procure
acompanhar o caso. Inclusive, no dia do despejo, num domingo, tentamos nos
comunicar com V. Exª, que, infelizmente, não estava em Porto Alegre. Mas está
começando a andar a coisa. Saudamos essa iniciativa.
Eu queria também registrar como algo positivo -
saiu ontem no jornal - que, no Colégio Militar de Porto Alegre, que comemorou
94 anos no dia 22, novamente se colocou o nome de Carlos Lamarca, que lá
estudou e que havia sido riscado da placa dos formandos. Isso ocorreu não no
período da ditadura, foi em 1996, como vindita de um diretor. A história não
pode ser apagada, e felizmente Carlos Lamarca voltou a figurar como um
formando. A história que julgue quem estava certo: se os
militares que rasgaram a Constituição, ou os que se levantaram arrostando todos
os perigos pela democratização. Agora, a história não pode ser apagada, e
saudamos o fato do retorno.
Para finalizar, eu quero dizer que é lamentável o
comportamento, Ver. Todeschini, do Governo Estadual em relação aos professores.
Primeiro, o Governo disse que não negociava até maio - isso que, em quase
quatro anos, só deu 10% para uma inflação de 24% - e depois confessa que só
pode dar aumento até 31 de março. Então, se ele só aceitava negociar depois de
maio, é porque não queria dar aumento! Entenda-se essa gente! E não queria
negociar, agora é só até março, agora já chegam a quase 9%, mostrando que há
recursos para pagar os professores. Pois, se não há recursos, então que não
fechem o posto de fiscalização ali de Guaíba, por onde sai toda a produção para
o Porto de Rio Grande. Estão acobertando a sonegação e depois dizem que não têm
dinheiro para os professores! É isso que quero ver o Líder do PFL explicar -
aliás, o PFL das trampas do placar do Senado -, em vez de vir falar do problema
do Palocci, que venha explicar por que o seu Governo Estadual está abrindo as portas
escancaradas para a sonegação e por que o seu Partido fez a violação do painel
do Senado. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, primeiramente a minha saudação, pois conheci a
Irmã Angélica e digo que, aqui neste plenário, têm de estar exatamente
representantes da sociedade, assim como a senhora sempre o foi na luta que
empreendeu para que aqueles alagamentos do bairro São Geraldo pudessem
realmente ser combatidos, minorados, para que toda aquela população pudesse ter
uma vida melhor. Pessoas como a senhora têm que estar presentes neste Parlamento.
Receba os meus cumprimentos.
Eu não iria falar
sobre esse assunto, mas quero dar uma pincelada sobre ele e falo com os meus
amigos do PDT, meu amigo Ervino Besson, meu amigo Mario Fraga e minha amiga
Professora Neuza Canabarro. Se um membro do Governo está sendo agora acusado de
que na sua Secretaria aconteceu um ato de covardia - vários seguranças
agrediram um jovem aqui desta Cidade -, eu acho que é necessário tomar
providências, as mais urgentes, para que o Secretário possa vir aqui prestar
esclarecimentos, a fim de que esse fato possa ser elucidado. Essa não é uma
questão partidária, ideológica. Essa, na verdade, é uma questão dos princípios
que devem reger a todos nós. Atos de covardia não podem acontecer em nenhuma
Secretaria, em nenhum segmento. Então, eu pediria que os meus amigos do PDT
tomassem providências no sentido de que o Secretário possa dar explicações a
toda esta Casa.
Ver. Ibsen Pinheiro,
ouvi atentamente quando V. Exª fazia aqui a defesa da Deputada Angela
Guadagnin. Mas acho que V. Exª, que é um homem que eu respeito muito, até
porque iniciei os meus trabalhos exatamente observando como trabalhava V. Exª,
só se esqueceu de citar aqui desta tribuna que a Deputada Angela Guadagnin é
participante da Comissão de Ética do Congresso Nacional. Como integrante da
Comissão de Ética, ela não poderia agir da forma como agiu. Se ela fosse uma
Deputada avulsa, se ela não fizesse parte da Comissão de Ética, se ela não
estivesse fazendo o trabalho que faz para a apuração de todas as imoralidades,
irregularidades acontecidas no Congresso Nacional, tudo bem! Agora, ela fazendo
parte da Comissão de Ética do Congresso Nacional e não poderia agir da forma
antiética e deselegante como agiu.
Realmente, quem está
usando argumentos, dizendo que ela está sendo atacada porque é gordinha ou
coisas assim... Isso é ridículo. É claro que não estão atacando a Deputada
Angela Guadagnin porque ela é gordinha; estão atacando a Deputada Angela
Guadagnin porque ela se mostrou extremamente antiética, ela afrontou a moral da
sua própria Comissão, que é a Comissão de Ética do Congresso Nacional.
Eu não poderia deixar
de lembrar uma
frase que ouvi do Presidente Lula da Silva. O Presidente Lula da Silva -
acredito que não faz mais do que uma semana - fez uma afirmação para as
emissoras de rádio e televisão, Ver. João Antonio Dib, de que não adiantaria o
Ministro Palocci pedir demissão, porque ele não aceitaria. O repórter
perguntava insistentemente: “E se o Palocci pedir demissão?” Ele respondia:
“Não, não adianta, eu não vou aceitar!” Ora, tendo passado pouco mais de uma
semana, talvez nem tanto, o Ministro Palocci não agüentou a pressão, e o
Presidente da República apenas se limitou a fazer uma série de elogios ao
ex-Ministro Palocci. Mais uma vez, o Presidente da República, Ver. Professor
Garcia, não honrou a sua palavra, porque ele disse: “Se o Palocci pedir
demissão, não adianta, eu não vou aceitar!” Mas ele, não honrando mais uma vez
a sua palavra - porque ele não sabe muito bem o que fala -, acabou, então, nem
fazendo muito esforço para a saída do Ministro Palocci da Pasta da Fazenda.
Então, realmente, nós estamos mal governados,
realmente o Governo que está aí está mal dirigido, mal-orientado, não sabem
muito bem o que falam, falam uma coisa num dia, no outro dia já é completamente
diferente. Mas o que mais assusta é que todos tiveram coragem para afrontar um
pobre menino que veio lá do Nordeste, da sua pobreza. Esse não teve problema de
ser afrontado, esse não teve problema de ter o seu sigilo bancário quebrado, aí
todos tiveram coragem! O Presidente Lula não teve nenhum problema para mandar
quebrar o sigilo bancário desse rapaz! O Ministro da Fazenda não teve nenhum
problema! Para isso, eles tiveram coragem de sobra! Mas a covardia está
presente, realmente, no restante de suas ações.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Excelência.
Apregôo a representação desta Casa do Ver. Elias
Vidal na Semana Nacional da Doação de Sangue, no Espaço Cultural Mário Covas,
em Brasília, evento que iniciou no dia 27 e vai até 30 de março.
O SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): (Lê.) “Dada a
gravidade dos fatos denunciados por mãe de jovens agredidos no Baile da Cidade
do último sábado, dia 25, e baseado no art. 35 do Regimento Interno,
solicitamos o nome da empresa e dos agentes contratados pela Secretaria
Municipal de Juventude para o serviço de segurança desse dia, conforme
pronunciamentos dos Vereadores Sofia Cavedon e Raul Carrion.”
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Certo,
Excelência, aguardamos a entrega do Requerimento.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Passarei às
suas mãos.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.
O Ver. Paulo Odone está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu sou um daqueles Vereadores que se preocupam muito com que
esta Casa tenha o foco nos assuntos específicos de Porto Alegre, embora ela não
tenha a visão aberta para o universo, porque é uma Casa política, que tenha
esse foco e ouça os outros assuntos. Mas não posso me furtar, no momento, de
visualizar e focar um tema que é do dia-a-dia de todos nós.
O meu Partido, o PPS, efetuou o seu congresso em
Belo Horizonte este fim de semana que passou, e de lá tiramos algumas
conclusões. Temos um belo nome político - coisa que está ficando rara no quadro
nacional - para candidato a Presidente da República, que é o do nosso
Presidente Roberto Freire, e não apresentamos um nome, apresentamos uma
proposta. A visão crítica que o meu Partido só consolidou nesse congresso é a
de que está querendo se jogar o povo brasileiro na triste opção de escolher
entre uma política econômica e social neoliberal do Fernando Henrique, dos oito
anos tucanos, e a política neoliberal de Palocci e companhia, que já passou por
quatro e quer ir a oito anos. Nós achamos que há que se construir uma
alternativa neste País, que nós não temos que estar sujeitos a isso. Eu,
pessoalmente, não gostaria de, em 3 de outubro, ter que chegar na frente de uma
urna e optar entre dois projetos quase idênticos. Discute-se qual o mais
conservador, a ponto de se dizer que o projeto tucano com o Serra seria
perigoso, porque seria um projeto de esquerda, progressista demais, e poderia
dar medo, como alguns diziam que o Lula dava medo, porque iria desestabilizar o
País no concerto das nações no plano econômico, no FMI; o Serra seria muito
avançado. Bom, de confiança do sistema financeiro e até da FIESP, é o outro
candidato, o Alckmin, que é um Lula que agrada também à FIESP.
Então, Presidente, o seu Partido, o PDT, também está
vivendo esse mesmo dilema e também está inconformado, e o PP do Rio Grande do
Sul e de outros Estados, Ver. Dib, também está inconformado com essa coisa de
estar atrelado a essa política econômica que fez com que o nosso País tenha
sido o que menos cresceu nesta América Latina, com exceção do Haiti, para onde
nós mandamos as nossas tropas. E alguns não querem mais que o Brasil se compare
com o mundo, querem que se compare com ele mesmo, que está um pouco melhor que
ao final dos oito anos do Fernando Henrique. Ora, Presidente, elogiamos a
estabilidade da moeda e o fato de que o Brasil liquidou com a inflação, que os
oito anos do FH e os quatro do “Seu” Palocci ajudaram nisso, estamos de
consenso em relação a isso, porque ninguém quer inflação e instabilidade;
agora, que nos conformemos que o País se distancie cada vez mais dos seus
paradigmas, da Índia, da China, dos outros que estão à sua altura, da Rússia, é
outra coisa. O Brasil cresce para baixo, Presidente.
Eu, que não gosto de desviar o foco, quero dizer:
a hora é muito séria. Não é muito para discutir o problema do trânsito de Porto
Alegre, que, aliás, está eliminando algumas incompetências, coisas simples,
como deixar atravessar uma Salgado Filho e outras que virão. A hora é de
reflexão profunda de nós todos, porque eu não vejo ninguém contente nos
Partidos nacionais, na sua facção no Rio Grande do Sul, com o que está
acontecendo lá em cima, em Brasília. Eu não estou nem falando da ética, não
estou falando que precisou um Nildo, um simples caseiro, para destruir a imagem
falsa do homem provecto, correto do Ministro da Fazenda. Chegou ao ponto de o
Presidente de uma Caixa Federal entregar papelzinho para um Ministro, para
mostrar a conta de um caseiro! Presidente, isso é uma capitis diminutio na nossa política. E isso não se pode tapar com a
peneira, isso nós precisamos enfrentar.
E mudou o quê? Não mudou nada! A turma é a
mesma, só está se esgotando: já saiu o Zé Dirceu, saiu o Ministro Palocci, saiu
o homem da Caixa Federal, saiu o Portugal, que estava junto, e, daqui a pouco,
estará o Presidente sozinho. Será que ele tem o direito de saber que nada disso
acontecia? Será que é isso? E será que a alternativa que nós temos é abraçar a
volta dos oito anos de FH? Não. Nós vamos construir, com aqueles homens de bem
que não se conformam com essa prisão em que se algema o País, uma proposta
alternativa. Era o que eu queria dizer, Presidente. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Havendo quórum, passamos à
VOTAÇÃO EM BLOCO
(encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
REQ.
s/n. (Ver. Mario Fraga) – requer Regime
de Urgência para o PLE 011/06 - Processo N. 1164/06, que
autoriza o Poder
Executivo a contratar Operação de Crédito no valor de R$103.085.418,00 com a
Caixa Econômica Federal e dá outras providências. (incluído em 27-03-06)
REQ.
s/n. (Ver. João Antonio Dib) – requer
Regime de Urgência para o PLE 012/06 - Processo N. 1165/06, que
autoriza o Poder
Executivo a contratar Operação de Crédito no valor de R$16.038.900,00 com a
Caixa Estadual S.A. - Agência de Fomento - RS e dá outras providências. (incluído em 27-03-05)
Observação:
- encaminharam
a matéria os Vereadores C.Comassetto e R.Carrion, em 27-03-06.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o bloco contendo o Requerimento
s/nº, de autoria de Ver. Mario Fraga, que requer votação em Regime de Urgência
do PLE nº 011/06 e o Requerimento s/nº, de autoria do Ver. João Antonio Dib,
que requer votação em Regime de Urgência do PLE nº 012/06. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a inversão da ordem dos trabalhos na
Ordem do Dia. Propõe-se, por reunião de Lideranças, a votação em bloco dos
seguintes Requerimentos: 027/06, 044/06, 048/06, 042/06, 021/06 e 018/06.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ.
N. 018/06 – (Proc. N. 0914/06 – Ver. Maurício Dziedricki) –
requer Sessão Solene a ser realizada no dia 21-06-06, destinada a assinalar o
transcurso do 120º aniversário do Colégio Farroupilha. (incluído em 06-03-06)
REQ. N. 021/06 – (Proc. N. 0995/06 –
Ver.ª Sofia Cavedon) – requer Moção
de Apoio à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal e ao Ministério
da Educação, pela aprovação das cotas para alunos oriundos de Escolas Públicas
nas Universidades Federais. (incluído em 06-03-06)
REQ. N. 027/06 – (Proc. N. 1118/06 – Ver.
Márcio Bins Ely) – requer que o Período de Comunicações, no
dia 30 de março de 2006, seja destinado a assinalar o transcurso do 43º
aniversário do Instituto de Desenvolvimento Cultural, do 28º aniversário da
revista Cultura e Fé, e a homenagear a Fundação da Faculdade de Filosofia.
(incluído em 15-03-06)
REQ.
N. 042/06 – (Proc. N. 1282/06 – Ver. Dr. Goulart) – requer
Sessão Solene a ser realizada no dia 04-04-06, às 19 horas, destinada a
assinalar o transcurso do 100º aniversário do Grêmio Náutico União. (incluído
em 23-03-06)
REQ.
N. 044/06 – (Proc. N. 1318/06 – Bancadas do PDT, PFL, PTB, PT, PCdoB, PMDB e
PP) – requerem Moção de Apoio à duplicação do Pólo
Petroquímico do Rio Grande do Sul. (incluído em 22-03-06)
REQ. N. 048/06 – (Proc. N. 1373/06 – Ver. Paulo Odone) – requer que o período de Comunicações, no dia 03 de abril de 2006, seja destinado a assinalar o 70º aniversário da Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio de Janeiro. (incluído em 23-03-06)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o bloco dos seguintes Requerimentos:
027/06, 044/06, 048/06, 042/06, 021/06 e 018/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento que solicita a
inversão da ordem dos trabalhos na Ordem do Dia. Propõe-se a votação dos
seguintes Projetos: PLL nº 010/06, PLL nº 293/05, PR nº 040/06 e PLL nº 169/05
com Emendas nºs 01 e 02. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
N. 0343/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 010/06, de autoria do Ver. Professor Garcia, que
institui, no Município de Porto Alegre, a Feira do Peixe da Restinga, a ser
realizada, anualmente, na Semana Santa, que passará a integrar o Calendário de
Eventos Oficiais de Porto Alegre.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia, por força do
art. 81 da LOM, em 22-03-06.
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
N. 6345/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 293/05, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
declara a cidade de Newark, no Estado de Nova Jérsei (EUA), cidade-irmã de
Porto Alegre.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Ibsen Pinheiro: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto.
Observações:
- incluído na Ordem do Dia, por força do
art. 81 da LOM, em 13-03-06.
(discussão:
todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
N. 0084/06 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 040/06, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o Prêmio
de Educação Thereza Noronha ao Professor Doutor José Eduardo Zdanowicz.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Ibsen Pinheiro: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia, por força do
art. 81 da LOM, em 27-03-06.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
N. 3406/05 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 169/05, de autoria da Ver.ª Manuela d'Ávila, que
inclui a Semana Monteiro Lobato de Literatura Infantil no Calendário de Eventos
Oficiais de Porto Alegre, que será realizada, anualmente, de 15 a 21 de abril. Com
Emendas nos. 01 e 02.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Carlos Todeschini: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e das Emendas nos. 01 e 02;
- da CEFOR. Relator
Ver. Professor Garcia: pela aprovação do Projeto e das Emendas nos. 01 e 02;
- da CECE. Relator
Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto e das Emendas nos. 01 e 02.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia em 01-03-06.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o bloco dos seguintes Projetos: PLL
nº 010/06, PLL nº 293/05, PR nº 040/06 e PLL nº 169/05 com Emendas nºs 01 e 02.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h45min.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart - 15h48min): Estão
reabertos os trabalhos.
Em votação a inversão da pauta, priorizando,
agora, a discussão e votação do PLCE n° 014/05 e, depois, o PLCE n° 015/05.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Apregoamos a Emenda nº 01-A, de autoria da Verª
Sofia Cavedon; a Emenda 02, de autoria do Ver. Ibsen Pinheiro, e a Emenda nº
03, de autoria da Verª Sofia Cavedon, ao PLCE n° 014/05.
Apregoamos a Emenda nº 01, de autoria do Ver.
Raul Carrion, e as Emendas n°s 02, 03, de autoria da Verª Sofia Cavedon, ao
PLCE nº 015/05. Estarei distribuindo as Emendas agora para os Srs. Vereadores.
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com
aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
N. 7230/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 014/05, que dispõe
sobre a aprovação e licenciamento de projetos para habitações de interesse
social referente aos programas que venham a atender a demanda habitacional
prioritária (DHP), conforme dispõe o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n.
434/99 e a Lei Complementar n. 284/92. Com Emenda n. 01. Urgência.
Parecer Conjunto:
- da CCJ, CEFOR,
CUTHAB, CEDECONDH e COSMAM. Relator-Geral Ver. Mário Fraga: pela aprovação
do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82, § 1º, I, da LOM.
- incluído na Ordem do Dia em 23-03-06.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em discussão o
PLCE nº 014/05. (Pausa.) Não há quem queira discutir. (Pausa.)
Em votação o Requerimento que solicita a
dispensa do envio às Comissões das Emendas já apregoadas ao PLCE nº 014/05 e ao
PLCE nº 015/05. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR. MARIO FRAGA: Presidente, o
Ver. Carlos Comassetto é o autor das Emendas.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Então, o Ver.
Comassetto passa a encaminhar, e peço à nossa assessoria que imediatamente
distribua as Emendas para os Vereadores.
O SR. RAUL CARRION: Obrigado!
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o
PLCE n° 014/05. (Pausa.) O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 014/05.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; prezados colegas Vereadores, colegas Vereadoras, público que
está nos assistindo, o Projeto do Executivo nº 014/05 dispõe sobre a aprovação
e licenciamento de projetos para habitações de interesse social. Em princípio,
o nosso Partido, o Partido dos Trabalhadores, é favorável a este Projeto.
Passamos a discorrer as justificativas por que somos favoráveis: primeiro,
porque a iniciativa do Governo Municipal é para que o Município possa se
qualificar, adequar-se legalmente aos programas do Governo Federal no setor
habitacional. Neste ano, o Governo Federal,
via Caixa Econômica Federal, está disponibilizando para o setor habitacional de
interesse social, nada mais nada menos, Ver. Ismael, do que 18,2 bilhões de
reais.
O Município tinha
dificuldade e atualmente tem de receber esse recurso, porque a lei não está
ainda qualificada, porque, bem recentemente, o Governo Federal não tinha
política para o setor habitacional, e a Administração Popular, Ver. Almerindo,
não conseguia captar esses recursos, primeiro, porque não existiam e, segundo,
pela dificuldade. Neste momento existem programas habitacionais. Quais são esses
programas habitacionais? Por exemplo, há a Medida nº 460, que repassa dinheiro
do Governo Federal, até 12 mil e 500 reais, para pessoas que não têm renda. É
isso mesmo: para os que têm zero de salário ou renda de até 300 reais, o
Governo Federal repassa 12 mil e 500 reais. Desses 12 mil e 500 reais, 11 mil
são a fundo perdido - portanto não precisam ser pagos -, e o Município ou as
entidades têm de ter uma contrapartida de 1 mil e 500 reais, Ver. Oliboni.
Então, é um programa fantástico, e o Município precisa se qualificar para
receber esses recursos.
Assim que recebemos o
Projeto de Lei do Governo Municipal, realizamos uma discussão em conjunto com
vários colegas Vereadores, bem como com a Caixa Econômica Federal, o Sinduscon,
o Instituto dos Arquitetos do Brasil, a Confederação Nacional das Associações
de Moradores e um conjunto de outras entidades, para trazermos sugestões a esta
Casa. E estamos trazendo um conjunto de Emendas, já acordadas com a base do
Governo, para poder melhorar ainda mais este Projeto do Executivo. Quais são
essas Emendas?
O nosso Plano
Diretor, concluído e aprovado em dezembro de 1999, diz, no seu art. 22, letra
f, que os programas habitacionais são para pessoas com renda até cinco salários
mínimos. Porém os programas para habitação do Governo Federal são destinados
para indivíduos com renda até seis salários mínimos, que são os Programas de
Arrendamento Familiar. O que é um Programa de Arrendamento Familiar? São
projetos de casas ou apartamentos, em média, com 37 metros quadrados, e a
pessoa que tem essa renda de até seis salários mínimos passa a pagar, em média,
150 reais por mês, adquirindo uma habitação digna de 37 metros quadrados.
Então, é um programa habitacional que tem diversos programas. Primeiro, o
programa que atende quem não tem renda nenhuma hoje, cidadãos que estão na rua
ou no leito dos arroios. Segundo, o que atende àqueles que têm uma renda de até
seis salários mínimos.
A nossa Bancada, do
Partido dos Trabalhadores, que defende os programas do Governo Federal, entende
que é necessária e urgente a qualificação legal do Município para se enquadrar
e receber esses recursos, que eles se tornem realidade em nossa cidade de Porto
Alegre, que hoje tem uma carência de, aproximadamente, cinqüenta mil habitações
para quem tem até seis salários mínimos como renda familiar. Para concluir, Sr.
Presidente, a Bancada do Partido dos Trabalhadores entende que este Projeto
aceita as Emendas que nós sugerimos, assim como as dos demais Partidos, que
foram construídas coletivamente com as entidades. É um Projeto que vem
qualificar a cidade de Porto Alegre. Portanto o nosso é voto favorável. Que os
projetos e os programas do Governo Federal se tornem realidade também em nosso
Município. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 014/05.
O
SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Sr. Presidente, nobres colegas Vereadores, realmente, o PLCE nº 014/05 vem,
através do Executivo, diminuir as exigências a que até então o sistema
habitacional popular estava sujeito, como bem falou o nobre colega Comassetto.
A Prefeitura também, a atual Administração, tem seu projeto institucional,
assim como a Caixa Econômica Federal. Só que eu tenho, nobre colega Comassetto,
pelas informações obtidas com os dirigentes das Caixas Econômicas Federais,
apurado algumas dificuldades que terão que ser superadas. As cooperativas, por
exemplo, com sua personalidade jurídica, não têm como buscar esse financiamento
para si, e, sim, o usuário da casa própria, inclusive esse de baixa renda, isso
dificulta em muito as exigências necessárias para que esses empréstimos possam
ser capitalizados em moradias próprias. Uma outra exigência da Caixa Econômica
Federal que nos dificulta muito é que a cooperativa tem que ter um ano de
existência para só então poder encaminhar soluções e empréstimos para casas
populares.
Mas o Prefeito Fogaça,
sensibilizado com a deficiência habitacional de Porto Alegre, sancionou a Lei
nº 9.939, de 19 de janeiro, de autoria deste Vereador, que desburocratiza a
aquisição da casa própria por intermédio de cooperativas. Imaginem os senhores
a pessoa que ganha um, dois ou três salários mínimos...! Nem falamos em quatro
ou cinco salários, porque este Projeto autoriza recursos às pessoas que recebem
um, dois ou três salários mínimos para construírem a casa própria.
E nós batalhamos muito
para que seja uma casa própria que dê dignidade à família, que não seja um
aperto de casa. Então, a Prefeitura fará uma disponibilização - é lei - para
todas as cooperativas que tenham adquirido os seus terrenos, plantas
pré-aprovadas, em que a pessoa escolhe o seu projeto. A Prefeitura dispõe de 33
milhões - 6,5 milhões a cada ano - para fazer a infra-estrutura dessas cooperativas
de pessoas de baixa renda. A Prefeitura Municipal, meus senhores, naquele
projeto que a pessoa escolheu, que foi pré-aprovado... Faz-se em duas etapas, é
o que está neste Projeto aqui, primeiro é o núcleo básico: um banheiro, uma
sala, uma cozinha e um quarto. Esse, sim, seria o alvo das cooperativas para
que elas pudessem ter acesso à Caixa Econômica Federal, sem essa burocracia
pesada que estamos constatando por parte da Caixa. Não podem estar no SPC, não
podem estar na Serasa... Gente, das pessoas que não têm renda, quem não está no
SPC?
Então, essa sensibilidade
nós temos que buscar junto à Caixa Econômica Federal, para que possamos
realmente proporcionar dignidade ao povo que não tem teto em Porto Alegre, e,
como o colega falou, são em torno de cinqüenta mil, porque 80% da população
brasileira sem-teto está na faixa de um a três salários mínimos, que são 7
milhões e 700 mil pessoas. Quatorze milhões vivem em residências que nem
banheiro têm. Seria maravilhoso se a Caixa Econômica Federal se propusesse a
dar empréstimo às cooperativas, eliminaríamos essa burocracia do SPC, da Serasa
para o cooperativado, também eliminaríamos a obrigatoriedade de as cooperativas
habitacionais terem de estar funcionando, no mínimo, há um ano, o que eu acho
que não é justo. Qual empresa que se constituiria hoje, Sr. Presidente, se
tivesse que estar funcionando há um ano para poder ter empréstimo oficial?
Então, essas coisas que eu estou trazendo estão
emperrando um pouquinho esse deslanche da casa própria. Este Projeto vai ajudar
e muito, meus senhores! Mas nós precisamos que a Caixa Econômica Federal seja
sensível a essas solicitações, porque, de 69 cooperativas de Porto Alegre, meus
senhores, vejam só, apenas uma conseguiu se adaptar à legislação da Caixa
Econômica Federal e buscar esse crédito necessário. As outras 68 não estão
conseguindo, uma ou outra entra no sistema do SPC; são pessoas humildes que
precisam da sua casa.
Eu apelo aos interlocutores da Caixa Econômica
Federal, ao Partido dos Trabalhadores, aos que estão na situação no sentido de
que se interessem por essas reivindicações das cooperativas de Porto Alegre, do
povo de Porto Alegre, que precisa de habitação, para que sejam corrigidas essas
pequenas distorções. Aí, sim, nós teremos a casa digna, a casa com habite-se, a
casa de propriedade do nosso povo de Porto Alegre. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado.
No afã de tocarmos os trabalhos, apregoamos por
duas vezes a Emenda de nº 01. Então, a Emenda que será votada ficará como
Emenda nº 01-A. Apregoamos a Emenda nº 01-A ao PLCE nº 014/05.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 014/05.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, muito especialmente a minha companheira Verª
Angélica, que nos dá a honra de hoje assumir a Vereança. Bem-vinda, Angélica, e
bom trabalho!
Quero dizer que este
tema é extraordinário, o tema da habitação. Primeiro é preciso dizer que o Brasil
não tem, historicamente, uma política habitacional. Os Governos da República
têm seguido uma lógica perversa, Ver. Almerindo, de não aportar recursos
naquelas áreas que mais precisam. No Brasil, especialmente no regime de
exceção, já houve uma política habitacional que foi até bem concebida, o BNH,
mas que desviou do seu curso. E, de lá para cá, sazonalmente, você tem um
aporte aqui, um aporte acolá, mas não tem uma política integrada de habitação
neste País. E cá para nós: vamos combinar que não vamos fazer habitação para a
população de baixa renda com o dinheiro do IPTU, com o recolhimento do ISS, ou
da taxa do lixo. Até porque, neste País, a União pode tudo; os Estados podem um
pouquinho; e os Municípios, quase nada. É bom dizer, Ver. Carrion, e V. Exª
conhece essa área, que, lá no final da Constituinte, os Municípios ficavam com
20% do bolo tributário, hoje isso não chega a 14%; e a “prefeiturização” dos
serviços públicos é uma dura realidade no Brasil: transferem o serviço, mas não
transferem o recursos.
O Brasil não tem uma política habitacional,
imaginava que o Governo do Lula... Em 25 anos, eles discursaram para os
pequenos, e a gente achava que iriam governar para os pequenos, mas estamos
vendo que o Governo do Lula segue a mesma cartilha dos anteriores: discursa
para os pequenos e governa para os grandes, especialmente para o setor
financeiro.
Portanto, a Caixa Econômica Federal, que,
infelizmente, não vive bons momentos... É até muito bom não falar, Ver.
Todeschini, em Caixa Federal neste momento, não fica bem, não está em bom
momento... Então, vamos deixar a Caixa de lado, mas vamos falar o seguinte: a
Caixa tem alguns programas. O PAR, Programa de Arrendamento Residencial, é um
programa para quem recebe de três a cinco salários mínimos, é um programa bom,
Verª Angélica; em Porto Alegre, existem algumas boas experiências e más
experiências. Por exemplo, houve uma ocupação num conjunto na Vila Nova, e
levou um ano e meio para ser desocupado, isso acabou desacreditando um pouco o
programa, mas esse é um programa bom.
Agora, o grande desafio do Brasil é a baixa e a
baixíssima renda. O Rio Grande do Sul tem um déficit habitacional de 500 mil
moradias para a faixa de baixa renda, e, na baixíssima renda, isso chega a 350
mil; no Brasil, são 7 milhões! E o que a Prefeitura está fazendo é uma
adaptação para poder receber dinheiro da Caixa Federal, fazendo habitações
populares para pessoas que estão nas faixas de baixíssima renda. É, portanto,
uma simplificação.
Acho que, para quem mora debaixo da ponte, ou na
Ilha dos Marinheiros, misturado com os animais, na beira do rio, por mais
simples que seja uma casa, com certeza essa casinha será mais digna do que a
situação que essas pessoas enfrentam, hoje, na beira dos riachos, debaixo das
pontes. Penso que o Projeto deve ser aprovado. O Projeto chegou aqui quando V.
Exª ainda era Presidente, Ver. Elói, em dezembro, e estamos no final de março,
e há a necessidade para podermos conceber os recursos. Com toda a certeza, não
há divergência na Casa, porque o que está em jogo é o interesse da Cidade e não
o interesse partidário. Creio que a Casa, no seu conjunto, vai votar para
aprovar o Projeto, de forma unânime, porque ele resgata a cidadania e dá o
mínimo de dignidade para milhares de pessoas que não têm teto neste País, neste
Estado, especialmente em nossa Cidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 014/05.
O SR. RAUL
CARRION: Exmo
Ver. Dr. Goulart, Presidente desta Casa; demais Vereadores e Vereadoras, em
primeiro lugar queremos dizer que o espírito do Projeto é correto, ou seja,
diante do grande déficit habitacional neste País, estando concentrado 84% do
déficit habitacional na faixa de um a três salários mínimos e 92% na faixa de
um a cinco, como nós viabilizamos moradias a um custo mais adequado... Agora,
não podemos ultrapassar o limite da habitação digna. Não queremos criar uma
legislação que propicie ao pobre morar de qualquer forma, morar num galinheiro!
Alguns elementos da proposta, no nosso entender, são equivocados.
Nós concordamos com as
três Emendas, a do Ver. Ibsen e as outras da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, da Verª Sofia e do Ver. Comassetto, e entramos com uma outra
Emenda para corrigir essa situação. Qual o item que estamos tirando? E eu acho
que ele vai ser simbólico, Ver. Todeschini. Primeiro, que política de habitação
o atual Governo quer quando diminui uma série de exigências? O Inciso V diz o
seguinte (Lê.): “Estão isentos de proteção térmica e luminosa os compartimentos
principais.” A linguagem está complicada. O que significa isso objetivamente?
Não há isolamento térmico e não há isolamento luminoso. Ou seja, o teto pode
ser de zinco, não terá forro; a janela não terá uma veneziana, absolutamente
nada. Talvez até seja alguma cartilha, porque foi feito junto com a Caixa, de
uma, por exemplo, situação do Nordeste, Ver. Almerindo.
Mas nós estamos aprovando
uma lei em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde a temperatura mínima chega,
em determinadas situações - e nós já tivemos em Porto Alegre -, a três graus
abaixo de zero, ou chega, no verão, a 40º. Então, como esta Casa vai aceitar
essa situação? Nós propomos que seja retirado o Inciso V. Manter o Inciso V,
quero afirmar aqui, como membro do Conselho das Cidades, como membro do
Conselho Estadual das Cidades, como um Vereador que tem uma militância no
movimento popular, é tratar o pobre que nem bicho, e nós votaremos contra isso.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu fico impressionado
com a quantidade de Emendas apresentadas, com a quantidade de Moções e Projetos
de Lei apresentados. É impressionante! Das Emendas discutidas pelo Ver. Carrion
agora, apenas a Emenda nº 01, de autoria do Ver. Carrion, merece que eu olhe
para ela, como qualquer Vereador deve fazê-lo. É realmente um problema humano,
e ele pede que seja retirado do texto do Projeto o inciso V, quando fala sobre
iluminação e ventilação.
O resto é apenas modificação de redação, é
brincadeira de Vereador. Porque tudo se faz de acordo com as normas técnicas da
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Está escrito em todas as leis
sem que seja preciso escrever. Mas os doutos colegas resolveram colocar melhor
aqui, por exemplo, que as edificações de interesse social serão de acordo com
as normas técnicas da ABNT. Não se faz nada, na engenharia, sem que seja de
acordo com as normas técnicas da ABNT. (Lê.) “As edificações de interesse
social poderão sofrer obras de ampliação desde que previamente licenciadas e
que não percam a caracterização e destinação à moradia.” Não está mudando nada,
apenas está alterando o art. 3º, não quer lotes de 75 metros quadrados, quer
lotes de 125 metros quadrados, que está no Plano Diretor de hoje. E foram
colocados, no Plano Diretor quando eu era Prefeito, em 1983 ou 1984, não lembro
exatamente a data, os 125 metros quadrados, porque antes eram só 300 metros.
Ora, se nós vamos fazer habitações para quem tem todas as dificuldades de
habitação, um terreno de 75 metros quadrados está muito bom para fazer uma
pequena casa, acolher uma família e transformar aquela casa num lar. Mas eles
querem 125 metros quadrados, é para inviabilizar o Projeto, tornar a casa
popular como querem.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho
que nós discutimos muito, mas apenas uma das Emendas é que merece um
pensamento: será que nós vamos fazer sem as condições necessárias de ventilação
e de iluminação? Isso me deixa um pouco na dúvida. Mas, de qualquer forma, quem
receber uma casa dessas não está impedido, em nada, de melhorá-la, poderá
melhorar. Portanto, eu não sei por que nós discutimos tanto, fazemos Emendas
que não têm o menor sentido. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do PLCE nº 014/05.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu venho à tribuna só para não deixar transitar em julgado
aqui o discurso do Ver. Raul Carrion, que tem como característica fundamental
da sua personalidade a coragem, talvez uma das maiores virtudes de um político.
A coragem de vir aqui e falar em Ministério das Cidades e dizer que há uma
política do Ministério das Cidades, quando o nosso ex-Governador Olívio Dutra
levou um cartão vermelho vergonhoso pelo acúmulo de recursos não-aplicados nesse
próprio Ministério das Cidades.
Esta Câmara licenciou, recentemente, dois
empréstimos para a Caixa Econômica Estadual proveniente do Banco Interamericano
de Desenvolvimento: um no valor de 16 milhões e outro de 103 milhões para
saneamento.
(Manifestação anti-regimental.)
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Não, aprovamos
a urgência para votação.
Desses 103 milhões, o Ministério das Cidades,
que tem o saneamento como a prioridade maior, não repassou um tostão para Porto
Alegre. Esse é um empréstimo que será pago com a participação da Prefeitura e o
Ministério das Cidades, sendo Porto Alegre uma cidade que tem no máximo 25% de
esgoto cloacal em toda a sua superfície habitada. O Ministério das Cidades não
deu um tostão, um real para a cidade de Porto Alegre, e o Ver. Raul Carrion
ainda defende o já indefensável Governo Lula, de quem ele tanto se orgulha.
Aliás, nós temos ainda, entre as virtudes dos Vereadores, algumas chamadas de
bom senso, outras de senso estético e, por fim, a coragem.
Aí, então, eu respeito profundamente as posições
do Vereador pela sua imensa coragem de vir aqui e defender alguma coisa que não
existe, isto é, uma política de moradia para as principais cidades do Brasil.
Não há uma política de moradia, todas as iniciativas que chegaram até aqui estão
fora do Ministério das Cidades, sendo que a característica maior do Ministério
das Cidades foi, nos dois primeiros anos, o seu Ministro, o ex-Governador
Olívio Dutra, levar um cartão vermelho por falta de aplicação dos recursos
destinados às cidades, sendo um dos Ministérios mais aquinhoados no orçamento
da República. E as cidades ficando “a ver navios”, e todas reclamando da falta
de previsão nos Orçamentos para as políticas de moradia e de saneamento básico,
como é o caso de Porto Alegre, que está em dívida com o saneamento básico.
O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte?
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Eu
peço que abram o microfone do Ver. José Ismael Heinen, para eu lhe conceder um
aparte. Eu faço questão.
(Manifestações anti-regimentais das Vereadoras
Sofia Cavedon e Maria Celeste.)
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Muito
obrigado. Vossas Excelências têm toda a razão. Não cabe aparte no momento de
encaminhamento.
Por fim, eu queria dizer
que fico sendo um fiel admirador da coragem do Ver. Raul Carrion. Mas, por uma
questão de estética e de bom senso, eu acho que ainda não cheguei a encontrar
nada em relação à política de moradia, mas, principalmente, em relação à defesa
do já indefensável Governo Lula, assoberbado com as questões éticas, morais e,
principalmente, com o acúmulo de tragédias que estão ocorrendo, como as de Ribeirão
Preto, de Campinas e as matanças em Santo André - todas essas questões que nós
estamos discutindo junto com a débâcle
completa do falso moralismo que assolou o Brasil durante tanto tempo.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Vereador.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
Carlos Todeschini, o PLCE nº 014/05. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 28 votos SIM.
Em votação a Emenda nº 01
ao PLCE nº 014/05, destacada pelo Ver. Raul Carrion.
(Pausa.) O Ver. Raul Carrion
está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PLCE nº 014/05,
destacada pelo próprio Vereador.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart, demais Vereadores e Vereadoras, em
primeiro lugar, eu quero agradecer o pronunciamento do Ver. Claudio Sebenelo,
que reverenciou a minha coragem. Realmente, quero dizer, Vereador, que, se eu
não tivesse coragem, não teria enfrentado o regime militar, não teria
enfrentado os neoliberais, não estaria hoje aqui defendendo as comunidades da nossa
Cidade que querem a construção de moradia, que querem que o Governo Lula
construa milhões de moradias. E os 19 bilhões de reais, previstos no Orçamento
deste ano, possibilitarão a construção de um milhão de moradias, muito mais do
que em qualquer época deste País. Não vou comparar com o período de Fernando
Henrique, não vou comparar com o período do PMDB, pois seria covardia, e os
homens corajosos não são covardes.
Mas eu queria voltar
à Emenda nº 01 ao PLCE nº 014/05. Por quê? Conversei aqui com o Dr. Tessaro,
tentei convencê-lo da justeza da nossa Emenda, mostrando a ele que não garantir
isolamento térmico, ou proteção térmica, é abrir a porta para o teto de zinco.
Aí, o Dr. Tessaro me disse: “Não! Mas há o compromisso do DEMHAB de que não
será telhado de zinco; será de telha”. Primeiro, eu quero registrar isso aqui
neste microfone, porque, se não for ao menos o teto de telha, nós cobraremos. E
eu digo que já é uma vitória esse compromisso do DEMHAB! Diz o Dr. Tessaro que
o problema é a manta térmica. Eu acho que, da forma como está a lei, não é
questão de manta térmica, é qualquer isolamento! E a telha propicia isolamento.
Eu acho que deveria ter o forro, mas que tenha, no mínimo, a telha.
O seu Governo, a sua
gestão pode honrar esse compromisso. E o outro? Não sei. Por isso, eu busco que
a lei proteja, por isso votarei. E espero que os Vereadores preocupados, Ver.
Sebastião, independente de divergências políticas nacionais... E faço um apelo
a Vossa Excelência, que foi Vice-Presidente da CUTHAB e que lá também marcou a
sua presença - eu reconheço - na defesa dos direitos das comunidades pobres:
nós temos que resguardar em lei. Dizer que tem de ter a proteção não é exigir
manta térmica. Não diz aqui “manta térmica”, diz “proteção térmica”. Portanto,
pode ser a telha.
A outra questão diz
respeito à proteção luminosa. Excelências, não ter proteção luminosa significa
que as casas ficarão somente com vidro! Não há nenhuma persiana! E também é um
problema de segurança. Nós sabemos que uma persiana, seja ela de metal,
alumínio, de madeira, já é uma proteção. Agora, imaginem somente o vidro!
Qualquer um chega ali, atira uma pedra e entra dentro da casa! O cara não pode
sair nem para trabalhar! Terá que colocar um caseiro para poder ir trabalhar!
Será que a economia, Srs. Vereadores, que nós vamos fazer por não ter uma
persiana é tanta que não justifique essa exigência?! Será que isso vai
inviabilizar o PAR?! Não posso acreditar! Agora, simbolicamente, meus amigos, é dizer o
seguinte: “Que o pobre more de qualquer maneira! Pobre não tem dignidade!” É
isso que nós estamos votando aqui!
Por isso, eu faço, mais uma vez, esse apelo. Se
perdermos, perdemos, mas ninguém dirá que o Ver. Raul Carrion não foi lá, que
não falou da necessidade da proteção térmica, da necessidade também da
proteção, no caso, luminosa.
Então, eu espero que os Srs. Vereadores e as
Sras. Vereadoras pensem bem ao votar. Vamos diminuir os custos, mas não vamos
tirar a dignidade da moradia de quem é pobre nesta Cidade! Vamos garantir o
mínimo de habitação com condições! Talvez até seja uma sugestão da Caixa
Econômica Federal - e eu apóio o Governo Federal -, mas não quer dizer que eu
assino embaixo! Talvez tiraram de um manual lá no Nordeste que as moradias não
precisam de proteção térmica! Mas eles não conhecem o frio do Rio Grande do
Sul, não conhecem o calor do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre!
Então, vamos fazer a lei, não porque a Caixa
disse, ou porque o DEMHAB disse, mas visando o que é bom para a Cidade, para a
cidadania de Porto Alegre! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Anunciamos,
entre nós, a presença do Ver. Iraí Lima, Líder da Bancada do PMDB, de
Tramandaí, e do Vereador, companheiro Osni Souza, Líder da Bancada do PDT,
também de Tramandaí. Recebam as nossas saudações.
O Ver. Sebastião Melo está
com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PLCE nº 014/05,
destacada pelo Ver. Raul Carrion.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, o Ver. Raul
Carrion anda com uns faniquitos brabos. Ele se irrita aqui nesta tribuna...
O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Sr. Presidente,
com todo o respeito ao Ver. Sebastião Melo, eu gostaria que ele retirasse o
termo “faniquitos”, pois não é do meu tipo ter faniquitos. Eu sou veemente, sou
polêmico, assim como o Vereador Sebastião Melo, e nunca o acusei de ter
faniquitos ou de ser histérico.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Retire o
faniquito, Excelência.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Para contestar,
Sr. Presidente. Não há nenhum manual que combata a veemência - nem a do Ver.
Raul Carrion, nem o bom humor do Ver. Melo. Faniquito é uma palavra
perfeitamente regimental, Sr. Presidente.
O SR. RAUL CARRION: Se ele não
retirar, eu vou considerar que ele é histérico!
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Bom, agora,
então, eu já não vou mais intermediar. Está empate! Empatou! Siga com a
palavra, Excelência.
O SR. SEBASTIÃO
MELO:
Sr. Presidente, em preliminar à matéria, eu quero dizer ao Ver. Carrion que o
PMDB continua o mesmo: tem alas progressistas, tem adesistas e tem
conservadores. Mas o que mudou mesmo foi o PT e o PCdoB, Ver. Ibsen! Porque
hoje eles estão aliando o que há de mais retrógrado neste País, que são os
conservadores. E aí eu quero dizer, Ver. Carrion, que eu não tenho certeza se o
Governo Lula fez o Projeto da habitação, mas que criou o “mensalão” eu tenho
certeza absoluta! E que aperfeiçoou o “valerioduto” eu também tenho certeza!
(Manifestações anti-regimentais.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Excelência,
atenha-se ao assunto.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Não! Em
preliminar à matéria, porque o Ver. Carrion “deitou e rolou” aqui fazendo
acusações, e quem fala o que quer ouve o que não quer! Então, o PCdoB é
avalista do “mensalão”, avalista número um! Esse foi um projeto que foi criado!
(Palmas.) O Presidente da Câmara é avalista do “mensalão” e é do PCdoB! Aliás,
é aquele que deixou um apartamento funcional para a sogra.
Voltando ao tema, Sr. Presidente, eu quero falar
à nossa gente sofrida. Eu gostaria que o Ver. Carrion fizesse esse discurso
para a nossa gente que mora debaixo da ponte do arroio Ipiranga, que não tem
casa e que vai poder ter uma casinha de 10 mil e 500 reais, e a maneira que se
pode fazer isso é desse jeito! E ele está dizendo que não! Cá para nós, eu
gostaria que a nossa gente tivesse uma casa de 300 metros quadrados, que
pudesse ter jardim, que pudesse ter o maior conforto, mas o programa foi
estabelecido em parceria com o Fundo de Garantia e com a Caixa Econômica
Federal, numa Resolução, estabeleceram critérios, não foram critérios
estabelecidos pela Prefeitura de Porto Alegre, estão aqui tentando fazer o
cumprimento de uma Resolução! Portanto, Ver. Paulo Odone, isso não é uma
criação, uma invenção do DEMHAB de Porto Alegre. Não, isso é para cumprir uma
Resolução da Caixa Federal em parceria com o FGTS. E eu quero dizer aos meus
colegas Vereadores, Ver. Besson, que essa casa é de 10 mil e 500 reais. Se eu
começar a colocar muita coisa, não dá para construir! Eu acho que é melhor
morar nessa casinha do que morar na rua, do que morar nas áreas de risco.
Então, o Ver. Carrion vem aqui... E quero dizer
que respeito o bom debate, e quem começou esse
debate não fui eu, torto dessa forma. Eu fiz uma crítica no sentido de que os
Governos não têm política habitacional. Eu me limitei a dizer isso, que os
Governos discursam para os pequenos e governam para os grandes. E ele saltou
que nem pipoca, botou a carapuça, porque sabe que eu estou falando a verdade.
Diziam lá atrás que o Fernando Henrique era o pai dos banqueiros; pois agora eu
digo, alto e bom som, que a mãe da banqueirada é o Lula. E aí ele se irrita.
Então, eu quero dizer
o seguinte: vou votar “sim”, vou votar contra o destaque da Emenda, porque acho
que ela foi construída de forma coletiva. Gostaria que fosse melhor, mas é a
maneira que a Casa pode fazer. E tenho absoluta certeza de que nós estaremos
fazendo justiça social, mesmo tendo uma casa não com o conforto que cada um de
nós gostaria que tivesse.
Portanto, Sr.
Presidente, com muita tranqüilidade, eu não desviei do assunto, não; eu apenas
usei esta tribuna, que é uma tribuna popular, livre, democrática,
contraditória. Eu respeito a Bancada do PT. E aqui estive na oposição, eles
estiveram na situação, e nós estabelecemos bons debates. Nunca levei para a
pessoalidade, nunca levarei para a pessoalidade, mas permitam o debate. Aqui
ninguém é dono da verdade, então vamos discutir. Porto Alegre não é uma ilha, a
Habitação de Porto Alegre não é uma ilha, está lincada às questões nacionais. O
Brasil está na contramão da história, está apostando no setor improdutivo em
detrimento do setor produtivo, por isso falta dinheiro para tudo, inclusive
para a Habitação.
Volto a dizer, o
Brasil não teve ontem, não teve anteontem e não tem hoje uma política
habitacional. Sazonalmente se cria, em épocas de eleições, Operação
Tapa-Buraco, distribuição de material de construção. Que bom que o Brasil
tivesse eleições todos os anos, porque talvez o povo fosse um pouco mais feliz
e tivesse mais acesso ao crédito, porque, em ano eleitoral, especialmente
quando o Governo é do PT, ele pode ter um pouquinho mais de acesso ao crédito.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Queria comunicar a presença entre nós da Srª
Adriana Imparato, Coordenadora do Programa Nacional Cidade Amiga da Amazônia,
do Greenpeace. (Palmas.)
O Ver. Paulo Odone
está com a palavra para uma Questão de Ordem.
O SR. PAULO ODONE: Presidente, só uma Questão de Ordem de caráter preventivo. Nós já assistimos
a um debate, é do Parlamento, são dois Vereadores talentosos, mas, na verdade,
passou-se a debater temas nacionais. Como temos uma Pauta acumulada e com
Projetos importantes, como o próprio Projeto que autoriza recursos
internacionais para o DEMHAB, que todos querem, unanimemente, pediria a V. Exª
que impusesse um certo rigor para que os oradores se atenham somente ao núcleo
das Emendas e do Projeto, que a gente abandone, por hora, a polêmica nacional.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.
A Verª Margarete Moraes está com a palavra para
encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PLCE nº 014/05, destacada pelo Ver.
Raul Carrion.
A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, nós compreendemos e temos noção
absoluta das dificuldades históricas que este País vive em relação ao direito à
moradia, ao direto à habitação. Essas dificuldades e essa complexidade, que vêm
desde o início da história do Brasil, pela primeira vez começam a ser mudadas
com o Governo Lula, através do Ministério das Cidades, iniciado com o nosso
querido ex-Governador Olívio Dutra.
Então, eu trago aqui um texto, uma revista da
política nacional (Mostra revista.), que diz que foram investidos, pela
primeira vez na história do Brasil, 18 bilhões de reais na Habitação. Isso
nunca aconteceu, e eu quero dizer ao Ver. Paulo Odone que nós não tememos, em
nenhum momento, a discussão da política nacional. Nós temos muito orgulho da
política nacional do nosso Partido.
Nós sabemos que faltam estruturas nas cidades,
que existe uma migração que vem do campo, mas não abrimos mão, Ver. Raul
Carrion - e parabéns a V. Exª, da nossa Bancada -, da dignidade mínima do ser
humano. São pessoas, não são bichos, não podem ficar isentos de proteção
térmica e luminosa nesses compartimentos principais. Não aceitamos esse texto.
Por isso aprovamos a sua Emenda, porque o Poder Público tem o dever de proteger
os desfavorecidos, de oferecer alternativas que dêem dignidade às pessoas, e as
pessoas têm direito a muita coisa, mas, no mínimo, têm direito à saúde, à
moradia, à habitação e à educação. Esse é um dever essencial do Poder Público.
Quero dizer ao Ver. João Antonio Dib que as
Emendas apresentadas pela Verª Sofia e pelo Ver. Comassetto em nome da Bancada
do PT são sérias. Por favor, Ver. João Antonio Dib, permita-nos legislar!
Permita-nos contribuir com a Cidade; são Emendas sérias, queremos contribuir
com o aprimoramento das instituições na nossa Cidade.
Nunca houve tantos investimentos na
infra-estrutura da Cidade, e quero dizer ao Ver. Sebastião Melo e ao Ver.
Claudio Sebenelo que, no caso de Porto Alegre, nós temos muito orgulho, nesses
dezesseis anos, de termos deixado 85% do esgoto coletado, 27% do esgoto tratado
adequadamente e, no que se refere à água, 100% de abastecimento. Agora, o dado
principal é que nós deixamos uma média - e essa é uma herança bendita - de mil
unidades de habitação por ano. E convido os Vereadores da atual situação que
não conhecem para que conheçam as unidades no Projeto Entrada da Cidade, para
verem a beleza, o cuidado com a estética, com a dignidade, com o lazer, com a
cultura e a creche a que aquelas pessoas têm direito lá.
Às pessoas que nos assistem aqui na Câmara é
preciso trazer um fato que os números dizem, não é uma interpretação: nunca
tivemos um centavo de real do Governo Federal antes do Governo Lula para os
Estados, para as cidades; o Governo Estadual, hoje do Germano Rigotto, nunca
colocou um centavo de real em Habitação, nem no Estado, nem em Porto Alegre; e
esta Prefeitura, que veio para manter o que era bom e corrigir o que estava
errado, até hoje não ofereceu uma unidade habitacional para a população de
Porto Alegre. O que tem feito, sim, é inaugurar as obras que nós deixamos com a
verba pronta, como é o caso ali perto da Av. Princesa Isabel. É muito fácil
chegar e inaugurar o que foi feito anteriormente com toda a verba garantida, e
é exatamente isso o que acontece em Porto Alegre.
Agora, nós queremos voltar à Emenda e fazer um
apelo às pessoas de bem desta Câmara, para que pensem um pouco nas pessoas que
vão morar nessas casas, que, como disse o Ver. Raul Carrion, merecem, sim, com
certeza, proteção térmica e luminosa nos compartimentos principais. Muito
obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr. Presidente,
Ver. Dr. Goulart; nós estamos aqui, a Bancada do PDT, pedindo espaço para
esclarecimento. Foi citado aqui um fato extremamente grave de agressão a dois
jovens que teria partido de seguranças contratados pela Secretaria da
Juventude, que está sob a coordenação do nosso Ver. Mauro Zacher.
Então, nós vimos aqui e estamos colocando à
disposição de todos uma Certidão de Negativa de Infração do Ministério do
Trabalho dizendo que a Empresa Santana Rodrigues está legalmente apta para
trabalhar, e também temos em mãos, aqui, o registro da ocorrência, quando o pai
de um dos meninos diz que ele foi agredido no Baile da Cidade, Baile de Porto
Alegre.
O Baile de Porto Alegre foi coordenado pela
Secretaria da Cultura e ocorreu próximo ao Monumento do Expedicionário; a Tenda
da Juventude é que estava ligada a essa empresa. A segurança era dessa empresa,
e a Tenda da Juventude era lá no Espelho D’Água. Então, que se veja exatamente
como ocorreu, onde ocorreu e onde está o equívoco. Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. José
Ismael Heinen está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao
PLCE nº 014/05, destacada pelo Ver. Raul Carrion.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Presidente, nobres colegas, escutando atentamente os defensores desta Emenda e
do Governo que há dezesseis anos administrou Porto Alegre, eu, como Vereador,
caminhando nas vilas de Porto Alegre, caminhando por Porto Alegre toda,
acredito, Sr. Presidente, que ou estou na cidade errada, ou com relação ao que
estão falando sobre a Administração de dezesseis anos do PT, quanto à habitação
para o povo de Porto Alegre, há uma diferença muito grande.
O que nós precisamos não é discutir se o pobre
poderá ter um forro na sua casa, ou se a janela, para a sua luminosidade, é
maior ou é menor do que a necessidade... Nós temos a convicção, pela lei
existente, de que todo projeto de casa própria parte hoje do seu lucro básico,
de que toda a cadeia para a aquisição da casa própria passa por uma aquisição
coletiva através do cooperativismo. Nós temos que nos preocupar, senhores, é no
sentido de fazer com que a Caixa Econômica Federal se sensibilize, como eu
falei antes, e não exija o SPC e o Serasa para as pessoas que estão morando na
rua, Ver. Sebenelo. Nós temos que cuidar é disso! Nós temos que dar condições
para que esse cidadão tenha a sua casa própria, e, depois, com a dignidade de
estar dentro do núcleo básico, ele poderá construir o sonho da sua casa,
livrando-se dos aluguéis.
Eu tenho visitado a nossa Porto Alegre desde o
início da nossa Administração e tenho visto um monte de invasões de áreas
verdes em que os indivíduos, as pessoas, os cidadãos, as crianças vivem num
submundo. Isso ainda ocorre hoje porque o tempo desta Administração foi pouco,
mas, por dezesseis anos, contemplamos vilas de Porto Alegre com esgoto a céu
aberto, amontoados de casas indecentes para a dignidade humana! Não sei se isso
era um incentivo, mas ao menos a Administração de Porto Alegre em dezesseis
anos não coibiu esse tipo de construção.
Hoje existe um projeto municipal que, através do
cooperativismo, minimiza a burocracia, com projetos pré-aprovados, sem custo
para o morador, projetos dignos de auto-estima - casa de três dormitórios, de
dois banheiros - para o povo sofrido, para o povo de um salário mínimo. É a
abertura, é o começo, em que ele vai ter a sua cooperativa e, junto aos órgãos
públicos, o financiamento do núcleo básico. Para esse núcleo básico, se nós
tivermos que ter tudo isso que está aqui, se nós sofisticarmos, se pintarmos de
diversas cores, talvez os 10 mil e 450 reais que estão disponíveis para quem
ganha um salário mínimo, Sr. Presidente, não chegarão para que ele possa ter a
casa, ter o seu habite-se. Mas, se chegarem, o cidadão vai morar com
auto-estima, com dignidade; ele vai completar aquele projeto de três
dormitórios, de dois banheiros, garagem para dois carros - porque esse é o
futuro da habitação digna que Porto Alegre pode ter. E o principal é que,
concluído esse módulo básico, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre fornecerá
o habite-se. Ele é cidadão legal, ele terá direito ao esgoto, à luz, à água.
Serão 33 milhões de reais via cooperativa, meus
senhores! Nós não precisamos dessas Emendas que querem distorcer um projeto que
vem facilitar cada vez mais que cidadãos possam participar. Com aquele projeto,
com aquele dinheiro gasto ali na Azenha, eu pergunto: quantas casas dignas nós
poderíamos ter construído a mais, se tivéssemos buscado a consciência do
cidadão, dando casa para todos aqueles que precisam? Ou é para um ou é para todos
(sic); senão eu sou a favor de que não seja construída, que não seja
dada casa de graça para ninguém.
Hoje, via cooperativa, o cidadão buscaria o seu
terreno de forma legal; o restante, em conjunto - Prefeitura e mais o que a
Caixa diz liberar e diz ter -, nós buscaremos. Tenho certeza de que, nesses
três anos que faltam ao Governo Fogaça, talvez em quatro anos, faremos mais
casas em Porto Alegre do que a Administração do PT fez em dezesseis anos. O meu
muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado,
Excelência.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver. João
Carlos Nedel, a Emenda nº 01 ao PLCE nº 014/05, destacada pelo Ver. Raul Carrion. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) REJEITADA por 09 votos SIM e 16 votos NÃO.
O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Sr. Presidente,
temos agora a Emenda nº 01-A, a Emenda nº 02 e a Emenda nº 03. Este Vereador
sugere que as Emendas sejam votadas em bloco, se o
Plenário assim concordar.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Professor Garcia, solicitando votação em bloco das Emendas nºs 01-A, 02 e 03 ao
PLCE nº 014/05. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em votação o bloco
contendo as Emendas nºs 01-A, 02 e 03 ao PLCE nº 014/05. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Eu votei “não”.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): APROVADO, com o voto contrário do Ver. João
Antonio Dib.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
N. 7232/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 015/05, que dispõe
sobre o parcelamento do solo sob a forma de loteamento para atender ao Programa
de Arrendamento Residencial – PAR da Caixa Econômica Federal, ao Programa
Habitacional de acordo com a Resolução 460 do FGTS, ambos da Caixa Econômica
Federal e outros programas oficiais que venham a atender a Demanda Habitacional
Prioritária (DHP) em conformidade com o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n.
434/99 e dá outras providências. Urgência.
Parecer Conjunto:
- da CCJ, CEFOR,
CUTHAB, CEDECONDH e COSMAM. Relator-Geral Ver. Mário Fraga: pela aprovação
do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82, § 1º, I, da LOM.
- incluído na Ordem do Dia em 23-03-06.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Em discussão o PLCE nº 015/05. (Pausa.) O Ver.
Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart e demais Vereadores e Vereadoras, este
Projeto tem a mesma louvável intenção: enfrentar o enorme déficit habitacional
deste País. É de sete milhões de moradias o déficit quantitativo, absoluto, e
foi acumulado por diversos Governos, com destaque para o Governo que acabou com
o BNH e para o Governo do tempo do neoliberalismo, que não fez nenhum
investimento em habitação. Pois bem, ainda que o Projeto seja bom no sentido de
buscar minimizar os custos, etc., etc., nós apoiamos outras Emendas que existem
aí, de iniciativa do PT. Uma Emenda determina que essas condições minimizadas, essas
exigências diminuídas, devem servir para os programas oficiais desenvolvidos
pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal. E uma outra Emenda torna
prioritária a demanda para a população com renda familiar mensal igual ou
inferior a seis salários mínimos, que nós aprovaremos, assim como aprovaremos o
Projeto.
Nós entendemos, Ver. Márcio Bins Ely, que é um
jurista, que este Projeto apresenta uma contradição em relação a um ponto do
Plano Diretor, Ver. Dib, e vamos mostrar onde. O Projeto permite, de forma
generalizada, que o lote tenha apenas 75 metros quadrados, Ver. Todeschini. Então,
veja bem, o que diz o Plano Diretor nos padrões para loteamento: “Nas áreas
predominantemente residencial e mista, a área mínima do lote é de 150 metros
quadrados, e testada mínima, 5 metros quadrados”. No caso de condomínios,
permite um outro valor, diz: “Padrões para edificação de condomínios, por
unidade autônoma, cota ideal mínima de terreno por economia, 75 metros
quadrados”. Mas aí é no caso de condomínios, Ver. Comassetto, e já está regrado
no Plano Diretor. Se for para condomínio, não precisa estar aqui. E, quando não
é condomínio, o que diz o nosso Plano Diretor? Nosso Plano Diretor neste outro
caso diz: “Em parcelamento do solo” - art. 139, parágrafo 1º, Ver. Comassetto,
que é um estudioso e um companheiro nessa luta - “de interesse social [...], e
o lote” - a parte que nos interessa - “poderá ser admitido com 125 metros
quadrados”. Ou seja, a norma, que está lá no Anexo, é de que sejam 150 metros
quadrados; quando é condomínio, 75 metros quadrados; se não for condomínio, mas
for de interesse social, são 125 metros quadrados de área, sendo a testada
mínima de 5 metros quadrados.
Portanto, nós não podemos, sem modificar o Plano
Diretor - chamo a atenção até dos representantes do DEMHAB aqui, e o Projeto
não modifica o Plano Diretor -, colocar um lote com tamanho mínimo de 75 metros
quadrados. Examinei primeiramente do ponto de vista legal: ou modifica-se o
Plano Diretor, ou isso está equivocado.
Agora, eu quero examinar o conteúdo e tenho o
mesmo ponto de vista da Emenda anterior. A minha Emenda repõe os 125 metros
quadrados exigidos. De repente, nós poderíamos até, Ver. Comassetto, dentro da
preocupação de diminuir o custo, alterar quem sabe para um pouco menos que 125
metros quadrados, mas teríamos de alterar, no meu entender, o Plano Diretor. Agora,
nós achamos que, com 75 metros quadrados, estaríamos caindo naquilo que a Verª
Margarete muito bem colocou aqui, que é diminuir os custos, o que é necessário,
mas devemos garantir uma condição digna aos moradores de baixa renda.
Quero dizer que fui alertado a respeito desse
problema por companheiros do Movimento Popular e Comunitário, que questionaram
que estaríamos votando uma diminuição para 50%, Verª Margarete, da área exigida
pelo Plano Diretor. Isso me preocupou, examinei o Plano Diretor e cheguei à
conclusão de que legalmente é um equívoco e que, quanto ao conteúdo, também é
algo que vai afetar a qualidade de vida dos moradores. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(A Verª Margarete Moraes
assume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao
Ver. Raul Carrion.
Anuncio que o Ver. Dr. Goulart está recebendo os
representantes do Greenpeace e
pediu que eu assumisse a presidência dos trabalhos neste momento.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir o PLCE nº 015/05.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Verª Margarete
Moraes, na presidência dos trabalhos; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, a
despeito da divergência política dos nossos Partidos, devemos reconhecer que é
um momento ímpar do Brasil e de Porto Alegre. Um momento
ímpar porque, finalmente, nós temos um Governo Federal que tem, sim, como
prioridade a habitação popular; que tem, sim, políticas para incremento dessa
área. Por isso - e não é à toa - estamos aqui, de forma acelerada, aprovando
estes Projetos, para viabilizar que o Município possa acessar recursos e possa
viabilizar que os moradores, especialmente os de baixa renda, tenham acesso a
uma moradia digna. Se fazemos aqui o debate do tamanho dos terrenos, das
condições da casa, da proteção ao calor, ao frio, é porque sabemos que, mesmo
diante da maior necessidade, nós não podemos perder de vista o direito à
dignidade, o direito à moradia com dignidade.
Claro que, se nós
fossemos pensar no ideal, não faríamos moradias pequenas, muitas delas. Mas sabemos
que, muitas vezes, um módulo inicial viabiliza que uma família, aos poucos,
pelo seu esforço, pela sua própria organização, amplie esse espaço, faça
melhorias e construa para a sua comunidade, muitas vezes, coletivamente, quando
funciona um Orçamento Participativo, melhorias coletivas, solidárias, e esse
impulso inicial é o fundamental.
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Queria parabenizar
V. Exª, não cheguei a abordar essa questão, mas, com muita propriedade, nós
sabemos que esse terreno que uma família adquire, amanhã ou depois, o filho, a
filha constroem uma casinha com 75 metros quadrados. Nós teremos, inclusive,
quadras, porque serão 5 metros, que é o mínimo, por 15 metros; a quadra terá 30
metros de largura. E as famílias estarão ali, e nós estaremos criando um
problema. Se nós fizermos em um terreno maior - até a família na
autoconstrução, depois, resolverá -, vamos criar um futuro sem-teto que,
novamente, o Poder Público terá que atender. Então vamos economizar de um lado
e gastar mais de outro.
A SRA. SOFIA CAVEDON:
Muito bem, Ver. Carrion, acho que V. Exª pegou
muito bem, esse é o sentido, essa é a intenção.
Eu queria fazer aqui,
não para aproveitar o momento de debate político, um contraponto ao Ver. Ismael,
que disse que, andando na periferia desta Cidade, não enxerga o que nós temos
repetido aqui: política séria e prioritária para a habitação popular em Porto
Alegre. Eu acho que o Ver. Ismael não andou na Timbaúva. Que maravilha está
aquele espaço, inclusive asfaltado! E agora, Ver. Sebenelo, infelizmente, no
primeiro ano
do Governo Fogaça, foi permitida a ocupação lá, com a derrubada de árvores,
inclusive. Um loteamento que estava todo organizadinho, que recebeu, no final
do nosso Governo e no início do Governo Fogaça, no ano passado, asfalto em
todas as vias e calçadas, e eles começam a organizar a sua própria hortinha,
seu próprio jardim. E, pasmem, pela absoluta falta de política habitacional, no
ano passado, ao lado e aos fundos desse loteamento organizado, em que a
comunidade começa a se orgulhar de morar, cresceu uma ocupação. Então, o que
acontece? Nós estamos vendo a desordem ao lado de uma política séria.
O Ver. Ismael não andou no Chapéu do Sol, belo
loteamento, pelo qual, aos poucos, a comunidade vai lutando. O loteamento
recebeu escola, recebeu posto de saúde - PSF -, a comunidade está com esse
grande estímulo, saindo da beira do Guaíba, que foi devolvido à população e
está sendo saneado. O Ver. Ismael não andou numa série de loteamentos onde as
pessoas construíram, a partir do seu protagonismo - isso que é bonito - no
Orçamento Participativo, na participação direta, uma nova possibilidade de
vida. Esta Cidade está cheia, há mais de dezesseis mil moradias que foram
resultado disso, foram resultado de a Cidade colocar em primeiro lugar a
habitação popular. E nós não tínhamos programas do Governo Federal, muito menos
de Governos Estaduais, que só fizeram fechar a Cohab para construir casas
populares. E a construção dessas moradias se deu basicamente com recursos
próprios da Prefeitura e pelo esforço de buscar recursos internacionais.
Agora, não; o Governo Lula amadurece uma série
de políticas que foram sendo construídas, que não são, Ver. Sebastião Melo,
políticas de ano eleitoral, não; que foram amadurecidas, que foram construídas
em conferências, que foram experimentadas e que estão sendo adequadas para que
a faixa de renda mais baixa acesse esses recursos. Então, nós temos de nos
orgulhar, e esta Câmara está viabilizando que Porto Alegre, na gestão de
oposição, possa dar continuidade com recursos federais, que são do Governo
Lula.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra para discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Verª Margarete
Moraes, na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, nós queremos saudar a presença aqui do Diretor do DEMHAB, Dr.
Tessaro, que tem, constantemente, vindo a esta Casa em função desses Projetos,
que são de alto interesse para a Habitação. Nós temos discutido nesta Casa o
tempo que perdemos em fazer habitação. Nas cidades, e vale para o País, foram
os barracos, e nada contra barraco, mas é uma situação deprimente, e eles estão
num crescendo vertiginoso. Então, faz-se imprescindível que projetos sejam
feitos, e esse é um Projeto bom, cujas normas, Ver. Raul Carrion, em especial,
são determinadas pelo órgão federal, o órgão financiador, no caso a Caixa
Econômica Federal, que estabelece parâmetros ao País. É um programa nacional. E
as entidades locais devem se adequar às disposições maiores para conseguir o
referido Projeto.
O Ver. Raul Carrion fala em alterar o Plano
Diretor. Mas trata-se de um Projeto de Lei Complementar. Este aqui é um Projeto
de Lei Complementar. O Plano Diretor é um Projeto de Lei Complementar. Uma lei
complementar altera, sim, outra lei complementar.
Quanto à questão da dimensão, é evidente que o
ideal seria que pudéssemos encartar uma política habitacional nos moldes
estabelecidos para o conjunto da sociedade, mas isso é inviável. Então, faz-se
imprescindível um projeto específico para atingir às camadas necessitadas da
população.
E os parâmetros e os padrões são esses. Até
porque, estabelecendo esses parâmetros, nós teremos, Ver. Raul Carrion,
atendido o maior número de pessoas que estão vivendo em condições de habitação
subumanas, não só do ponto de vista habitacional, mas também do ponto de vista
sanitário. Quando se desenvolver esse Projeto, não se estará só dando teto para
aquelas pessoas, estar-se-á oferecendo condições de sanidade, com toda uma
infra-estrutura capaz de dar um pouco, um mínimo de dignidade.
Portanto são Projetos, Srª Presidenta, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, que, na ausência de outras alternativas, nós
temos que urgentemente aprovar. Até diria que estamos tardando, Ver. Raul
Carrion, nós deveríamos já ter aprovado estes Projetos. E respondo a V. Exª que
uma lei complementar altera outra lei complementar. Esta é uma Lei
Complementar.
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, em primeiro lugar, ela tem que
dizer o que altera em qualquer outra lei, não pode alterar assim no mais;
segundo, o Plano Diretor, pelo próprio Estatuto das Cidades, exige Audiência
Pública. Então a alteração do Plano Diretor exigiria uma Audiência Pública, o
que não ocorreu. Se está modificando o Plano Diretor, tem que cumprir as
exigências do Estatuto das Cidades. Então, o Plano não é tão simples assim.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Exatamente,
mas sabe bem o Vereador - e é um aparte que eu gostaria de ter feito, mas não
pude fazer a V. Exª - que uma lei complementar altera outra lei complementar.
Esta aqui é uma Lei Complementar, o Plano Diretor o é também. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Registro, com
muita alegria, a presença nesta Casa do Ver. Nilvo Lago, do Partido
Progressista, da cidade de Pinhal Grande. Seja bem-vindo entre nós. Também
cumprimentamos o João Marcelo, que representa o DMAE, neste momento tão
importante para a instituição; e o Diretor-Presidente do DEMHAB, Sr. Nelcir
Tessaro. Sejam sempre bem-vindos a esta Casa os senhores, que são do Executivo,
assim como eram os nossos Secretários, quando aqui compareciam para esclarecer
quaisquer questões em relação aos Projetos.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Verª Margarete
Moraes, na presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, ao analisar este Projeto é preciso analisar um pouco a floresta nessa
questão do acúmulo urbano pós-década de 70. O Brasil até 1960 tinha 60% da sua
população no campo e 40% nas cidades. De lá para cá, isso vem geometricamente
se invertendo, hoje os dados do IBGE apontam que 87% dos brasileiros e das
brasileiras moram nos grandes centros urbanos, e o restante mora em
áreas rurais ou cidades pequenas.
Ora, as cidades cresceram desordenadamente, e há
demandas reprimidas não só na habitação. Se olharmos para a energia elétrica,
hoje, Ver. Adeli, 30%, 40% das ligações em Porto Alegre são clandestinas, são
os “gatos”. Está aqui o Diretor do DMAE que pode prestar um depoimento, está
aqui um ex-Presidente do DMAE que sabe que há centenas de ligações irregulares
nesta Cidade, é uma realidade. Significa que as cidades cresceram desordenadamente.
Hoje Porto Alegre tem 500 áreas irregulares, ou mais! São terrenos públicos,
privados, ou do IPE ou do DEMHAB. E nós, Diretor Tessaro, precisamos enfrentar
essas dificuldades.
O PAR não é um
programa novo, tem sido utilizado por muitas Prefeituras em algumas cidades do
Brasil, muito mais avançadamente do que em Porto Alegre, mas Porto Alegre tem
bons exemplos.
Então, quero dizer
que, sob o ponto de vista da questão técnica, Ver. Carrion, é uma bela discussão,
mas acho que sempre o social tem que estar acima das questões técnicas, e a
legislação tem sempre que moldar as questões políticas. Eu prefiro que o
cidadão tenha uma casa, ou um apartamento ou uma casinha germinada de 75 metros
quadrados do que não ter nada! Essa é a realidade! Então vamos parar com essa
“conversa mole para boi dormir”! Quer dizer, é uma norma traçada, estudada para
o Brasil, tem uma resolução da Caixa, tem uma resolução do FGTS, e evidente que
não é uma grande moradia, mas 75 metros... Que bom se as famílias brasileiras,
todas, pudessem ter 32 metros quadrados para morar, porque há gente que mora ao
relento, na beira dos lixões, na beira do rio. Este é Brasil real! Passei toda
a manhã na Asa Branca, ali falta tudo, o esgoto é a céu aberto, a luz é
clandestina, o asfalto não existe, o posto de saúde está fechado. Este é o
Brasil real!
Acho que a Casa do
Povo vai acolher o Projeto, porque aqui não se trata de dinheiro do Governo
Lula, isso é dinheiro do povo brasileiro, que paga muito imposto. O Brasil tem
a carga tributária mais alta do mundo, a maior concentração de renda do mundo
está aqui, neste País. Portanto, não é dinheiro do Governo, não; é dinheiro do
povo, que está sendo devolvido aos pouquinhos. Infelizmente tem sido assim, e não
é só no Governo do Lula, não. Os Municípios têm sido matados à míngua, e o
cidadão mora no Município, as suas demandas são do Município. Essa lógica tem
de ser invertida, o processo federativo do Brasil tem de existir, porque hoje é
uma grande farsa. Portanto, nós vamos aprovar com muita alegria, se Deus
quiser, este Projeto.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Margarete Moraes): Agradeço a fala do
Ver. Sebastião Melo.
Quero anunciar, com
muito gosto, por meio do auxílio do Ver. João Carlos Nedel, a presença do Ver.
Euzébio dos Santos, do PDT, Presidente da Câmara Municipal de Pinhal Grande, e
do Ver. Pio Scapin, do Partido Progressista, também da cidade de Pinhal Grande.
Sejam bem-vindos.
O Ver. José Ismael
Heinen está com a palavra para discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. JOSÉ ISMAEL
HEINEN: Exma Presidenta, nobres colegas, talvez
eu esteja me excedendo hoje, mas é que área habitacional e cooperativismo são
como paixões deste Vereador. Eu me preocupo muito - muito mesmo - com uma casa
digna para todos os brasileiros, para as famílias brasileiras, para que possam
morar dignamente. E este Projeto vem simplificar, como o outro também, o uso do
solo, para que possamos ter acesso mais simplificado, com menos custo, à casa
própria. Como cooperativista, eu tenho a certeza de que, através do
cooperativismo, nós podemos multiplicar as residências que estão sendo
projetadas pela Caixa Econômica Federal, ou por qualquer outro sistema.
A nobre colega Verª
Sofia Cavedon falou que eu não visitei o Chapéu do Sol, que nunca caminhei em
certos lugares. Eu estou visitando muito mais os locais em que pedem a minha
presença, onde há os problemas de Porto Alegre. E tenho visitado vilas,
invasões que ficaram sedimentadas.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte?
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Posso dar aparte, nobre Presidenta?
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Sim.
O Sr. João
Antonio Dib: Nobre Ver. José Ismael Heinen, eu fico muito impressionado
com as posições da antiga Frente Popular. Eles faziam sobrados de 32 metros
quadrados; só a escada levava quatro metros.
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Obrigado, nobre Vereador.
Na semana passada eu estive na Vila União,
conversando com os moradores. Vejam, V. Exas., o que me foi apresentado: um
monte de fiação, com poste quebrado - tínhamos de nos abaixar para podermos
passar -, esgoto a céu aberto, ruas de um metro, de um metro e meio, de setenta
centímetros, casas com paredes de papelão - uma vila irregular. Sabe o que é
que eu encontrei lá, nobre Ver. Ervino Besson? Uma rua asfaltada! Mas o esgoto,
a água, a habitação, a luz, tudo isso num submundo. Ruas de meio metro, para
levar o rancho, buscar o rancho...
Temos que nos conscientizar de que ainda está em
tempo de fazermos uma regularização fundiária digna, para que Porto Alegre não
se torne uma “Rocinha”. E estes Projetos vêm colaborar com isso; tanto o
Projeto desta Administração, do Prefeito Fogaça, como também o nosso Projeto.
Aqui diz: “Terreno de 75 metros quadrados”. Eu prefiro que sejam terrenos de
200 metros quadrados, mas para aquele que realmente tem vontade de ter a casa
própria, formar cooperativas, trabalhar um pouco mais e ajudar a adquirir o
terreno. A planta, a Prefeitura disponibiliza. Ele vai morar no projeto básico.
Mas o seu projeto pode ser, nobre Secretário Tessaro, de três quartos, dois
banheiros. Ele, com auto-estima, com futuro, com a construção, unido com seus
filhos, haverá de chegar ao sonho da sua casa própria. Com isso, ele terá também
o habite-se e a regularização fundiária, o pagamento de IPTU. Porto Alegre
deixa de arrecadar um monte de IPTU! Vamos às vilas
pobres porque pedem providências, não pagam IPTU, porque é irregular, mas há
vilas ricas de Porto Alegre que também são irregulares, a Ponta Grossa, por
exemplo; há outros empreendimentos riquíssimos que também não pagam IPTU.
Portanto, dou os
parabéns à nossa Administração, dou os parabéns ao DEMHAB, porque temos que
simplificar o acesso, pois, de posse do acesso à casa própria, com dignidade,
sem precisar pagar o aluguel, vamos em busca do castelo dos nossos sonhos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para
discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, público presente, assistência do Canal 16,
Diretor-Geral do DEMHAB, Nelcir Tessaro, que também se encontra presente,
estamos discutindo este tema que é de fundamental relevância para a Cidade. E,
Tessaro, felizmente estamos podendo discutir porque temos a possibilidade de
uma parceria fundamental com a Caixa Econômica e com o Governo Federal, na qual
o Município tem um papel fundamental também. Tenho uma visão muito clara de que
é impossível resolver o problema da habitação sem uma parceria dos Poderes
Públicos, Governo Federal, Governo Estadual e Municípios. Infelizmente o
Governo Estadual não tem feito absolutamente nada em relação à habitação. Eu
não conheço uma casa edificada neste período pelo Governo do Estado.
Então, convivemos com
um atraso muito grande nessa área, mas temos a felicidade de ter a Caixa
Econômica revitalizada, com bastantes recursos, como nunca antes tidos neste
País para os programas habitacionais, especialmente para os programas sociais.
Isso é muito bom. E o Município tem que fazer a sua parte, está aqui para fazer
a sua parte e tem aqui a discussão e a colaboração desta Casa, da nossa
Bancada, para que avancemos na busca de soluções para a população de baixa
renda ou para a população praticamente sem renda - e são muitos os casos -,
para a qual o Governo Federal tem programas subsidiados, programas de
investimentos, o que antes não acontecia. Não tinha nem para quem queria e quem
podia pagar, talvez para fugir do aluguel. Agora tem para esses e tem também
para quem não tem renda. Isso é importante, e é uma situação inédita.
É verdadeiro também
isso que fala o Ver. Sebastião Melo, do aspecto do crescimento desordenado das
cidades. Isso tem nome, porque, nos últimos quarenta, quarenta e cinco anos,
nós tivemos uma inversão drástica: 70% da população que vivia no Interior
passou a viver em áreas urbanas. Uma demanda que exerce uma pressão exagerada
sobre os órgãos públicos, que tem que dar resposta à infra-estrutura de
habitação, de saneamento, de pavimentação, de escola, de segurança e de emprego
nas cidades. É por isso que nós vivemos muitos dramas no mundo moderno,
justamente pela forma como foram conduzidas as políticas no passado e pelo que
produziu de exclusão, especialmente na época da ditadura militar, quando muita
gente foi jogada para as cidades. E não precisava, nós poderíamos ter tido um
desenvolvimento mais equilibrado, como a Europa tem hoje. A Alemanha tem onze
mil municípios, e a Itália tem dezesseis mil municípios. São todas cidades
medianas ou pequenas, e os problemas são mais fáceis de serem concertados.
No entanto, nós
vivemos esta situação, e isso acontece em todo o Terceiro Mundo. Todo o mundo
pobre viveu isso. As pessoas todas foram jogadas para as cidades. Quem não tem
familiares ou origem aqui no Interior? Vamos ver. A ampla maioria foi parar nas
grandes cidades. Talvez não por vontade própria, mas por imposição da
conjuntura e das circunstâncias.
Então, é preciso,
sim, que nós criemos soluções, é preciso que a gente tenha como produzir uma
parceria, criando condições para a viabilização de financiamentos e de
investimentos para essa população que tanto necessita. Eu nem falo de sonho, é
uma necessidade básica, humana, fundamental. Creio que nós temos feito muito,
enquanto Frente Popular, por esta Cidade, mas tudo o que se fez é aquém do
necessário, precisamos mais um governo, mais outro e mais outro. Talvez, sejam
necessários vinte ou trinta anos para debelar a situação do déficit habitacional, que é uma situação
herdada e criada pelo conjunto dos elementos que foram impostos para a
sociedade, especialmente pelos regimes autoritários. Obrigado, Sr. Presidente;
obrigado a todos os demais colegas Vereadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, a questão da moradia está intimamente ligada a um complexo
imenso de fatores, a exemplo dos fatores histórico-geográficos, pois temos um
País que começou a sua colonização pelo Litoral e que, a muito custo, conseguiu
interiorizar essa civilização. Na verdade, a civilização brasileira é quase
toda litorânea, 80% de brasileiros moram nessa faixa do Litoral, que contém, no
mínimo, 16 capitais brasileiras. Oitenta por cento da população brasileira,
hoje, é urbana. E, se houve uma coisa que foi saudada, se houve uma idéia que
foi muito bem aceita pelo povo brasileiro, foi, indiscutivelmente, a criação,
no Governo Lula, do Ministério das Cidades. Se 80% da população brasileira é
urbana, por que não criar o Ministério das Cidades? Cinco mil, quinhentas e
poucas cidades brasileiras têm, mais ou menos, os mesmos problemas, seja na área
da moradia, na área do saneamento básico, na área dos transportes, que são
elementos comuns que, estudados geograficamente, sociologicamente e,
especialmente, administrativamente, poderiam ter uma solução uniformizada, mais
competente, e poderia ser um assunto muito mais debatido, muito mais estudado,
porque seria debatido não só no Ministério das Cidades, mas pelas 5.500
cidades, seus Prefeitos, seus técnicos e seus administradores.
Pois as questões da
moradia não param na moradia. Há as questões de Assistência Social dos
Governos, num País ainda em formação; há as questões da Educação,
especialmente da Educação Infantil, Verª Sofia Cavedon, na qual nós falhamos
tanto; há as questões da educação primária e as questões do saneamento básico.
Hoje nós temos, na cidade de Porto Alegre, no máximo, 25% das casas com
saneamento. Há vilas, Verª Sofia, como a Wenceslau Escobar, a Timbaúva, a
Cruzeiro, em que nós temos asfalto nas ruas - maravilhoso! -, mas, ao lado do
asfalto, há a questão do esgoto a céu aberto. A pobreza convive com a feiúra,
com o mau cheiro, com a desgraça da discriminação, com os piores problemas da
população, e essa convivência diária com o que há de ruim, com o que há de
resto condena a nossa pobreza por falta de políticas. Nós todos erramos como
políticos, como estrutura e como administração.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO:
Mas esse esgoto, Vereador, misturando o pluvial com o cloacal, não havendo individualização
do cloacal, é infecto e gera doenças. No momento em que isolarmos e fizermos
todo esse projeto que está no DMAE - e esses 103 milhões de reais vão ser
aprovados -, nós vamos ter um esvaziamento dos hospitais de Porto Alegre,
porque as zoonoses, as questões das doenças ligadas à falta de saneamento,
como, por exemplo, as diarréias infantis, a hepatite, as questões de pele
graves que...
O Sr. Carlos
Todeschini: Para
o auxiliar, Vereador. Numa parte desse projeto está prevista a coleta no
sistema misto, e assim o é em todas as cidades avançadas do mundo, como Tóquio,
como Kyoto, como Londres e como Paris também. Portanto, há um equívoco na sua
informação.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO:
A questão do sistema misto, para que toda a Porto Alegre saiba... Para todas as
pessoas que têm sistema misto há uma questão vergonhosa, que é a falta de
saneamento, porque misturar esgoto cloacal com pluvial não dá saneamento, dá
escoamento apenas. O que dá saneamento é a separação. Nós temos 25% dos esgotos
cloacais separados dos pluviais na cidade de Porto Alegre. Esse dado é do DMAE.
Esse dado, inclusive, está num estudo feito pela Metroplan. E eu queria até lhe
dar uma informação: as questões de Porto Alegre, do número de favelas, o que
aumentou muito na cidade de Porto Alegre, não é proveniente do êxodo rural,
não. O êxodo rural é muito mais visto, segundo esse trabalho citado, de um
sociólogo da Metroplan, muito mais evidente nas cidades-satélites de Porto
Alegre do que em Porto Alegre. Porto Alegre não tem praticamente êxodo rural,
inclusive tem um crescimento populacional muito pequeno e, às vezes, negativo.
Então, as questões não estão ligadas ao êxodo rural, ao inchamento da cidade de
Porto Alegre.
E outra coisa, Vereador: serei obrigado a lhe
contestar. Dizer que essa é uma situação herdada, depois de dezesseis anos...
Aí já não é mais herança, é herança da herança da herança. Em dezesseis anos
não se pode falar em coisa herdada.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra
para discutir o PLCE nº 015/05.
O SR. CARLOS
COMASSETTO:
Sr. Presidente, Dr. Goulart; prezados Vereadores, prezadas Vereadoras, público
que nos assiste, o problema habitacional brasileiro, o problema habitacional
gaúcho e o problema habitacional porto-alegrense não surgiram hoje, eles vêm se
agravando através de décadas. Na década de 60, a população brasileira vivia -
na sua grade maioria, mais de 60% da população brasileira - no meio rural. Hoje
mais de 90% da população brasileira vive nos meios urbanos, e, dessa população
brasileira, 60% vive nas grandes metrópoles ou nas regiões metropolitanas. E
Porto Alegre é uma dessas regiões metropolitanas que têm uma deficiência na
questão da habitação popular e da habitação comunitária.
Inclusive nós temos um problema de ordem legal,
de ordem ambiental, de ordem de qualidade de vida e de moradia, e qual é? São
os loteamentos irregulares. Nós temos de enfrentar a questão da ocupação do
solo irregular, que é feita por especuladores, por loteadores que chegam numa
determinada área, principalmente na Zona Sul de Porto Alegre, pegam áreas de
preservação ambiental, pegam áreas impróprias para moradia, pegam áreas que não
têm nenhuma infra-estrutura, e a infra-estrutura está há quilômetros dessas
áreas, metem uma máquina, simplesmente uma máquina, e vendem esses lotes
irregulares para as pessoas.
Nós temos hoje em Porto Alegre em torno de
seiscentas vilas irregulares. Isso é um problema social, e não é o Município
que resolverá sozinho. Isso tem de ser feito com uma política integrada. E,
nessa política integrada, cada esfera tem de cumprir o seu papel. E aqui quero
fazer essa referência, por quê? Porque hoje há um programa do Governo Federal
disponível para habitação de baixa renda. Esse programa federal é um recorde
histórico; na história da República brasileira, é a maior cifra que está sendo
destinada para habitação popular: 18,2 bilhões de reais. Isso movimenta a
economia brasileira. E todos nós sabemos que a construção civil é um dos
segmentos que mais desenvolve a Economia, porque tem toda a sua cadeia, desde
as olarias, os trabalhadores de uma maneira geral, os pequenos e médios
empresários.
Nós constituímos, no ano passado, um comitê de
acompanhamento da aplicação dos recursos federais para Porto Alegre. Por que
isso? Como Vereador de situação, em relação ao Governo Federal, da base do
Governo Lula, temos a responsabilidade de fazer com que esses projetos sejam
aplicados em Porto Alegre, e bem aplicados. Temos feito reuniões de quinze em
quinze dias, da qual participam o Instituto dos Arquitetos do Brasil, a
Sociedade de Engenharia, o Fórum das Cooperativas, a Confederação Nacional de
Associações de Moradores, a Caixa Econômica Federal, o Sinduscon, entre outros.
Nós constatamos que temos uma equação em Porto
Alegre para resolver. A primeira delas é que a indústria da construção civil
não tem a cultura de construir para a habitação popular. Então existem recursos
para construir até seis salários mínimos, que é o Programa de Arrendamento. O
segundo estrangulamento é que a legislação municipal estava em desacordo, então
o Governo Municipal enviou este Projeto de Lei para receber os recursos do
Governo Federal, e o nosso papel aqui é qualificá-lo.
Fizemos duas Emendas, em nome do PT, que já
estão acordadas, sendo que uma delas diz que esses recursos podem ser de até
seis salários mínimos, pega todos os programas do Governo Federal para aqueles
que não têm salário e para os que ganham até seis salários mínimos. Há algumas
Emendas para as quais não conseguimos acordo, e faço um alerta aqui, Ver. João
Dib: em uma delas nós pedimos a supressão do artigo 6º. Por que a supressão do
artigo 6º? Aqui diz (Lê.): “Fica dispensada a prestação de garantia na
implantação de loteamentos aprovados com base nesta lei”. Esses empreendimentos
aprovados não serão desenvolvidos somente pelo Poder Público, serão
desenvolvidos também pelo setor privado, principalmente os Programas de
Arrendamento Familiar. E mesmo a indústria da construção civil dizia que
deveria prestar garantias para que não ficassem os empreendimentos no meio.
Então esse é um tema para o qual ainda há possibilidade de diálogo, a fim de
exigir a garantia dos empreendedores no sentido de que venham a executar esses
programas. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o
PLCE nº 015/05. (Pausa.) O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 015/05.
O SR. RAUL CARRION: Bem rápido, não
quero passar muito tempo aqui. Gostaria de lembrar - até conversava com o Ver.
João Dib - que, no Plano Diretor anterior, o lote mínimo, Ver. Ibsen, era de
300 metros quadrados. No atual Plano Diretor, Verª Maria Celeste, foi baixado
para 150 metros quadrados. Agora, o que se propõe é baixar para 75 metros
quadrados. Onde é que nós vamos chegar?
Vou botar mais dois elementos, Ver. Todeschini:
na Constituição, quando trata do usucapião especial, qual é a metragem? São 250
metros quadrados. No Estatuto da Cidade, quando trata do Direito Real de Uso,
quantos metros quadrados são definidos, Ver. Comassetto? Também 250 metros
quadrados. O que significa isso? Será, Ver. Elói, que constam 250 metros
quadrados na Constituição para fins de moradia ou usucapião? E, no Estatuto da
Cidade, constam por um capricho do legislador? Não é por capricho, são
dimensões mínimas para a dignidade humana, sabendo que as famílias, Verª
Maristela Meneghetti, se multiplicam. Se o pai de família, Ver. Elói, tem hoje
uma terrinha - não estou nem chegando nos 250 - de 150 metros quadrados, quando
o filho mais velho crescer, ele terá lá no terreno, já disse muito bem a Verª
Sofia, um cantinho para o filho, para a filha, até um cantinho para a casinha
do cachorro. Do jeito que nós vamos, Ver. Dib, 75 metros quadrados...
E eu vou chamar a atenção, Ver. Professor
Garcia: a testada mínima é de 5 metros quadrados. Há uma exigência do Código de
Obras sobre a distância. Se for uma casa de madeira, para o lote vizinho,
deverá haver um metro e meio pela direita, e a distância do lote vizinho pela
esquerda deverá ser de um metro e meio. Sobrou quanto para a casinha do pobre?
Três metros! Aí nós vamos inaugurar, além do enterro para o pobre... O DEMHAB
vai ser a autarquia da casa para o pobre. Para o pobre, vale tudo! Para o
pobre, três metros de frente! Pobre: 75 metros de área. Gente, vocês querem
isso para Cidade? Criar, Vereadora, um apartheid habitacional? Pobre: 75
metros quadrados; classe média para cima: 150 metros quadrados. Eu acho que não
é correto.
Ver. Mario Fraga, e o Ver. Mario Fraga conhece
as vilas, aquela mesma favela lá tem ou não tem mais de 75 metros quadrados? O
povo gaúcho é acostumado com a penúria. Mas quem sabe não há espaço em Porto
Alegre. Não há espaço em Porto Alegre, Ver. Dib, que é conhecedor? Do Plano
Diretor feito, antigo, só na área urbana, cálculo: 2 milhões e 700 mil
habitantes. Só na área urbana.
(Manifestação anti-regimental.)
O
SR. RAUL CARRION: São 2 milhões e 400 mil, corrige-me o Vereador. Eu acho que são
2 milhões e 700 mil, mas vou deixar por 2 milhões e 400 mil. Temos 1 milhão e
400 mil, cabe mais um milhão! E 41% é de vazio urbano! E 25%, Verª Margarete
Moraes, são de cem famílias, que se adonaram. E aí o que acontece, Ver. Ervino?
Em vez de nós enfrentarmos o vazio urbano, de fazermos uma reforma urbana, nós
vamos lá e apertamos o pobre que nem sardinha em lata! Não é esta a Cidade que
nós queremos! Não é esta!
E
não me venham dizer que a Frente Popular aceitava isso. Está no Plano Diretor
da Frente Popular: 150 metros quadrados. Se alguém vai reduzir o lote em Porto
Alegre para 75 metros quadrados, não será a Frente Popular, mas o atual
Governo, que vai ter que assumir isso nas comunidades.
Nós esperamos que os Vereadores ainda raciocinem
nesse sentido e aprovem esta Emenda. Mas, se não aprovarem, não há problema,
Ver. Oliboni. Lá nas comunidades, quando for feito o loteamento popular, nós
vamos estar juntos com o povo, exigindo um terreno mínimo de 125 metros
quadrados, exigindo dignidade para o nosso povo.
Se existe um grande déficit, vamos colocar isso
na conta de Governos que esqueceram da habitação popular. Até quero fazer um
reconhecimento, Ver. Dib: os últimos planos habitacionais que este País teve
ainda foram no tempo do regime militar. Depois, concluo, acabaram com o BNH; o
Governo Britto, neoliberal do PMDB do Ver. Sebastião, acabou com a Cohab;
liquidaram com todo e qualquer plano habitacional. Agora recomeça, mas nós
queremos recomeçar bem, com o pé direito, não com 75 metros quadrados! Pobre
não é para ser tratado como bicho! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Paulo
Odone está com a palavra para encaminhar a votação do PLCE nº 015/05.
O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, tenho economizado as intervenções aqui para tentar apressar o
processo de votação, que é de interesse de todos, mas vou encaminhar. Em alguns
momentos, é preciso colocar as coisas bem objetivamente, é preciso colocar
sobre o que se está votando nesta Casa.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 015/05.
A SRA. SOFIA
CAVEDON:
Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
eu acho incrível como um Vereador do Partido Popular Socialista fala das
esquerdas. Deveriam, Ver. Odone, por coerência, mudar o nome do seu Partido.
Socialista, popular...!? Nós sabemos, pelas suas práticas de Governo, como foi
a do Governo Britto, que não há nada de socialista e nada de popular! Ao
contrário, é privativista, pós-neoliberal, do Estado mínimo, da retirada de
direitos, e eles mantêm, ostentam, não sei por que, essa sigla! E vêm aqui
bater nas esquerdas, para, inclusive, desonrarem um nome tão importante como o
socialismo, que é a nossa utopia, que é assim: que haja terra para todos, teto
para todos, dignidade para todos!
Nós nos orgulhamos de passar dezesseis anos, 365
dias por ano, visitando a periferia da Cidade, sim, com o pé no barro, sim! E
aprendemos, muitas vezes, com aquele povo que vive nas ruelas bem estreitas,
eles exigem dignidade! Eles discutiram conosco cada loteamento! Eles discutiram
os limites dos recursos! Eles disputaram um quarto mais digno, uma sala, uma
cozinha, um módulo! Eles, porque são pessoas! São cidadãos que sabem avaliar o
que é a possibilidade do momento, mas também o que é o necessário avanço
progressivo das políticas sociais!
Nós não podemos nos render aqui ao discurso de
quem defende o Estado mínimo, de quem defende a acumulação de riquezas, de quem
acha que, por caridade, por pena, por compensação, se pode dar o mínimo dos
mínimos ao povo pobre excluído. Nós defendemos voz e poder para o povo - que
nunca teve voz e poder - defender a política pública! Esse sempre foi o nosso
compromisso! E, muitas vezes, nós não conseguimos garantir uma área suficiente!
Nós agora nos reunimos aqui para discutir a verdade. Talvez o Loteamento Chapéu
do Sol não tenha 75 metros quadrados em cada terreno, foi a construção possível
na época, mas nunca abandonamos a utopia. Há muita área em Porto Alegre que
pode ser destinada, sim, à habitação popular. Há muito prédio público
abandonado, esqueletos no Centro da Cidade que podem ser, sim, reformados,
transformados em habitações populares, como aqueles que os programas do Governo
Lula já viabilizaram. Cada uma dessas situações vai ofertar, vai possibilitar
um tipo de habitação, uma forma de organização do espaço.
Por isso, nós achamos necessário que se ponha o
ideal na lei, que se coloquem metas mais ousadas, que se busque a dignidade,
que nos aproximemos do que seria importante! Depois nós queremos discutir sobre
cada projeto, como fizemos com cada comunidade - com a da Princesa Isabel, com
a Vila das Placas, hoje Condomínio dos Anjos. Se vocês forem lá olhar, verão
que belos apartamentos! Ali foi possível construir, juntar recursos, já que, no
Entrada da Cidade, a discussão era outra, com outros agentes, com outro
financiamento; é outro tamanho, é outra dignidade, uma leitura do tipo de
atividade produtiva, a necessária colocação de galpões para reciclagem, de
acomodação para essa atividade específica.
Então, cada lugar é um lugar, e a gente só constrói
saídas dignas com a participação, com o protagonismo direto da população. Nós
fizemos isso, Ver. Ervino Besson, e, infelizmente, todas as Bancadas de
oposição, nesses dezesseis anos, não caminharam conosco nesse processo, não
estavam nas reuniões do Orçamento Participativo! Não viram a sabedoria do povo,
o quanto o povo, algumas vezes, brigou conosco contra o Plano Diretor, e dizia
assim: “É possível, sim, fazer saneamento básico na nossa vila, sem guardar as
proporções exigidas para a calçada e para a rua! E nós exigimos isso, porque
nós queremos ficar aqui! Nós achamos que assim é possível!” E a tecnocracia
tinha que se render à cidadania, à construção coletiva com a população. Esta é
a nossa tarefa: buscar na legislação o que é digno, depois fazer a mediação com
cada comunidade, com cada recurso disponível, com cada plano de financiamento.
Nós nos orgulhamos muito de aprender com o povo!
E eu ouvia o Secretário Clóvis Guimarães, há
duas ou três semanas, dizer: “Não é viável isso, não é possível! O Orçamento
Participativo não é viável!” E eu não acredito que o Governo Fogaça acredite na
organização popular. O que nós estamos enxergando, sim, é uma transição, é uma
transição por intermédio da Governança Solidária, para novamente subtrair
direitos, para novamente tirar o protagonismo popular, para tirar o poder do
povo, Ver. Nedel. E ontem eu ouvia o depoimento de uma líder comunitária no
Mapa: o tratamento arrogante, o tratamento inclusive de ameaças à demanda da
comunidade, a convênios; essa é a atitude que nós estamos vendo deste Governo
com relação à manifestação popular.
Então, senhores, a nossa tarefa aqui é
direcionar as leis, os programas, para o melhor possível e,
depois, continuar construindo com a população, como fizemos nesses dezesseis
anos. E nós fomos mudando, sim, a face da Cidade, a partir da sabedoria, do
poder e do direito que o povo tem de construir junto com o seu Governo as
políticas públicas para a sua vida.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 015/05.
O SR. ELÓI GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, não fora a desproporcionalidade da crítica, a falta de
razoabilidade, dado que se trata de uma matéria para ser saudada... Porque, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ainda pensamos que é preferível pouco para muitos
do que muito para poucos. O Ver. Raul Carrion esquece essa máxima. Então, essa
história de vir aqui e dizer que se tem o monopólio da esquerda não é assim!
Qual esquerda? Nós entendemos ainda e continuamos perfilados de que é
preferível pouco para muitos do que muito para poucos.
Se examinarmos, e nós
conhecemos a Cidade, os bairros tradicionais da cidade de Porto Alegre,
encontraremos terrenos - vejam, bairros tradicionais de Porto Alegre - de 250
metros quadrados, já em bairros populares as dimensões são bastante pequenas.
Agora, esse é um plano social para uma chaga, que é a falta de habitação. Por
exemplo, num espaço de 75 metros quadrados - e não vamos repetir o que ouvimos
aqui, da forma como se colocou - dá perfeitamente, sim, para se construir
habitações dignas, porque, quando se fala em habitação, se fala em saneamento.
Com a habitação, pequena que seja, virá o saneamento, o que hoje essas
populações não têm.
Esses últimos anos registram um déficit
fantástico em termos habitacionais. E, quando vem um Projeto com essa natureza,
cujos recursos de engenharia hoje se dispõem, Ver. João Antonio Dib, com casas
geminadas, o que amplia as áreas... Estão aí, por exemplo, as casas geminadas
nas áreas nobres da Cidade! Então, quando vem um plano especial, um plano
social para investimentos na área da Habitação, nós assistimos aqui, ao invés
de se saudar o Projeto, a críticas desproporcionais e infundadas! Não venham me
dizer que uma casa de 25 metros, 30 metros quadrados, que é o que comporta
esses lotes, é indignidade! Não, absolutamente não! Se percorrermos os nossos
bairros tradicionais, e não precisaria citar, nós vamos encontrar exatamente o
velho padrão da casa de 5m por 5m, 25 metros quadrados, isso nos nossos
bairros, nas nossas vilas. Quando vem um plano com essas características, nós
deveríamos saudá-lo, porque o que se fez até esta data, nesses últimos tempos,
em matéria de habitação, foi exatamente algo que determinou que as favelas se
amontoassem. Portanto, trata-se de um grande Projeto que nós temos de aprovar.
Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para encaminhar a votação do PLCE nº 015/05.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não posso perder a
oportunidade de cumprimentar os nobres e distintos Vereadores que sabem muito
bem procrastinar. Nós temos discutido matérias que foram aprovadas por
unanimidade nas Comissões. Unanimidade! E nós estamos discutindo, nós não
estamos querendo resolver. Nós temos Projetos que falam de recursos a serem
obtidos para que a Cidade possa andar e fazer as construções das habitações que
aqui estão solicitadas. Nós não precisamos fazer isso! Nós vemos a comunidade
comparecer aqui, diariamente, para votar ou não o plebiscito; nós não podemos
fazer isso! Matéria que é de plena concordância de todos nas Comissões é
discutida, e nós não fizemos nada.
São
18h15min, temos mais meia hora de Sessão para depois prorrogar por mais duas
horas, se ainda tiverem vontade de trabalhar. Nós perdemos muito tempo
repetindo as mesmas coisas.
Nós vamos votar, tranqüilamente, pela aprovação
do Projeto. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para
encaminhar a votação do PLCE nº 015/05. (Pausa.) Desiste.
Em votação o PLCE nº 015/05. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
O SR. PAULO
ODONE:
Sr. Presidente, precisamos registrar que temos votos da maioria absoluta, já
que é um Projeto de Lei Complementar. Acho que, por zelo, é melhor fazer
nominal. Se constar na Ata que foi aprovado por maioria absoluta, está
resolvido; senão teremos de abrir o painel.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Foi por unanimidade, Excelência.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Raul
Carrion, a Emenda nº 01 ao PLCE nº 015/05, destacada pelo próprio Vereador.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA por 06 votos SIM e
21 votos NÃO.
O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Sr.
Presidente, vai ser votada agora a Emenda nº 02 ao PLCE nº 015/05, e este
Vereador sugere que as Emendas nºs 02 e 03 sejam votadas conjuntamente.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Como elas estão destacadas desde o início,
Excelência, é necessário que elas sejam votadas separadamente.
Em votação a Emenda nº 02 ao PLCE nº 015/05,
destacada pelo Ver. Raul Carrion. (Pausa.)
Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com o voto contrário do Ver. João
Dib.
Em votação a Emenda nº 03 ao PLCE nº 015/05,
destacada pelo Ver. Raul Carrion. (Pausa.)
Os
Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com o voto contrário do Ver. João
Dib e do Ver. José Ismael Heinen.
Encerrada a votação do PLCE nº 015/05.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Obrigado, Excelência.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr. Presidente, conforme combinado - e houve
consenso -, tão logo terminasse a votação, entraríamos na Comissão Conjunta
para votar a questão do DMAE, que tem de ser votada hoje. E já há o
entendimento da Casa.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Sr. Presidente, eu acho que, antes das Comissões
Conjuntas, nós precisamos votar os dois Requerimentos de Regime de Urgência,
que é uma votação simples.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Um minuto. Eu solicito o comparecimento das
Lideranças à Mesa, para continuarmos os trabalhos.
Estão suspensos os
trabalhos.
(Suspendem-se os
trabalhos às 18h21min.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart - 18h23min): Estão reabertos os
trabalhos.
Aceito o Requerimento
verbal do Ver. Dib e o coloco em votação.
Em votação o
Requerimento do Ver. Dib que solicita votação, em bloco, dos Requerimentos
s/nº, de autoria da Verª Mônica Leal, solicitando Regime de Urgência ao PLE nº
009/06 e ao PLE nº 010/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. s/n. (Ver.ª Mônica Leal) – requer Regime de Urgência para o PLE 009/06
- Processo N. 0962/06, que cria na Secretaria Municipal de
Direitos Humanos e Segurança Urbana, a Corregedoria da Guarda Municipal e a
Ouvidoria da Guarda Municipal; cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas
na Administração Centralizada e dá outras providências. (incluído em 23-03-06)
REQ. s/n. (Ver.ª Mônica Leal) – requer Regime de Urgência para o PLE 010/06 - Processo N. 0963/06,
que cria Cargos em Comissão na Administração Centralizada, altera a
Especificação de Classe de Cargos de Guarda Municipal, constante da letra “b”,
do Anexo I, da Lei n. 6.309, de 28 de dezembro de 1988, altera as
Especificações de Classe de Cargos de Guarda Municipal, constantes, do Anexo
II, da Lei n. 6.203, de 28 de outubro de 1988, alterada pela Lei n. 6.412, de 9
de junho de 1989, da letra “b”, do Anexo II da Lei n. 6.253, de 11 de novembro
de 1988, alterada pela Lei n. 6.410, de 9 de junho de 1989 e da letra “b”, do
Anexo I, da Lei n. 6.310, de 28 de dezembro de 1988, alterada pela Lei n.
6.411, de 9 de junho de 1989, e dá outras providências. (incluído em 23-03-06)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Em votação o bloco contendo os Requerimentos s/nº,
de autoria da Verª Mônica Leal, solicitando Regime de Urgência ao PLE nº 009/06
e ao PLE nº 010/06. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a
solicitação que eu fiz é de que os dois Requerimentos que estão em primeiro
lugar na Ordem do Dia sejam votados, porque eles dependem de recursos que a
Prefeitura só pode obter até o dia 31.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Excelência, se eu não me engano, eles já foram
votados. Veja com sua assessoria.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, quero fazer uma comunicação. Eu
estive aqui ao lado agora, e há um movimento de paralisação dos funcionários da
CARRIS, devido à quantidade de assaltos que os motoristas e cobradores estão
sofrendo nas imediações da Câmara. Toda a linha do ônibus T-1 está paralisada.
É uma reunião com mais de duzentos funcionários. Quero fazer esse registro,
dada a gravidade da situação. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Está anotado, Excelência.
Apregoamos o Ofício
nº 149/06GS/SMAM, do Ver. Beto Moesch, então Secretário, solicitando
autorização para o seu retorno a esta Casa amanhã, no dia 30. O Vereador
solicita que a Mesa permita o seu pronunciamento na nossa tribuna, o que
entendemos que deva ser feito em tempo de Liderança da sua Bancada.
Neste momento, estão
suspensos os trabalhos.
Passamos à Reunião
das Comissões Conjuntas sob a presidência do Ver. Ibsen Pinheiro.
(Suspendem-se os
trabalhos às 18h26min.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart - 19h14min): Estão reabertos
os trabalhos. O Projeto a seguir é o Projeto do Ver. Ibsen Pinheiro.
Solicito abertura do painel eletrônico para
verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Carlos Todeschini. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) Temos 24 Vereadores presentes. Há quórum.
Solicito, neste momento, que os Vereadores se
manifestem a respeito da inversão dos trabalhos para que comecemos a apreciar o
PLL nº 188/05, de autoria do Ver. Ibsen Pinheiro.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Por
gentileza, Sr. Presidente, eu verifico, na assistência, um cartaz que é
ofensivo aos Vereadores: “Vereador=enrolação”. Nós não estamos enrolando, nós
estamos trabalhando! Então, pediria que a Segurança conversasse com as pessoas
para que retirem o cartaz ofensivo aos Vereadores, que estão aqui trabalhando.
A SRA. SOFIA
CAVEDON (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para fins da legalidade da nossa
Reunião, não deveríamos ter prorrogado a Sessão?
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Ainda estamos dentro do período, Vereadora.
Faltavam 20 minutos para terminar quando suspendemos os trabalhos, e ainda não
se esgotaram os 20 minutos.
O Ver. Sebenelo se sente
incomodado com o cartaz que diz “Vereador=Enrolação”. Então, eu queria
agradecer o bom senso de quem nos visita, pois o cartaz foi retirado. Muito
obrigado, assim poderemos levar os trabalhos a termo.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
N. 4038/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 188/05, de autoria do Ver. Ibsen Pinheiro, que convoca consulta à
população para o cercamento de logradouros públicos, como largos e parques, com
área superior a 50 mil metros quadrados (cinco hectares), mediante plebiscito,
previsto no art. 20-A da Lei Complementar n. 12, de 07 de janeiro de 1975, e alterações posteriores (Código de Posturas), a ser realizado concomitante com
as eleições de 2006, em conformidade com a Lei Complementar n. 282/92, sendo a
Comissão Coordenadora do processo de plebiscito indicada pela Mesa Diretora da
Câmara no prazo de 30 dias após a publicação desta Lei. Com Emendas nos. 01
a 06 e 8. Com Subemenda n. 01 à Emenda n.01.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Nereu D'Avila: pela inexistência de óbice de natureza jurídica ao Projeto.
Observações:
- incluído na Ordem do Dia, por força do
art. 81 da LOM, em 23-11-05;
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação o PLL nº 188/05. (Pausa.) A Verª
Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, embora esta Câmara esteja demorando para tomar a decisão sobre a
proposta do plebiscito, nós ganhamos bastante tempo e já fizemos bons debates
sobre esse tema. E a nossa Bancada entende que é determinar para além do que já
está previsto no Plano Diretor, no sentido de que, havendo intenção, vontade de
alguma comunidade, do Governo de cercar determinado parque, já está previsto
que se deverá fazer uma consulta na forma de plebiscito, que se deverá ter o
parecer do conselho da área. Achamos que propor na forma da lei, plebiscitar
dessa maneira aberta o cercamento de parques, é, sim, criar uma demanda que não
está colocada na sociedade. (Palmas.)
Ao contrário, o que
nós ouvimos no nosso cotidiano... A Bancada do Partido dos Trabalhadores esteve
no Brique nesta semana, numa postura de escuta. E o nosso tema não era o
cercamento de parques, nós perguntávamos à população que presente dariam a
Porto Alegre, e as pessoas espontaneamente vinham dizer: “Queremos este parque
lindo, aberto, seguro, cheio de gente, congraçando a Cidade e não cercando a
Cidade, não criando apartheids na Cidade”.
Também queremos registrar
que não há demanda social; ao contrário, é o inverso, Ver. Paulo Odone. Nós
tivemos passeatas, caminhadas de escolas inteiras solicitando o cercamento de
escolas. Se fôssemos pensar neste momento qual é o maior clamor da sociedade em
relação à segurança, saberíamos que ele está nos grupos de professores, que têm
que se responsabilizar por 1.500 alunos, mas que não têm uma cerca decente para
poder estabelecer regras com a comunidade. Isso não para fecharem a escola à
comunidade, mas para poderem estabelecer limites, para poderem fazer
combinações no sentido de que os alunos entrem de forma ordeira, entrem nos
momentos em que dá para entrar, nos momentos combinados e construídos com a
comunidade.
Se vamos ouvir, enquanto
Casa do Povo, o clamor popular, nós vamos tomar providências sobre a Segurança
Pública nas ruas da Cidade muito mais do que nos parques, Ver. Haroldo; nas
lotéricas, nos automóveis, no trânsito, na frente dos edifícios onde estamos
sendo assaltados, onde as pessoas estão levando tiros, onde a vida e a
integridade física das pessoas estão sendo ameaçadas. Não é este o clamor
popular: o clamor dos parques.
Nós achamos, Ver. Ibsen,
que, por mais que seja muito bem-intencionado o seu Projeto, na verdade, ele é
uma ante-sala para o cercamento, é um pedido, uma indução à Cidade para cercar
parques. E a resposta ao problema da violência, do uso do espaço, é muito mais
complexa do que um “sim” ou “não”, de cercar ou não cercar, de se decidir em
plebiscito. Nós achamos que a resposta tem que ser construída em torno de cada
parque. Se temos problemas com o Parque Harmonia, vamos reunir com os usuários,
com os vizinhos, com os moradores, com as instituições públicas e privadas,
vamos construir mecanismos e políticas que o tornem mais seguro, que o tornem
mais acolhedor, que o tornem mais a cara de nossa Cidade.
Portanto, este Projeto não
tem, neste momento, uma serventia; ao contrário, ele indica uma renúncia à luta
e à construção da nossa qualidade de vida. Ele cria uma necessidade que não é exatamente a
necessidade da sociedade. A sociedade quer outras respostas, respostas mais
complexas e mais efetivas. A sociedade já se deu conta de que atrás das grades,
como nós estamos em nossos edifícios, nos nossos condomínios, nos nossos bancos,
nas nossas escolas, não há garantia de segurança; ela já se deu conta de que o apartheid
social - a solução das grades - não garante segurança, está atemorizando. O
crime e a violência estão entrando nos shopping centers, que são
bem-guardados, que são bem cuidados, que são bem cercados e que estão cheios de
segurança. Ela sabe que, quanto mais sofisticamos, quanto mais criamos
barreiras e não enfrentamos as causas, mais se sofistica o crime, mais se
consegue achar formas de burlar e de colocar insegura a sociedade.
Então, esse tema dos
parques nos é muito caro. Não é à toa que está no Plano Diretor o parque como
uma área aberta. Não é à toa que a cidade de Porto Alegre, que é uma Cidade com
um jeitinho provinciano, se for perguntada de forma qualificada, de forma
discutida, vai dizer: “Não, a gente quer é melhorar a nossa qualidade de vida,
a nossa segurança”. Nós queremos construir parcerias, nós queremos construir
instituições públicas fortes, presentes, resolvendo os nossos problemas.
Achamos, por isso,
que é inapropriado o Projeto e votaremos contrários ao plebiscito. O plebiscito
está previsto e deve ser avaliado caso a caso, se a população do entorno achar
que há necessidade, levando em conta as características, o momento, a
conjuntura. Já há previsão legal, não precisa a nossa Casa, de costas para o
que é o real clamor da sociedade hoje, inventar uma demanda que não é a
solicitada, colocando-se contrária a toda construção que fizemos numa Cidade
bonita, numa Cidade para todos, numa Cidade integradora. Obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. ELÓI GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, nós precisamos definir o que votaremos, é preciso saber o que vai
se votar nesta Sessão. O Projeto que vamos votar nesta Sessão não é para cercar
nem para deixar de cercar esse ou aquele parque. É preciso que fique claro
isso, porque a confusão é grande aí fora. Várias pessoas perguntam: “Olha,
vocês vão votar a favor ou contra o cercamento do Parque Farroupilha?” Nada disso!
Não é isso que estamos sendo chamados a decidir. Estamos sendo chamados a
decidir se vamos autorizar, nas próximas eleições, a consulta popular, Verª Angélica.
O que se está votando é se o povo será ou não consultado para dizer se cerca ou
não cerca os parques com metragem acima de cinco hectares.
Devo dizer, e já fiz isso nas primeiras
intervenções, que tenho como regra um pensamento: sou contrário ao cercamento
de parques, áreas de uso comum do povo. E há aquelas situações específicas,
sim, que vão determinar a natureza do parque, as suas proposições de ordem
dessa ou daquela natureza. Se me perguntarem se votarei favoravelmente o
cercamento do que nós denominamos Estância da Harmonia, responderei “sim”; se
me perguntarem se sou a favor ao cercamento do Parque Farroupilha, direi “não”.
E disse, desde o primeiro momento, que sou cabo eleitoral contrário ao
cercamento de parques. Agora, tenho grandes dificuldades, como eu disse antes,
de não permitir que o povo seja chamado a decidir a respeito de uma questão que
é importante, que é relevante, abstraídos os aspectos de ordem legal,
condicional. É uma questão relevante, é uma questão de porte chamar a população
para decidir uma matéria dessa natureza.
Então, o que estamos votando hoje, aqui, nesta
tarde, é se chamamos o povo ou não a votar, em plebiscito, nas próximas
eleições, para manifestarem-se a favor ou contra o cercamento de parques acima
de cinco hectares. É isso que se está votando, não se está votando o
cercamento; o cercamento está sendo entregue à deliberação popular, é de
deliberação popular o cercamento de parques acima de cinco hectares. Hoje não,
agora não. Essa é a verdade solar da discussão que estamos aqui
procedendo. Já disse e reitero que serei cabo eleitoral do “não”; direi “não”
ao cercamento feito de forma generalizada, a não ser que se tenham as condições
necessárias de se fazer a devida especificação.
Fica, portanto, aqui colocado o meu ponto de
vista, inclusive farei Declaração de Voto. Eu sou a favor porque tenho
dificuldade, tenho imensas dificuldades em não poder chamar o povo a decidir,
posto que somos delegados do povo. E negar ao povo, a quem nos delega o
mandato, é algo extraordinariamente difícil de se sustentar. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, quando da votação do fechamento do Parque Germânia, eu vim a
esta tribuna e defendi ardorosamente a minha posição contra a Emenda do Ver.
Nereu D’Avila que dispensava o plebiscito para o fechamento do Parque Germânia.
No domingo, na felicidade de usufruir o Parque Germânia, limpo, bonito, novo,
pintado, constatei a tragédia de ver aquela beleza toda cercada. A cerca tira o
direito de ir e vir. Eu venho defendendo não de hoje, mas há muito tempo, a
questão do plebiscito e eu vou votar favoravelmente - inclusive o Ver. Luiz
Braz, da minha Bancada - a consulta popular. Porque a consulta popular é,
talvez, a maior das essências democráticas; é talvez, indiscutivelmente, a
chance que se tem, fora inclusive do processo eleitoral, da participação
direta, da eleição direta feita pelos munícipes.
Vou repetir o que disse o Ver. Elói Guimarães,
dizendo que seria o cabo eleitoral número um: eu serei o número dois, em
relação ao não-fechamento dos parques. Os parques não podem ser fechados por
todas as razões já enumeradas desta tribuna, argumentadas, sejam elas
sociológicas, sejam elas arquitetônicas, sejam elas espaciais, sejam elas
antropológicas, psiquiátricas, administrativas, financeiras; enfim, por todos
os motivos os parques não podem ser fechados. Mas também não vejo nenhuma
ameaça ao fechamento dos parques na votação da população. No momento em que
achamos que a população não pode participar, damos a essa população o
verdadeiro desprezo à sua opinião, porque ela sabe muito bem que uma das coisas
mais nocivas que se pode fazer ao meio ambiente é o cercamento dos parques; uma
das coisas mais nocivas que se pode fazer à liberdade das pessoas, à sensação
de liberdade, de amplidão, de espaço é, indiscutivelmente, o fechamento dos
parques. Então, estaremos na frente com todas as bandeiras do não-fechamento
dos parques, e os parques não serão fechados.
Porém a proposta do plebiscito - como consulta -
nós não podemos sonegar a essa população, nós não podemos contrariar todas as
posições defendidas, aqui nesta tribuna, a favor da consulta, inclusive para o
Parque Germânia, que foi uma forma de burlar a opinião das pessoas e fechar o
parque; o parque nasceu fechado, porque não se fez o plebiscito, essa questão é
fundamental! E por não terem feito o plebiscito, hoje nós temos um parque
público - não é um parque privado - fechado, sem plebiscito, burlando a lei
apenas com uma emenda.
Então, o plebiscito deverá ser realizado, se
passar neste Plenário. O meu voto é a favor do plebiscito. Mas quero ressaltar que qualquer face do exame da matéria, por
qualquer ângulo que seja observada essa matéria, todas as contra-indicações são
absolutamente formais, visíveis, são eloqüentes, são inequívocas no sentido de
que o fechamento dos parques é um dos maiores absurdos que pode cometer uma
Administração. E eu tenho certeza de que qualquer atitude em relação a isso
sofrerá o veto não só desta Casa, como também do Executivo, no momento em que
falarem, em que pensarem em fechar, por exemplo, o Parque da Redenção, Ver.
Paulo Odone, e nós tivermos a separação pelo muro, por exemplo, do Brique da
Redenção e a Redenção. Seria um verdadeiro absurdo, seria uma afronta ao
pensamento porto-alegrense, é uma agressão aos direitos dos porto-alegrenses de
terem a liberdade de pelo menos nos parques não se sentirem presos.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Obrigado.
O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, quando o Ver. Ibsen Pinheiro apresentou este Projeto, obrigou-me a
pensar muito: “sim” ou “não”? E eu concluí que não posso negar a mim mesmo.
Sistematicamente, reiteradas vezes eu tenho dito: “Chega de leis!” Estou
repetindo o que disse o Governador do Rio Grande do Sul em 1930, há 176 anos:
“Chega de leis, as que existem são suficientes, basta que sejam cumpridas”. E
eu não posso negar a mim mesmo e dizer “sim” ao Projeto do Ver. Ibsen, até
porque a alteração é proposta no art. 20, que foi há pouco tempo aqui aprovado.
O art. 20-A diz (Lê.): “Logradouros públicos, tais como largos e parques,
somente poderão receber cercamento mediante parecer permissível do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental ao Projeto adequadamente após a
aprovação por consulta à população mediante plebiscito”. Então já existe uma
lei. E é tão verdade que existe a lei e que deveria ser por plebiscito que o
Ver. Nereu D’Avila apresentou um Projeto retirando desse texto,
aprovado este ano, a palavra plebiscito.
Eu não acho que seja exatamente o Parque da
Redenção - o Parque Farroupilha -, mas parece que tudo se dirige para o Parque
Farroupilha, e esse é um parque tombado, não pode ser tocado sem mais nem
menos. Eu penso que se perguntasse - e custa alguns milhões de reais o
cercamento de um parque -, num plebiscito, à população se ela quer os nomes das
ruas em placas nas esquinas da Cidade ou cercar um parque, as placas ganhariam
por dez a um, tranqüilamente. Então, eu não vejo por que esta Casa vai fazer
mais uma lei de plebiscito, quando o próprio artigo que se está tentando
modificar coloca que qualquer alteração se fará por plebiscito. E ninguém está
pedindo isso, há outras prioridades para serem resolvidas. (Palmas.) Nós
precisamos atender aos anseios da população e, se precisar fazer o plebiscito,
nós temos mais de uma lei, mais de uma lei! O Ver. Professor Garcia tem uma lei
nesse sentido, e a própria lei aprovada este ano, praticamente por unanimidade,
diz que só pode ser feito por plebiscito.
Não há o que fazer, Sr. Presidente, senão
lembrar mais uma vez o Governador Caetano Maria Gomes Lopes, que em 1830 disse:
“Chega de leis. As que existem são suficientes, basta que sejam cumpridas”.
Então, acho que chega de leis! Saúde e PAZ! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. RAUL CARRION: Exmo
Ver. Dr.
Goulart, demais Vereadores e Vereadoras, creio que nós estamos votando uma
matéria muito importante, Ver. Sebenelo, para o futuro da Cidade, para a face
que a nossa Cidade vai ter a partir dessa votação. Queria dizer que a posição
da Bancada do PCdoB, Ver. Sebastião, Verª Angélica Konzen, não é uma posição
xiita: “Tem de cercar todos os parques”, ou “Não tem de cercar nenhum parque”.
Não entendemos assim, Ver. Odone. Nós achamos que há parques que podem ser
cercados, que há praças que podem ser cercadas e que, portanto, qualquer
consulta à população, para ser correta e transparente, tem que ser concreta,
como disse o Ver. Dib, tem que apontar qual é o parque, qual é a praça que deve
ser cercada. Senão nós vamos fazer um pseudoplebiscito, uma farsa de
plebiscito, e não um verdadeiro plebiscito. Ou será que o povo tem que votar de
forma simplória? “Sim” ou “não” para parques com mais de cinco hectares. Será
que a vida não é um pouquinho mais complexa, Verª Angélica?
Vou dar um exemplo: o Parque Chico Mendes é
cercado devido a determinadas circunstâncias. O Parque Saint-Hilaire é cercado.
Agora, cercar a Redenção, no meu entender, é uma violência! E o povo tem que
saber o que está em jogo. Fala-se que o plebiscito é democrático. Muito bem!
Mas eu pergunto: por que o plebiscito não aponta qual é o parque que se
pretende cercar? Eu vou ler aqui a lei do plebiscito, Ver. Sebastião. Percebam
o que diz a lei, são cinco perguntas que podem ser feitas, segundo a Lei
Complementar nº 323, art. 3º, parágrafo 3º (Lê.): “A consulta plebiscitária
dar-se-á com o máximo de cinco perguntas objetivas com as possibilidades de
resposta ‘sim’ ou ‘não’”. Por que não perguntam: “Querem cercar o Parcão? Sim
ou não? Querem cercar a Redenção? Sim ou não? Querem cercar o Mascarenhas de
Morais? Sim ou não? Querem cercar tal parque? Sim ou não?” Por que se escondem
os parques? Por que querem votar em bloco, Ver. Elói, que é contra o cercamento
dos parques? E o Ver. Elói, a quem eu peço que examine o seu voto, diz: “Eu
quero deixar que o povo decida”. Mas que decida com conhecimento de causa! Nós
fizemos uma Emenda que lista cinco parques, e o Ver. Ibsen não aceitou. Então,
no meu entender, não é um verdadeiro plebiscito. É um plebiscito no qual o povo
não sabe o que está votando. Acima de cinco hectares é geral, é genérico.
Outra questão: por que fazer o plebiscito nessa
eleição, quando se vai decidir o Presidente da República, vão-se decidir os
Governadores, vão-se decidir os Senadores, vão-se decidir os Deputados Federais
e Estaduais, vão-se decidir, em suma, “n” questões? E aí o povo vai poder ter
uma discussão profunda sobre os parques? Não é possível! Só os ingênuos
acreditam nisso. Até para preservar o Ver. Ibsen, pois eu já ouvi dizer e não
acredito: “Não, mas isso tem um objetivo, está ligado às eleições...” Mas não
pode, nós temos que separar o plebiscito da Emenda, é uma segunda Emenda para o
Projeto ser aprovado - e votaremos contra -, para que não ocorra nessas
eleições, para que o povo possa discutir com propriedade, possa discutir
profundamente.
Então, por estas razões: pela data que é
apresentada, que é inoportuna, e pelo fato que o Ver. Dib já acentuou, e outros
já acentuaram, de não discriminar o que vamos cercar... Dizer que o problema de
violência se resolve com cercamento de parque, Ver. Angélica, é como tirar o
sofá da sala para resolver o problema da infidelidade conjugal. Não é o sofá
que causa a infidelidade conjugal. O problema da segurança tem que ser
resolvido com mais policiamento, com mais atenção às questões sociais desta
Cidade. Por isso entendemos que esse plebiscito é incorreto, é inadequado pelo
momento, inadequado por não permitir ao povo uma decisão complexa, como é o
tema. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
Sebastião Melo, a prorrogação da
Sessão por mais duas horas. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 23 votos SIM e 02 votos NÃO.
Convido todos os Vereadores para a exposição de
fotografias do Dr. Alexander Sapiro “Nossas vilas, nossa gente” no Salão Adel
Carvalho.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. SEBASTIÃO
MELO: Sr.
Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu
estive dezenove dias afastado desta Casa, e este assunto foi discutido nesse
período, portanto não tive oportunidade de participar das grandes discussões,
mas acompanhei, Vereador-Presidente, pela imprensa, o acúmulo de debates a
respeito do assunto.
Eu quero primeiro, Ver. Ibsen, quero falar da
versão, na minha avaliação, equivocada que eu tenho visto lá fora. As pessoas
estão pensando que nós estamos votando para cercar ou não cercar o parque. Nós
não estamos votando isso, eu acho que essa é a primeira preliminar que preciso
recolocar, inclusive outros Vereadores colocaram essa questão.
Se essa lei for aprovada, há a possibilidade de
se fazer um plebiscito, para que as pessoas possam se manifestar favoráveis ou
contrárias ao cercamento dos parques. Eu quero dizer que tenho juízo de valor
sobre esta matéria, vou votar pelo plebiscito, mas, em se realizando o
plebiscito, vou fazer campanha pelo “não”, porque tenho uma posição de
não-cercamento. Agora, não vou tirar o direito sagrado da população, e o
plebiscito é um instrumento... Aliás, nós tivemos, logo ali atrás, um
plebiscito sobre a questão do desarmamento.
(Manifestação não-regimental.)
O SR. SEBASTIÃO
MELO: Referendo
ou plebiscito, são todos da mesma família. Agora, é preciso deixar isto com
clareza: nós não estamos votando aqui a possibilidade de cercamento do parque,
nós estamos votando uma lei que, se aprovada, permitirá a realização de um
plebiscito. Ora, o Ver. Carrion entende que há aperfeiçoamento, e eu vi algumas
Emendas, Ver. Carrion, acho que o processo legislativo serve para isso. Se V.
Exª entende que não deve ser feito no processo eleitoral, o.k., acho que
é uma posição a ser avaliada; se V. Exª entende que deve ser feito um
plebiscito para cada parque - excepcional, excepcional! -, que se faça isso!
Eu me lembro, Ver. Professor Garcia, de que
estive lá no Parque da Redenção com V. Exª, numa votação que V. Exª comandou,
eu fui lá e votei “não”, e a Cidade, ali perto do Monumento, estava bastante
dividida sobre isso.
Então nós não podemos tratar isso “xiitamente”.
Nós tivemos, logo ali atrás, uma votação neste plenário, que eu não sei, eu não
me lembro, mas o placar, na sua esmagadora maioria... A votação acerca do nosso
Parque Germânia passou aqui pela Câmara, falava-se sobre a compensação do
loteador, e votaram pelo cercamento do parque muitas pessoas que hoje estão
sendo contra o cercamento. Ou eu estou falando alguma heresia? Ou estou falando
alguma besteira? Não! Então não vamos tratar isso como uma questão
“fundamentalista”.
A Cidade tem muitos desafios, e um deles é a
Segurança Pública. Quero dizer que a questão da Segurança Pública tem um pano
de fundo, que é a questão social, a exclusão, o meio faz o delinqüente, e somos
um País que tem sessenta milhões de pessoas que passam fome. Portanto é um
fator de Segurança Pública. A impunidade é um fator de Segurança Pública. E,
com o Brasil do jeito que está, o Rio Grande do jeito que está, inclusive Porto
Alegre, nós não vamos resolver com cercamento ou sem cercamento a questão da
segurança, nisso eu tenho acordo, com toda a tranqüilidade; hoje pode botar
inclusive cerca elétrica na casa das pessoas que os bandidos estarão entrando.
Essa é uma dura realidade.
Então eu não vou tratar isso dessa forma. Eu
acho que o Ver. Ibsen fez uma proposta - ela é uma boa proposta -, e eu vou
votar “sim”! Eu vou votar “sim”, porque acho que a vontade popular deve ser
respeitada. O plebiscito é uma forma de participação popular, e quem defende a
participação popular também tem que respeitar o plebiscito. Eu respeito o povo
quando o povo vota a meu favor e quando vota contra. Agora, se há correções a
serem feitas, que se façam as correções. O que não dá é para chegar aqui e
dizer que, de um lado, estão os que estão absolutamente corretos, porque
defendem o não-cercamento, que esses são os sérios, são os honestos, são os donos da Cidade. E quem defende o plebiscito
são pessoas que não merecem credibilidade? Não. Eu não vou tratar essa matéria
desse jeito, porque, em aprovado o plebiscito, vou votar pelo “não”, porque não
quero o cercamento do parque; agora, eu não vou tirar o direito de as pessoas
fazerem o plebiscito.
Essa é a minha
posição, mas lembro que há muita incoerência nessa discussão, porque nós
tivemos, logo ali atrás, uma discussão como essa, e muitas pessoas que estão
vindo esbravejar nesta tribuna tiveram posições diametralmente opostas. Eu não
tenho memória curta! As notas taquigráficas e as Atas desta Casa estão aqui, a
TVCâmara está aqui. E as pessoas lembram das mudanças de posições que são
feitas tão rapidamente.
Portanto, Sr.
Presidente, votarei favoravelmente nessas condições, porque acho, Ver. Ibsen -
cumprimento-o pela proposta -, que V. Exa acendeu uma boa discussão nesta
Cidade, acho que, seja qual for o resultado, ganha a cidadania: ganha um
acúmulo de debates e ganha um amadurecimento. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): Obrigado.
O Ver. Ibsen Pinheiro
está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 188/05, como autor.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu estou
convencido de que este Projeto de Lei alcançou o seu principal objetivo: trazer
a discussão para a Cidade e para este Plenário, que há quarenta anos, ou trinta
anos, pelo menos, se divide sem chegar a um caminho. Ao longo da discussão,
algumas falsas questões se colocaram, uma delas pró e contra o cercamento, mas
o que está em discussão é o pró ou contra o plebiscito. Opor-se ao plebiscito é
querer substituir a vontade da Cidade, é impor a nossa opinião. Eu tenho sobre
o cercamento as dúvidas razoáveis que todos têm. Sobre o plebiscito, eu tenho
absoluta clareza: é o povo que deve decidir.
Surgiu uma estranha
tese de que os projetos têm de ser apresentados a pedido. Será que não é um
vício perigoso esse? Os Projetos têm de ter quem os peça, para que o Vereador
apresente? Não é o contrário o que se espera? Que o Vereador decida, com a sua
consciência, o que deve ser objeto de uma tramitação? Olha, há poucos meses,
votamos aqui o cercamento de um parque, e houve um pedido, sim; podemos dar o
nome. A empresa que construiu o Parque Germânia pediu um projeto de lei e foi
atendida. A empresa proprietária da gleba pediu e foi atendida, mas não foi
atendida porque pediu; foi atendida porque era do interesse público a juízo
desta Casa.
Aliás, ouvi aqui o
Ver. Carrion dizer que é contra o cercamento, porque “a praça é do povo como o céu
é do condor”. Ora, só um condor de vôo muito rasteiro para ser obstaculizado
por uma cerca. Mas a considerar o voto do Partido do Ver. Carrion a essa
matéria, porque o PCdoB votou “sim” ao cercamento do Parque Germânia, talvez
devesse o Ver. Carrion modernizar o ditado, dizendo, quem sabe, “o céu é do
povo, e a praça é da Condor”, porque a praça da Condor recebeu o voto favorável
do PCdoB, houve apenas quatro votos contrários da Bancada do PT. Então, da
Frente Popular foram quatro votos contrários, quatro votos contrários em dez.
E hoje vejo a Frente
Popular votando, unidamente, contra o voto popular. A participação popular foi
a bandeira da Frente Popular por dezesseis anos, e percebo hoje que era só uma
bandeira, não era uma prática, não foi uma prática. Porque quem defendeu o voto
de trezentas ou quinhentas pessoas na sede de um clube e combate o voto de
todos os eleitores, em voto secreto, no dia da urna, com seu título eleitoral,
este não gosta de participação popular. Aliás, Ernesto Bobbio dizia uma coisa
que a gente encontra exemplos em toda parte: “Esquerda e direita têm uma coisa
em comum, detestam a democracia, abominam a democracia, e sempre se encontraram
direitistas e esquerdistas opondo-se ao voto popular”.
Ver. Carrion, vivi
para ver V. Exª pedir mais Polícia e menos voto; velho PCdoB de guerra, mais Polícia e
menos voto. Já não se fazem PCdoBs como antigamente, já se vê o PCdoB como a
ala mais moderada do PT. Por isso, Ver. Carrion, vejo, contristado, a oposição
do Partido de V. Exª à consulta popular. E eu respeito àqueles que não querem o
cercamento, mas querem o voto popular. O Ver. Elói Guimarães disse isso da
tribuna, também o Ver. Sebenelo, e o Ver. Melo acabou de dizer a mesma coisa:
opõe-se ao cercamento, mas não quer substituir a vontade popular e quer que ela
se manifeste.
Não sou otimista em relação ao resultado, Srs.
Vereadores, acho que o resultado da votação provavelmente será um resultado
contrário. Vi, com surpresa, o Partido Democrático Trabalhista anunciar a sua
posição contrária e vi um reencontro da Verª Neuza Canabarro com a Bancada da
Frente Popular. Parabéns, Vereadora, por essa convivência tão recente e tão
gratificante para Vossa Excelência.
Mas registro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
que o objetivo principal este Projeto alcançou, trouxe a discussão para o
Plenário e para a Cidade, revelando a face dos que se opõem à manifestação
popular. O cercamento é legítimo. Que a ele qualquer um se oponha com qualquer
argumento. Agora, dizer que o povo não pode decidir é dizer que o povo não sabe
votar. Hoje escutei o Ver. Todeschini dizer, num programa de televisão de que
eu participava, que o voto fica muito complexo, muito complicado: “Tem que
votar para Presidente, para Senador, para Governador, para Deputado Federal, para
Deputado Estadual e, depois, ainda votar ‘sim’ ou ‘não’ num plebiscito”. Ora, é
a conclusão do Ver. Todeschini de que o povo não sabe votar.
Por isso, vejo contristado que provavelmente se
montou uma maioria nesta Casa contra a maioria, contra a vontade do povo, da
Cidade, que poderá, com toda a certeza, decidir pelo “sim” ou pelo “não,
soberanamente; e o povo vai ser substituído, nessa manifestação, por uma
maioria de ocasião no Plenário desta Casa. Vamos colher o resultado
provavelmente negativo, com a convicção de que o trabalho serviu, e serviu, sem dúvida, para mostrar a verdadeira face da participação
popular, que gosta de tudo, menos de participação popular. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr.
Goulart): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
A SRA. NEUZA
CANABARRO: Exmo Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart;
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, todo o público que nos acompanha
nesta tarde, eu vim aqui, em nome da nossa Bancada, para dizer que nós temos
consciência do momento que vivemos, momento em que há uma crítica pelo
faz-de-conta, pelo não faz nada, pelas homenagens, pelos títulos, pelos nomes
de rua. Ouvimos aqui uma pessoa que tem de ser respeitada, o Ver. João Antonio
Dib, que disse que não há necessidade de se votar mais uma lei instituindo um
plebiscito para o cercamento dos parques, porque o plebiscito já está aprovado,
já existe essa lei, que é do Ver. Professor Garcia, dizendo que, quando se
tiver o objeto, a população deve ser consultada. (Palmas.)
Por essa razão, quero
dizer aos senhores que sou uma mulher muito sofrida, mas não sou rancorosa, nem
raivosa, porque estou de bem com a vida, eu sou bem amada, tenho saúde e tenho
família. (Palmas.) E cheguei aqui desarmada de qualquer ódio e de qualquer
rancor, mas firme na minha convicção.
Isso que o Ver. Ibsen
disse aqui, de estar admirado, isso é baixaria, isso é picuinha e não existe no
meu coração! (Palmas.) Eu me dou muito bem com os Vereadores do PT, sim, em
relação de amizade; podemos estar, em determinados momentos, em outros lados,
mas não vou cultivar, aqui, ódio ou rancor, tanto é que não uso esta tribuna
para pisotear pela situação nacional, embora saiba e lá no fundo diga: “Nada
melhor que um dia depois do outro”.
Eu padeci pela
reforma de um banheiro e hoje padeço por muito mais, mas não faço isso,
ponho-me no lugar de cada um deles que lá, no seu idealismo, acreditaram e hoje
também estão sofrendo. Por essa razão eu digo: nós não queremos enrolação, Ver.
Ibsen, não queremos passarela, nós queremos trabalho, e não é isso que V. Exª
está propondo, porque um plebiscito já consta em lei.
Nós vamos votar contra. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Paulo Odone está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 188/05.
O SR. PAULO
ODONE:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, faço questão de
dar a minha posição aqui. Estou encaminhando inscrito pela minha Bancada, mas
não é uma posição de Bancada, é minha posição.
Primeiro, quero registrar que admiro a coragem
de o Ver. Ibsen enfrentar as pressões com as quais nós estamos acostumados na
vida parlamentar, mas nem sempre são as representativas do universo da
cidadania, que a gente tem obrigação de contemplar nos nossos objetivos, nas
nossas ações de parlamentar.
O Projeto do Ver. Ibsen propõe uma consulta
popular. Se já está prevista em tese, está propondo, objetivamente, sim, para
os parques com mais de cinco hectares. No mérito, eu sempre fui muito
resistente a qualquer tipo de cercamento de parques. Quando esse assunto veio à
baila, e forte, com relação ao Parque da Redenção, eu visualizava o Parque da
Redenção e não queria, em princípio, o ver cercado. Há uma sensação psicológica
nossa de que estamos perdendo espaço para a violência, para os fora-da-lei nas
nossas casas, nos colégios, em tudo. Hoje eles estão dentro dos nossos
colégios, as armas estão dentro dos colégios, a droga está dentro dos colégios.
Nós estamos perdendo a batalha.
Eu já estive, por exemplo, em Londres. Se alguém
tem essa barreira psicológica de que estamos afastando o parque das pessoas,
lembro que talvez poucos parques sejam tão democráticos e tão usados pela
população quanto o parque londrino, que tem seus portões absolutamente abertos
durante o dia inteiro, rigorosamente, no horário demarcado, e, quando cai a
noite, os portões são fechados no horário marcado, e ninguém mais permanece
dentro do parque a não ser a vigilância, a segurança. Se alguém ficar, vai ser
autuado e, na frente da Corte, terá de dizer por que violou o regulamento.
E você entra num parque londrino de dia, e a
população está lá, como se estivesse na praia, tomando sol, usando a grama, o
espaço, mas não há um centímetro depredado. E não é que lá não tenha drogado,
marginal, quem queira se aproveitar das liberdades da sociedade, mas
rigorosamente o parque abre e fica democraticamente aberto à população e, de
noite, fecha. Mas me balançou... O Parque da Redenção não consegue manter uma
torneira, um chafariz, e você caminha, às vezes, em cima de meio metro de
seringas, ele é, sem exagero, talvez o abrigo das atividades fora da segurança
e fora da lei. Então, a proteção do parque à noite - não nossa proteção - pode
ser o motivador daquele voto “sim” em qualquer consulta popular.
Agora, também não me passa pela cabeça, no
mérito do Projeto do Ver. Ibsen, que se vá fazer consulta, por exemplo, sobre o
Parcão, que é atravessado pela Av. Goethe, que tem rua em todo o seu entorno,
que tem, pelo contrário, excesso de movimento ao seu redor e que não tem uma
extensão suficiente para isso. Por isso, o Ver. Professor Garcia entrou com uma
Emenda restringindo o Projeto à consulta sobre o Parque Farroupilha.
Eu não decidi no mérito o meu voto e, se me
posiciono a favor da consulta em tese, que é a consulta que se quer que seja
feita à população, gostaria, Ver. Ibsen, de vê-la reduzida ao Parque da
Redenção, conforme a Emenda do Ver. Professor Garcia, até porque é o que
justifica a sua preocupação. E o senhor citou aqui a grande polêmica do Paulo
Sant’Ana, de programas de rádio, etc., que focavam Redenção, Redenção, Redenção
e Parque Farroupilha.
Então, não é verdade que não exista uma demanda,
uma interrogação popular sobre isso. O mérito do Projeto é provocar que se faça
essa demanda! É por isso que defendemos esse direito de fazer a consulta
democrática para algo que, sim, há interrogação, até para saber se a demanda é
real ou não. Eu acho que nós deveríamos dar a oportunidade para que ele seja
feito. Então, o meu voto “sim” ao Projeto é o “sim” com a restrição, com o
“sim” à Emenda do Ver. Professor Garcia, para que a gente possa contemplar isso
que é o fulcro da indagação. E ninguém vai poder repetir que não há demanda;
há, sim, a de saber se cercamos ou não a Redenção. E eu quero decidir no
debate, com as diversas parcelas da população, com a sociedade, com a cidadania
lá. E o Projeto aprovado me oportunizaria isso.
Então, Ver. Ibsen, é uma pena que nós não
tenhamos acordado para que se restringisse, como substitutivo, apenas à área do
Parque da Redenção, mas, ainda assim, pela inspiração democrática de fazer a
consulta sobre esse ponto nevrálgico, e
ninguém aqui tem certeza se há ou não demanda popular, eu vou votar “sim”, para
que haja essa oportunidade. E faço um apelo aos que votarão “sim” e aos que
votarão “não”: ajudem depois, votando na Emenda do Ver. Professor Garcia para
restringir a matéria ao Parque da Redenção. Essa é a minha posição clara e
transparente. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Dr. Goulart): Muito obrigado, Excelência.
Faço a orientação para a votação: primeiro
votaremos o Projeto de Lei, ressalvadas as Emendas, que serão votadas uma a uma
- Emenda nº 01; Subemenda à Emenda nº 01, destacada; Emenda n° 02, também
destacada. Depois, as Emendas não destacadas. E não poderão ser encaminhadas,
portanto, a Emenda nº 03, a Emenda nº 04, as Emendas nºs 05, 06 e 08, uma vez
que a Emenda nº 07 foi retirada.
Se por acaso na votação da Emenda nº 01 houver
rejeição, nós mostraremos como ficará o quadro. E, aprovado, também mostraremos
o quadro.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
Professor Garcia, o PLL nº 188/05 com ressalva das Emendas e Subemenda.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO
por 11 votos SIM e 17 votos NÃO.
Declaração de Voto do Ver. Elói Guimarães, que
votou “sim” (Lê.): “Sou contra o cercamento de parques, praças, etc., como
regra; portanto o cercamento deve ser a exceção, justificando-se naqueles casos
em que a área de ‘uso comum do povo’, pelas suas características de circulação,
recomendem controles e monitoramentos. Votei favorável ao Projeto, que visa
consultar a população se quer ou não cercar os parques, e não votei, como não
se votou, Projeto para cercar este ou aquele parque, Farroupilha, etc, etc. Ver.
Elói Guimarães.”
Declaração de Voto do Ver. Professor Garcia que
votou “não” (Lê:): “Este Vereador é favorável ao plebiscito e contrário ao
cercamento. Entendo que a população tem todo o direito de decidir o que quer.
Pois é de autoria deste Vereador a alteração, no Código de Posturas, prevendo
que, para cercar algum parque ou largo em Porto Alegre, somente com plebiscito,
consultado o Conselho de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. O Projeto de Lei
em tela não especifica qual o parque, mas possibilita que vários parques
superiores a 50 mil metros quadrados possam ser ou não cercados. Este Vereador
entende que o plebiscito neste caso fica muito complexo. Como não houve acordo
nas Emendas, este Vereador não teve outra opção a não ser votar contrariamente.
Ver. Professor Garcia, Vice-Líder do PPS”.
O SR. MARIO FRAGA: Sr.
Presidente, eu quero aproveitar que a imprensa está presente para dizer que são
20h20min, nós temos 29 Vereadores presentes na Casa, votamos diversos Projetos,
e nenhum deles para atribuir nome de rua. Meus parabéns, Presidente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado,
e faço questão de fazer as palavras do nosso Ver. Mario Fraga as palavras desta
Presidência.
Agradeço o trabalho de todos os Vereadores até
esta hora. Desejo-lhes um bom final de dia e os convoco para amanhã, às 14
horas, recomeçarmos os trabalhos nesta Câmara.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 20h21min.)
* * * * *